sexta-feira, 29 de abril de 2011

Não leia a Bíblia e alimente o mal

Recentemente escrevi um post sobre a impossibilidade do ateísmo, da não-crença em Deus. Sobre a necessidade de estudar as Escrituras com critério, serenamente, com equilíbrio, um sem número de posts aqui neste espaço.


Agora quero destacar um dos motivos, apenas um. Lendo o artigo abaixo você saberá que uma organização ateísta prepara para os próximos 21 e 22 de maio uma manifestação para zombar – essa é uma palavra adequada – dos cristãos que crêem e aguardam o arrebatamento.

Tudo porque um grupo cristão nos EUA tem anunciado o mundo acabará – vejam só, nem a Bíblia diz isso! – nesta data. Nem o mundo acabará, nem qualquer pessoa pode marcar data para o arrebatamento, uma vez que não há base bíblica para isso. Jesus disse clara e nitidamente que ninguém sabe o dia nem a hora do arrebatamento. Há sinais? Sim, já falamos sobre eles e temos falado, mas daí a marcar data é dar munição para que grupos como esses, além de outros que não suportam o cristianismo nem a ideia de um futuro juízo de Deus armem esses tipo de ataque que serve apenas para desacreditar o verdadeiro evangelho.

Não estudar a Bíblia dá nisso. Ignorância, engano e escárnio, para todos quantos não se dão ao trabalho de fazer, no mínimo, a lição de casa.


Grupo ateu prepara manifestação para ‘dia do arrebatamento’ nos EUA

Contestando profecias que pregam que o mundo acabará no dia 21 de maio a campanha ateísta diz que essa crença é absurda

Ateus planejam festa para o “dia do arrebatamento” Organizações ateístas dos Estados Unidos resolveram se manifestar contra anúncios feito pela Family Radio que apregoa que o arrebatamento acontecerá no dia 21 de maio.

A contracampanha colocou outdoors em algumas cidades como Oakland, Califórnia, onde funciona a sede do ministério, afirmando que essa mensagem divulgada pelo ministério de Harold Camping é absurda.

O texto dos ateístas diz: “Arrebatamento: Você sabe que é absurdo. Há 2000 anos esperando que aconteça a qualquer momento”.

Para mostrar a descrença na profecia da Family Radio os ateus americanos estão marcando “celebrações do fim do mundo” que acontecerão nos dias 21 e 22 de maio. De acordo com o site American Atheists, na chamada “festa do arrebatamento” as pessoas serão convidadas a “aprender a verdade”. Essas celebrações ocorrerão também em Houston, Texas, e Fort Lauderdale, na Flórida.

“Isso mostra como a religião machuca as pessoas”, explica David Silverman, presidente do American Atheists. “Nossa esperança é que aqueles que não são facilmente enganados aprendam com as pessoas que são”.

Fonte: CREIO/Pavablog

Teologia é para todos e desde cedo

Encontrei (ou fui encontrado?) a Cristo num ambiente pentecostal clássico. Durante os primeiros momentos da nova fé, ouvia que estudar teologia extinguiria a ação libertadora e avivadora do Espírito Santo. Nada mais ignorante. Fazer teologia é, primariamente, buscar a Deus conforme ele revelou-se nas Escrituras; é a busca pela compreensão de quem ele é e de como pensa e age em relação à sua criatura e sua criação. Assim, a busca pelo Deus que se revela através de sua palavra não pode, de forma alguma, ser nociva.


Vincent Cheung escreveu que “não há propósito maior para o homem senão o de conhecer a Deus.” E “visto que Deus se revelou através da Escritura, conhecer a Escritura é conhecê-lo, e isto significa estudar teologia”.

Qualquer pessoa que queira servir a Deus seriamente, ainda que seja em uma pequena igreja de bairro necessita, no mínimo, de uma teologia básica, diretrizes para que o seu serviço seja feito de acordo a Palavra de Deus.

Nada pode ser feito sem uma noção mínima ou fundamental de teologia:

- não podemos crer
- não podemos evangelizar
- não podemos pregar
- não podemos ensinar
- não podemos sequer orar sem conhecimento teológico.

Sim, não podemos nem mesmo orar e esperar uma resposta da oração sem uma noção de teologia. Uma vez que João disse que o Senhor responde e atende orações feitas segundo a sua vontade, sem conhecer esta vontade toda e qualquer oração fora deste enfoque é pura perda de tempo e caminho seguro para o desânimo e até mesmo o abandono da fé:

“Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a vontade de Deus, ele nos ouvirá.” (1Jo 5.14)

Em Romanos 10.13-15a, um texto aparentemente simples, apropriado para um culto ou trabalho evangelístico, há uma proposição teológica: “Porque ‘todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo’. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?”

