sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Transforme suas férias em retiro espiritual

A proposta deste artigo é simples: aproveitar a mudança que as férias promovem na rotina e dar a devida atenção a nossa vida espiritual. Sabemos que muitos de nós passamos o ano todo procurando tem e espaço na agenda para dedicarmo-nos a oração e leitura da Bíblia, isto é, ter mais tempo para o Senhor.


As férias, mesmo que uma semana ou duas de descanso, são a melhor oportunidade anual para reprogramar nossas prioridades, rotinas, hábitos, colocar as coisas em dia, mudar costumes, enfim, um verdadeiro presente de Deus. E isto não funciona somente com as coisas que fazemos na área profissional, familiar ou pessoal. O âmbito espiritual não pode ser negligenciado neste período.

Como teremos mais tempo de folga, podemos fixar um tempo para rever nossa vida devocional, o que inclui oração e leitura e reflexão sobre porções da Bíblia – ou mesmo iniciar a leitura de toda a Bíblia – coisas que sempre queremos fazer, mas... nunca dá!

Quando fala em “fixar um tempo para nossa vida devocional”, isso não significa um tempo fixado rigidamente – tem que ser nessa hora, embora seja imperativo que este tempo seja diário. É possível fazer concessão de um período, cedo, a tarde – evite a noite, pois você pode estar cansado e saí já sabe o que acontecerá. Pessoalmente gosto de fixar esse tempo num horário determinado para não cair numa armadilha. Quando fazemos “muitas concessões” com o horário, assim que retornamos de férias as concessões são transformadas em “dispensas”, do tipo “ah, amanhã eu faço”. E aí você também já sabe o que acontece.

Outra dica importante é a da sede. Não vá com muita sede ao pote, pois você pode ficar enojado. Não queira orar uma hora todos os dias no início. Também não queira sair lendo um livro todo da Bíblia em uma só sentada, nem uma porção enorme de capítulos. Vá no seu ritmo e só aumente quando o seu próprio corpo pedir isso. Nesse caso, ser guiado pela emoção não é um bom negócio, como em outros muitos casos.

A proposta de um retiro espiritual é ser afastado da rotina diária dos trabalhos, estudos e dia-a-dia. Num retiro temos contato com coisas importantes que são negligenciadas por muitos de nós e aí ficamos encantados, queremos admiti-las em nossas vidas e os retiros funcionam como disparador dessas propostas que ficam ocultas em nossa mente e coração.

A proposta de transformar as férias em um retiro é exatamente essa: dar início, disparar o nosso desejo e hábito por coisa que queremos fazer mas que nunca nos programamos para elas. Assim, com a prática e exercício diárias de leitura da Bíblia – e por que não livros também? – e oração, quando retornarmos para as nossas obrigações, já incorporamos a vida devocional á nossa própria vida e aí é só uma questão de reajuste, de continuar fazendo aquilo que demos início, de encontrar um horário mais adequado. Mas o importante é o início.

Não perca esta oportunidade preciosa que temos. Afinal de contas, Deus mesmo criou um dia da semana para o homem dedicar ao descanso e a devoção espiritual a Ele. As férias são como uma renovação desse período, quando podemos readequar nossas vidas, refletindo sobre o que realmente faz sentido e tem valor. Faça isto!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A hora em que o crente perde

Ontem aconteceu uma coisa que chamou a minha atenção. Eu estava aconselhando alguém de meu convívio sobre um problema que a pessoa teve com seu vizinho. Para isso, citei um texto bíblico que eu mesmo uso como base para resolver problemas que, vez ou outra, eu também tenho. Nenhum vizinho é perfeito!


Mas percebi que ao citar um texto bíblico, aquela pessoa se mostrou avessa ao que eu disse, e alegou haver outro texto na Bíblia que ensina o contrário. Ora, me pareceu uma grande estupidez aquela conversa, uma vez que tentava resolver, ou pelo menos ajudar, o problema daquela pessoa. Somos da mesma igreja, temos a mesma fé!

Entendo que aconselhar é tentar mostrar algo que a pessoa aconselhada ainda não conseguiu ver, seja qual for o motivo. Uma vez que a pessoa consegue ver o que antes estava impedida de ver, pode tomar decisões com mais segurança, com maior clareza.

Isso também implica em conseguir reconhecer a vontade de Deus para cada caso. Todos nós queremos estar no centro da vontade de Deus. Afinal, Paulo disse que é a melhor coisa a fazer, pois a vontade de Deus “é boa, agradável e perfeita” (Romanos 12.2).

