Há algumas semanas o "blogmarketeiro" Sergio Pavarini lançou um livro usando o título homônimo à música de O Rappa. Não li, mas deve ser um bom livro, pois o "Pava" é um cara inteligente.
Esta afirmação "a minha alma está armada" é bem aplicada a muitos cristãos evangélicos. A minha mesmo já esteve beeeemm armada há um tempo. Eu a estou desarmando aos poucos. Os blogs, perfis no Facebook e o tuítes têm revelado a nossa alma armada. A democratização possibilitada pelos espaços na Internet permite-nos abrir o paiol quase que em tempo real.
E o que encontramos? Ataques, fogo cruzado. Gente atacando gente, crente atacando crente, lavando roupa suja globalizadamente. Pessoalmente sou contra ataques pessoais. Discutir ideias, posicionamentos, entendimentos, sim; mas dói ver irmãos denegrir a imagem de pessoas com as quais não concordamos ou não as quais não pensam como nós.
Vejo essa prática muito enraizada na ala da Igreja que se diz apologética. Penso haver certa confusão sobre o que é apologética. Apologética era, nos primeiros séculos do Cristianismo, a atividade de defesa da fé frente aos pensadores de fora, não aos de dentro. Discussão interna era chamada polêmica, e o cristianismo teve lá seus bons polemistas, que não necessariamente ficaram conhecidos como apologistas.
Alguém dirá: "Mas fulano escreveu uma heresia grosseira!" Não vejo isso como motivo para atacar ninguém publicamente, não nós cristãos. Lembro de ter lido Jesus dizendo que, nalguma ocorrência com irmãos, chame-o à parte e... Mostre uma linha do Novo Testamento ensinando a "delação premiada". Além do mais, penso que mesmo a defesa da fé deve ser feita junto aos irmãos da própria igreja. Se alguém está de fato preocupado com tal e tal heresia de fulano e beltrano, que ensine na sua igreja o que entende ser o certo. Ponto.
A mim essa jogada de espalhar penas no alto do morro cheira a endomarketing, recurso muito usado para atrair acessos a blogs e seguidores no Tweeter, amigos no Facebook. Falar mal dos outros dá audiência.
Eu sei que dá. E antes que alguém recorde o imbrólio "Myles Munroe" que participei ano passado, eu mesmo antecipo. O artigo que escrevi acusando as deficiências teológicas pregadas por ele na igreja a qual eu era responsável pela Escola Dominical foi escrito para responder aos muitos questionamentos que me foram feitos sobre a mensagem. A proposta era dar uma resposta aos meus alunos (tínhamos quase quinhentos na EBD). Além do mais, meu blog nunca teve lá tantos seguidores. Mas o artigo descendo o sarrafo no gringo rendia mais de cem acessos diariamente (quando a média era dez, doze). Pensei que a Globo me contrataria. Resolvido o caso, pessoalmente retirei o texto, mas jamais fiquei imploranto a ninguém para "retuitar, pelo amor de God".
No Tweeter eu deixei de seguir um que fazia isso a cada dez minutos, mas tenho visto outros tantos seguindo a mesma cartilha. E o Gondim tem sido o boi de piranha. Hoje escrevi que os adversários dele estão dando tiro pela culatra atacando-o incessantemente. Não demorou para eu ser atacado. Agora eu, que não sou advogado do Gondim, mas fiquei injuriado com a exegese que fizeram das suas declarações, também virei alvo da alma azeda (para usar a expressão gondiniana) e armada. Vi num blog (mas não tive estômago para ler) uma verdadeira exegese dos artigos do Gondim. O autor fez como um comentário bíblico: a citação em destaque e o comentário, alinhavado com remissões e citações outras. Impressionante!
Mas eu não estou falando mal do Gondim; é bom esclarecer desde já, antes que façam HEREgese do meu artigo também. Eu acabei de relançar dois livros dele, que eram de outras duas editoras e vou lançar mais um. Como posso atacar o autor?
Faltou algo para fechar a conta.
Faltou um pouco de paz. Falta paz, entre outras coisas, a nós cristãos. Nós não somos pacificadores, somos manipuladores e desagregadores. E temos sido conhecidos por isso, essa é a imagem que temos passado para os de fora, não a imagem da unidade constante da oração de Jesus em João 17.
Eu quero paz, ao menos com os domésticos da fé.
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