Paulo dá destaque à necessidade de aprender a verdade de Deus para pregá-la e levar outros a crerem. E de que maneira isto se dá? Estudando as Escrituras de maneira organizada e dirigida, sistemática, e isso implica em fazer teologia. Teologia, como sabemos, nada mais é do que o estudo “de Deus” ou “sobre Deus”. Estudo de modo amplo, dentro do ambiente das Escrituras, entendendo o sentido que ela orienta e permitindo que ela fale (estudo indutivo) e não buscando apoio bíblico para um pensamento próprio ou premissa falsa da qual a Bíblia não ensina ou nada diz.

Assim, estudar teologia é uma atitude esperada de todo cristão desde os primeiros passos, chamado discipulado, quando alguém já amadurecido irá conduzi-lo, tomando-o pelas mãos e fornecendo as ferramentas para que o discípulo possa crescer e aprender a crescer na graça e no conhecimento de Deus. “Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens.” (Lc 2.52)

Fica o meu agradecimento especial ao Pr. Orlando Silva, quem discipulou-me e ensinou os primeiros passos na fé, no início da década de 1990.

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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Liderança do Reino de Deus no Novo Testamento

“Podemos considerar a unidade em diversidade quanto à forma do reino de Deus. Desde Adão até Abraão, Deus dirigiu os interesses da nossa raça, sem qualquer organização visível de uma igreja distinta e separada do mundo em geral. Desde Abraão até Moisés, a igreja de Deus, empregando este termo em sentido geral, existiu sob a forma patriarcal. Com o começo da dispensação mosaica ela foi transformada num Estado, cujo chefe supremo e legislador era Deus, enquanto os magistrados ocupavam debaixo dele todos os cargos civis e até traziam a espada. Quando Cristo veio, ele separou a igreja do Estado, dando à Igreja a sua organização atual com o caráter espiritual e universal. Em toda esta diversidade de forma exterior reconhecemos o desenvolvimento de grande e harmonioso plano.” (E. P. Barrows)


Em Lutero, que seguiu grupos pré-reformistas desde o século nono, encontramos o reflorescimento do “sacerdócio universal de todos os crentes”. Que as partes compõem o todo, não é novidade. O destaque é que a igreja difere dos formatos anteriores no modo como levanta os líderes. Em todo o Antigo Testamento, só alguns poucos recebiam o Espírito Santo quando eram comissionados por Deus no exercício de alguma função ou atividade (sacerdotes, reis, profetas, artífices, músicos). Já no Novo Testamento, o Espírito é dado a todo o povo (Jl 2.28), sem distinção nem medida, e com o Espírito vêm os dons para o exercício do ministério (1Co 12.4-6). Cristo é o cabeça e ninguém contesta isso. O Senhor mantém-se no poder sobre o seu povo (1Co 12.11) e distribui dons para a manutenção do próprio Corpo: “...com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado” (Ef 4.7-12). Este último texto fala que a uns cabe preparar os outros para servirem no ministério. É um trabalho coletivo, de caráter complementar, e nunca foi (ao menos no sentido bíblico) de separação entre “nós e eles”, “nós ungidos e eles o povo”. Ao contrário, em 1Corintios 1.21,22 Paulo diz que todos temos a unção.

Portanto, o “chegar lá”, o destacar-se ou não no meio da multidão não é tarefa humana, individual, nem ao menos depende – do ponto de vista bíblico – da porta que alguém abre ou do carisma e da influência de uns sobre outros; quem abre e fecha portas é o Senhor: “... é Deus quem efetua tudo em todos” (1Co 12.6; Ap 3.7). Falando sobre o serviço na Igreja, Paulo diz: “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer; de modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus, que efetua o crescimento (1Co 3.6,7). Os grandes Impérios do passado que o digam. E que a história continue ensinando àqueles que podem e querem aprender com ela.

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segunda-feira, 25 de abril de 2011

A Igreja como Corpo e Família

Gosto muito da metáfora usada por Paulo para referir-se à Igreja, em 1Corintios 12, quando ele fala da Igreja como um corpo e seus membros, seus relacionamentos e suas funções.


O Corpo de Cristo tem muitos membros, cada qual com sua função bem definida. Fazer a sua parte ou exercer a sua função é o que cabe a cada membro, pois que todos estamos ligados diretamente à cabeça que é Cristo. Como é no corpo físico, assim é na Igreja. O membro está ligado à cabeça – Cristo – ao cérebro da Igreja. Quando o cérebro envia um impulso elétrico à mão, o braço não pode impedir a mão de mover-se. Assim é na Igreja evangélica. Nós não temos “papas” que funcionam como mediadores entre os membros e a cabeça: “Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo.” (Hb 10.19,20)

Nós, membros do Corpo, todos temos o Espírito Santo, privilégio que Israel não tinha (Jl 2.28) e temos diferenças também. Diferenças que fazem do Corpo uma diversidade na unidade. Pensar diferente é privilégio do Corpo, já que o braço direito faz suas atividades de modo diferente do braço esquerdo, mesmo sendo braço, mesmo sendo do corpo. No entanto, faz o que faz pensando no bem comum, no bem do Corpo, ao qual está ligado.