Mas o aconselhamento apontava para uma disputa em que eu não queria entrar. Calei-me, é lógico. E hoje, refletindo sobre o que aconteceu, lembrei-me de ensinos bíblicos que orientam a recuar – a palavra certa é perder – para ganhar.

O crente “perde” a sua vontade e o que ele ganha com isso é muito maior do que se fizesse aquilo que queria fazer. Duas evidências disso são o caso de Paulo e o de Jesus. Paulo disse: “E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo”. (Filipenses 3.8)

Duas vezes Paulo fala em perda, e as compensa com uma vantagem maior, que é “a excelência do conhecimento de Cristo Jesus” e “ganhar a Cristo”.

Outro caso é o do próprio Senhor, que, chorando no jardim do Getsêmane, orou a famosa frase: “Meu Pai, se é possível passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres”. (Mateus 26.39) Jesus estava, na verdade, abrindo mão da sua vontade, “perdendo” a sua vontade, para ganhar a vontade do Pai.

A cruz é, aos olhos da maioria das pessoas, a perda maior. Ser crucificado era, naquela época, a maior vergonha a que um prisioneiro poderia ser submetido. Cristo sabia disso. Mas preferiu perder a sua honra para ganhar a que o Pai tinha para lhe dar.

Concluindo, perder para ganhar não é algo fácil. Nunca sabemos, ao certo, quando nem quanto ganharemos por perder nossa vontade em troca da vontade de Deus. Certamente é esse o motivo porque tão poucas pessoas conseguem entender a vontade de Deus. Mas ela continua sendo “boa, agradável e perfeita”.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A Igreja não tem problemas, que os têm somos nós

Quero tocar no tema novamente, mesmo – repito – não tendo procuração nem sendo advogado da Igreja (tratei de um aspecto desse tema no artigo A Semântica da Igreja).


Ao importar os modelos de igreja dos norte-americanos, trouxemos à reboque os problemas culturais e as expectativas dos gringos. Pragmatismo e sua sombra capitalista, Destino Manifesto, o geocentrismo que eles alimentam. Na década de 90, o próprio Carl Sagan em seu livro póstumo O mundo assombrado pelos demônios já apontava a ignorância daquele povo sobre tudo além de suas fronteiras e de seu umbigo.

Muito bem, aceitamos uma carroceria de Ferrari tendo um chassi e motor de Fusca. O sonho e o modelo eram deles, a realidade e a fraqueza eram nossas. As teologias, os modelos de crescimento de igreja, a alegada e incompreendida “Lei da semeadura” que faz enriquecer... tudo! Esse “kit felicidade”, num país pobre, mas emergente, com parte da pretensa liderança cristã ansiosa por poder e dinheiro, não poderia gerar outro tipo de gente e de igreja que essa anomalia que temos visto. Sim, o ajuntamento de crentes nos últimos anos não se configura a Igreja, mas desfigura-se em grupos sociais que precisam encontrar outro rótulo, porque não são crentes em Jesus. João disse que os que são de Cristo devem andar e viver como Ele andou.

Ouvi um pregador dizer: “Hoje vou ensinar o segredo para tirar os tesouros do céu e desfrutar aqui na terraaaaa!”. E “a platéia” aplaudiu! Aplaudiu por quê? Porque não eram cristãos. Se fossem, teriam reconhecido prontamente que a proposta do pregador é anticristã, é antibíblica, já que Jesus ensinou exatamente o contrário: “Não ajuntem aqui... mas no céu”.

A Igreja é a obra que Jesus disse que faria. Ela, a Igreja espiritual, que reúne cristãos, salvos, piedosos, esse organismo místico, invisível, não pode ter problemas, porque ela é a solução para o cansado e sobrecarregado. Igrejas não são denominações, não são programas. Mas as denominações, os moldes humanos, os programas de gestão e expansão, o “show gospel” e tudo o mais que fazemos e implantamos, isso sim tem problemas. Nós é que criamos e mantemos e nos afundamos em problemas, não a Igreja. O problema está em nós e em nossa ambição. A Igreja está bem, sempre esteve, e é com ela que o Senhor fará a sua cerimônia de núpcias; mas os “simpáticos” à Igreja, esses sim é que têm problemas.

Não podemos confundir o organismo espiritual com a instituição humana. Pior: não é justificável sair daqui para ali, pois enquanto estivermos nesse corpo, nada mudará radicalmente. Como Lutero, devemos querer reformar a igreja (instituição humana e temporal) de dentro para fora. Com todo o joio em seu meio, o Senhor ainda está no controle e não autoriza a poda da semente indesejável enquanto Ele mesmo não fizer isso (Mt 13.28-30). O ajuntamento humano é necessário (Hb 10.25) e, segundo Paulo, suportar os fracos é evidência da fraqueza dos fortes (Ef 4.2).

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Duvidar, uma atitude de fé

Este é o terceiro ― e deve ser o último ― artigo sobre o tema da dúvida. No primeiro texto o tema foi proposto e foi feita uma apologia “à boa dúvida”, a dúvida daqueles que perguntam por Deus; no segundo artigo fiz a ressalva esperada sobre a dúvida negativa, o aspecto da dúvida que nos afasta de Deus e nos leva a questionar a sua existência. Neste último texto espero demonstrar que a dúvida é elemento inerente à fé, é um dos passos da fé. A dúvida conduz à fé e é, até mesmo, esperada daqueles que querem e que esperam por um Deus manifesto.


Considere que o “não saber como” algo ocorre é um estado da dúvida. Jó é, talvez, o maior exemplo disso. Os primeiros capítulos de seu livro são registros sem fim de suas dúvidas. Ele não sabe o que se passa, tem perguntas diversas, questionamentos, inquietações. Jó é um ser em dúvida, um crente que duvida.

“Que esperança posso ter se já não tenho forças?” (6.11). “Mostrem-me onde errei” (6.24). “Como pode o homem mortal ser justo diante de Deus?” (9.2). “Como poderei discutir com ele?” (9.14). Essas e muitas outras são dúvidas que povoam o espírito do sofredor Jó e elas se amontoam até que no capítulo 38 Deus se digna responder socraticamente com mais perguntas.

As dúvidas de Jó são a própria encarnação ou a incrustação do elemento positivo da dúvida, que é a força que ela dá a quem possui, movendo-o na busca pela resposta. E essa resposta é Jesus. Quem pergunta por Deus tem a Jesus por resposta. Quem tem dúvidas sobre Deus recebe o Espírito de Cristo como resposta e é por ele convencido da sua realidade e “emanuelidade”.

Para encerrar, outro exemplo conhecido, o africano etíope, eunuco de Candace (At 8.26-39). Veja como duvida aquele homem: “Diga-me, por favor: de quem o profeta está falando? De si próprio ou de outro?” (v. 34). É a dúvida boa, aquela que move o homem à procura por respostas de Deus, pela iluminação que jamais será apagada. A resposta de Filipe descortinou um mundo de possibilidades ao eunuco, fez o seu quebra-cabeças messiânico fazer sentido a alguém alheio à toda a cultura hebraica. Agora, aquele homem duvidoso, era mais entendido sobre a fé messiânica do que qualquer rabino em Jerusalém.

É ou não é boa esta dúvida? Dúvida que inquieta e incomoda, que faz perguntas e quer mais que respostas, quer experiências; quer mais que jargões, quer a racionalidade da fé. “Ainda que ele me mate, nele esperarei!” ― Por que crer assim? Porque se sabe que mesmo morto Jesus nos trará à vida. Creio por que fui convencido, fui convencido porque entendi a oferta e entendi porque um dia, na minha dúvida, perguntei.

A fé faz sentido, mas só faz sentido para aquele que tem dúvida, que pergunta, que inquire. Para os outros ela é rotina, simples hábitos diários, obediência cega em determinados pontos geográficos. Para quem duvida ― e só para esses ― a fé traz respostas, permite apropriar-se da dádiva divina uma vez oferecida e da graça celestial cotidianamente proposta.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O lado negativo da dúvida

Após ter escrito o primeiro artigo sobre a dúvida (Tenho dúvidas, graças a Deus) e destacado o seu lado positivo, senti-me incomodado com a interpretação que alguns leitores poderiam ter pelo fato de eu ter descrito a dúvida como algo bom e até mesmo uma possível ferramenta ou estratégia de Deus para aproximar de si algumas pessoas. Vou escrever mais sobre isso.