Pensar diferente não é errado, desde que pense no Corpo, em prol do Corpo, no Reino de Deus, e no bem coletivo. Não são todos que entendem isso. Para alguns, pensar diferente é ser contra, opositor, quando não uma ameaça. Mas no Corpo não é assim, se é que todos estamos no Corpo. Paulo, quando falou de aspectos do casamento, por exemplo, disse que havia posições diferentes à dele, mas ele alegou: “... e penso que também tenho o Espírito de Deus”. (1Co 7.40) Claro que Paulo sabia que tinha o Espírito de Deus como admitia que seus interlocutores também o tivessem, mas sua afirmação foi retórica, para mostrar que há considerações a serem feitas em função das distinções que não irão comprometer o todo, o Corpo.

Assim, dentro do Corpo, é saudável e desejável a discussão de ideias, o debate maduro e o diálogo entre seus membros. Qualquer posição unilateral, arbitrária, autoritária destoa e muito do discurso cristão. Por isso a Bíblia também chama a Igreja de família, pois ela, a família, como a Igreja, propicia o envolvimento, a convivência, a união em unidade, tudo aquilo que a Igreja deve ter. A sua igreja é assim?

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terça-feira, 5 de abril de 2011

A nova metáfora para o cristianismo

Este é um texto apócrifo, diferente de 1Corintios 12, quando Paulo usou a metáfora do corpo para representar a Igreja, as múltiplas funções de seus membros e sua interrelação. Quero propor uma metáfora para o Cristianismo brasileiro, a do vestuário. Assim como o corpo é formado por diversos membros, assim cada membro é vestido por diversas peças de roupa; desse modo, a Igreja é revestida por peças de vestuário, se da moda “não sei, Deus o sabe”.


De baixo para cima temos, na Igreja, os tênis que, quando estão limpos são como jeans – servem para toda ocasião, mas quando estão sujos, nem mesmo os meninos devem usá-los.

A Igreja é vestida de calças jeans, peça básica, cai bem com tudo. É resistente, serve para todos os dias. Vão bem com camiseta, camisa, paletó, jaqueta; tudo vai bem com o jeans.

As calças jeans, por sua vez, têm bolsos. Você é “crente-bolso”? Os bolsos gostam de estar cheios de alguma coisa, não! A vestimenta da igreja tem bolsos também. E também tem cuecas. Crentes-cueca. Paulo falou de partes do corpo que precisam ser vestidas com mais honra (1Co 12.23). Para isso temos os crentes-cueca.

As vestes são uma metáfora das denominações, das diversas orientações teológicas à disposição – as “alas” da Igreja, as alianças em prol da preservação disso e daquilo, as comunidades, os conselhos e convenções humanas. Isso tudo nada mais é do que peça de vestuário para cobrir o verdadeiro corpo, do qual Cristo é a cabeça. Quer ver o corpo? Desnude-o. Peças de vestuário ficam sujas de tempo em tempo e precisam ser trocadas – o Corpo sempre estará lá. As peças de roupas saem da moda e não as usamos mais no ano que vem. Como escreveu um autor já demonizado em nosso meio, são “uniformes e cosmético evangélico”. Mas o Corpo estará lá.

A minha metáfora ilustra a atual situação da Igreja brasileira e sua teologia (ou falta dela). Estamos defendendo muito as vestes mas o que está ligado à cabeça são os membros do Corpo, não suas vestes. Mesmo os grandes expoentes que alardeiam defender a pureza, a doutrina, a tradição ou qualquer outro aspecto relacionado ao corpo, está na verdade dizendo: “Gosto mais de camisa do que de camiseta”, ou “Prefiro tênis a sapato”. Não estão defendendo a Igreja – de forma alguma, mas aquilo que as reveste e dá a sua aparência.

Não acredito em 90% desses movimentos surgidos nos últimos anos ou meses (nem em muitas tradições mais centenárias) alegando serem guardiões da verdadeira Igreja (eleita ou não) e sua doutrina. E tenho evidências pessoais e experiências suficientes no trânsito entre esses grupos para fazer esta afirmação.

O que Paulo indicou como sendo o verdadeiro Corpo de Cristo são seus membros, não as roupas que os vestem. O que elas encobrem é o que vale a pena. Ao apresentar-nos ao Senhor naquele dia receberemos novas vestes, as velhas roupas ficarão aqui, serão descartadas como inúteis. O Corpo, no entanto, é o que será regenerado na Sua vinda para estar para sempre com o Senhor.



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