Neste texto, vou falar apenas e tão somente do modo como entendo a dúvida sendo um elemento contrário à fé, negativo, pernicioso e indesejável. É o contraponto ao primeiro artigo. Sei que historicamente a Igreja ― e porque não dizer todas as religiões ― lidou com a dúvida retratando-a como um estado ou sentimento que o crente deve repudiar, independente de sua profissão de fé neste ou naquele credo. A dúvida é radicalmente antagônica, contrária à fé e, portanto, ter dúvida equivale a ser um religioso de segunda categoria. Não é bem assim ― olha eu defendendo a dúvida novamente.

Como pude demonstrar no artigo anterior, a dúvida que deve ser rejeitada é aquela que me faz questionar a existência de Deus ou sua bondade, ou mesmo alguns de seus atributos. O aspecto negativo da dúvida é aquele que coloca o crente diante do seu Deus e o leva à fazer a pergunta ― Onde está o Senhor? Ou ― O Senhor se lembrará de mim? É o questionamento dos inimigos do salmista angustiado no Salmo 42.10: “Até os meus ossos sofrem agonia mortal quando os meus adversários zombam de mim, perguntando-me o tempo todo: "Onde está o seu Deus?”. Ou no mesmo salmo, v.3, quando o salmista está diante de grande sofrimento e é questionado sobre o socorro vindo de Deus: “Minhas lágrimas têm sido o meu alimento de dia e de noite, pois me perguntam o tempo todo: "Onde está o seu Deus?”.

O aspecto negativo da dúvida é, portanto, aquele que corrói e dissolve a segurança que temos na salvação de Deus e em seu socorro. Deus não se esquece de seus filhos, ainda que a própria mãe se esqueça de um deles (Is 49.15). É esta presença “emanuelica” que não pode ser questionada; sobre isto não pode haver qualquer dúvida, pois é contra este tipo de dúvida que a fé guerreia, a dúvida que afasta o homem do Deus o qual procura e depende, a dúvida que ergue uma barreira que impede a contemplação de Deus vindo em nosso auxílio.

As nossas ações de fé ― que não devem ser confundidas com insanidades de fé ― quando afetadas pela dúvida, são condenadas. Esse o motivo pelo qual Pedro foi repreendido pelo Senhor após ter caminhado um tanto sobre as águas; Pedro abriu mão da fé segura e permitiu a dúvida ocupar um espaço eu antes pertencia à fé (Mt 14.31). Por outro lado, as dúvidas que nos movem à procura por Deus, que sejam bem-vindas. Como no caso do eunuco da rainha Candace, que tateando procurava iluminação recebeu a resposta que apontou-lhe o Messias (At 8) aprovando e confirmando a fé salvadora.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Tenho dúvidas, graças a Deus

O papel da dúvida no ambiente da fé

A dúvida tem sido demonizada pelos cristãos desde que o movimento cristão sacudiu a religião do “olho-por-olho” e passou a demonstrar o que a fé era capaz de fazer na vida humana.

Dentre os textos mais conhecidos sobre a dúvida enquanto sentimento negativo, estão: Tiago, que disse: “... aquele que duvida é semelhante à onda do mar, levada e agitada pelo vento” (1.6). Paulo, que disse que “... aquele que tem dúvida é condenado se comer, porque não come com fé; e tudo o que não provém da fé é pecado” (Rm 14.23) e sobre Abraão que “... não duvidou nem foi incrédulo em relação à promessa de Deus, mas foi fortalecido em sua fé e deu glória a Deus, estando plenamente convencido de que ele era poderoso para cumprir o que havia prometido” (Rm 4.20,21).

Jesus também destacou o lado ruim da dúvida assegurando que “... se vocês tiverem fé e não duvidarem, poderão fazer não somente o que foi feito à figueira, mas também dizer a este monte: 'Levante-se e atire-se no mar', e assim será feito (Mt 21.21), além da condenação a Pedro: "Homem de pequena fé, por que você duvidou?" (Mt 14.31).

Há outras ocorrências nas quais a dúvida é posta frente a uma ação de fé, demonstrando que nelas, nas ações de fé, a dúvida é um impedimento e uma reprovação. Mas tome o texto de Paulo sobre os alimentos, onde diz que “... aquele que tem dúvida é condenado se comer, porque não come com fé”. Se comer com dúvida, isto é, se agir com dúvida.

Há uma condicionante “se” que explica quando a dúvida é prejudicial, visto que a ação decorrente da dúvida é perniciosa, por ser ação contra a própria consciência que aponta noutra direção.

É clássica a dúvida se o Senhor iria ou não livrar Israel dos midianitas por meio de Gideão (Jz 6). Igualmente conhecidas são as indagações de Abraão sobre os critérios de distinção entre justos e ímpios na destruição de Sodoma (Gn 18). E o que dizer de Tomé, que foi transformado num ícone da incredulidade? Ao ouvir seus amigos dizerem ter visto o Mestre, adiantou: "Se eu não vir as marcas dos pregos nas suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado, não crerei" (Jo 20.26).

O que vejo em comum na dúvida de Gideão, de Abraão e de Tomé é que eles não tomaram qualquer decisão, não se posicionaram e nada fizeram sem antes estarem seguros sobre o ponto da fé em questão. Gideão não foi para a guerra em dúvida; Abraão percebeu a grandeza da justiça de Deus na execução do juízo e Tomé não arriscou depositar sua fé em alguém que para ele era desconhecido: o Senhor ressurreto.

A dúvida por si, à parte de uma ação, apresenta-se como um estado saudável para o espírito, pois ela protege das decisões erradas, enganosas. O espírito que tem dúvida procura em Deus a sua clareza e, esta sim, uma vez manifesta, dissipa as trevas da insegurança para dar-lhe a iluminação da fé.

Condenadas devem ser as ações realizadas sob o domínio da dúvida, aquilo que fazemos insistindo contra a nossa própria consciência, forçando as nossas defesas, desprezando nossas convicções. A reprovação do pecado não está no comer, mas no comer com dúvida, pois “tudo o que não provém da fé é pecado” (Rm 14.23).

Tomé é lembrado quando o assunto é dúvida. Mas foi redimido por ser a expressão do cristão que não quer crer em qualquer coisa que lhe digam, em qualquer boato. Além da palavra de alguém, ele quer a experiência própria, pessoal, intransferível, que também será o seu porto seguro quando a sua fé for provada.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O pastor que não tinha chamado para ser pastor

Certo pastor conta que a igreja a qual dirigia era o sonho de todo líder. Centenas de membros ativos, dizimistas fiéis, liderança coesa. O rol de membros crescia. Ele e sua família moravam bem e custeados pela igreja, ostentava bom salário e benefícios que o cargo lhe permitia. Sua família, esposa e filhos, todos firmes na fé em Jesus Cristo. Parecia um sonho!

No entanto, continuamente ele orava a Deus, reclamando que algo parecia estar fora de lugar. Ele expressava o vazio interior que o incomodava havia algum tempo. A igreja sequer desconfiava da agonia sentida por seu pastor.

Após meses orando a Deus e indagando-o sobre a carência espiritual que sentia, a tão esperada resposta veio. O Senhor respondeu a oração daquele pastor inquieto. Mas a resposta dada por Deus àquele homem causou uma surpresa tão grande que mudou o rumo de sua vida, de sua família e de seu ministério. A resposta dada pelo Senhor esclareceu-lhe a dúvida que tanto o incomodava e reorientou o sentido de seus esforços espirituais e ministeriais dali em diante. O Senhor respondeu a ele dizendo que “nunca o havia chamado para pastorear igrejas”. E mais, que “o chamado de Deus para a sua vida era para que pregasse o evangelho de modo itinerante, para que evangelizasse os pecadores, e não que se estabelecesse em uma igreja local”.

Isso causou um tremendo impacto na vida daquele homem que, em poucos dias, nomeou um substituto para a direção da igreja local e deixou o pastorado, transferindo-se para o campo missionário. Aquele pastor e sua família foram levar uma vida modesta em relação ao tempo à frente da igreja local, mas em compensação começaram um frutífero ministério evangelístico.

Quem não está sujeito a uma situação como esta? Para isto, é preciso entender biblicamente alguns pontos, como: como e quando Deus escolhe alguém? para quê você foi chamado? Quando devo começar meu ministério depois do chamado? qual a minha função no Corpo de Cristo? entre outros. A compreensão correta dessas questões é fundamental para manter-nos em pé diante do Senhor e da igreja quando a crise vier; e ela sempre vem. Por isso, antecipe-se à ela focando e alinhando-se ao que o Senhor espera de você para o ministério.

*Inscreva-se para o workshop sobre Vocação Ministerial, com o Pr. Magno Paganelli, em 19.01.2011. Ligue para (11) 3313-4545. Vagas limitadas.