terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sua igreja caminha ou parou no tempo?

Conheço alguns textos que tratam de identificar marcas de uma igreja viva, atuante, cheia do Espírito. Mas quero propor uma reflexão sobre a marca da eternidade na vida de uma Igreja saudável. Com a expressão “marca da eternidade” quero referir-me a uma Igreja 1) atenta às referências do passado, 2) relevante ao seu tempo e 3) preocupada com o seu futuro.

1) Uma Igreja atenta às referências do passado é aquela que olha primeiro para o testemunho dos autores inspirados que nos legaram as Escrituras e toda a riqueza que ela comporta, porque é através da Escritura que o Espírito fala ainda hoje; uma Igreja que olha para o legado dos pais fundadores, para os escritores e teólogos do passado, para os santos que abdicaram suas vidas em favor de uma espiritualidade vibrante; uma Igreja que olha para os reformadores e para as suas preocupações mais legítimas. Uma igreja tem referenciais históricos quando tem identidade com as causas do passado, muitas das quais existentes hoje. Uma Igreja que esporadicamente lê as Escrituras à procura de apoio para convicções formadas à partir da observação dos anseios de seus membros não tem qualquer relação com a Igreja que “ouve o que o Espírito diz às Igrejas”. A Igreja deve ouvir o Espírito, não a sua cultura. Atos dos Apóstolos relata que tanto em Jerusalém, como em Samaria e em outras igrejas locais era o Espírito que falava e dirigia os cristãos.

2) Uma Igreja relevante ao seu tempo é aquela que tem voz e influência na sua cultura. Uma igreja só pode ser sal da terra quando interage com a sua cultura, com seus problemas locais e dialoga com os problemas do seu tempo. Uma Igreja só pode ser luz do mundo quando derruba as paredes e portas do seu templo e mostra quem, de fato, brilha entre seus membros. Atos 2 nos diz que a igreja em Jerusalém “caia na graça do povo” do lado de fora das paredes e portas do templo e do cenáculo; era uma Igreja notada e relevante à sociedade. Uma igreja que elabora o seu discurso para os de dentro, que não estimula o evangelismo, que não prepara seus membros para as demandas e embates com as questões à sua volta também não guarda relação alguma com a Igreja criada por Jesus, não oferece qualquer resistência ao secularismo, ao pecado que avança e por isso devemos questionar se deve ser chamada “igreja”.

3) Por último, uma Igreja deve ser preocupada com o futuro e isso é visto em duas vertentes. Primeira, no anúncio incessante de que Cristo voltará. A volta de Cristo é o que sedimenta a diferença entre o cristianismo e todo e qualquer sistema religioso e filosófico existente. E a segunda vertente é a missão que ela realiza. Uma Igreja que nada faz em favor das missões, não contribui, não prepara, não divulga, não envia, não apóia e não faz missões é tudo, menos Igreja. Podemos chamar de clube, de associação, de grêmio recreativo, de reunião de empresários, mas não podemos chamá-la de Igreja.

Se a sua Igreja negligencia qualquer desses pontos, fique atento aos rumos que ela já vem tomando. Silenciosa e vagarosamente as pessoas desatentas serão conduzidas ao esfriamento da fé, levadas a desacreditar nas Escrituras como Palavra de Deus para o pecador e levadas a crerem que a função da Bíblia é ser um manual de auto-ajuda para pessoas que não têm interesse na salvação, mas procuram apenas um porto seguro para os seus próprios sonhos e devaneios.

Uma igreja desconectada dos referenciais do passado, incompetente para as demandas do presente e alheia a importância de preparar-se para o futuro parou no tempo, e um corpo parado no tempo, sem espírito, sem fôlego de vida, um boneco de barro jamais foi o que Jesus ensinou sobre Igreja.

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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O terceiro elemento

Quando o discurso de um cristão não se alinha ao modo como ele vive, cada um de nós tem uma maneira de criticar. Uns dizem que “o que ele diz não se escreve”; outros dizem “ele é do tipo faça-o-que-eu-falo-mas-não-faça-o-que-eu-faço”. Outros ainda dizem que “ele vive uma coisa e ensina outra”.

Mas agora surgiu um terceiro elemento entre o discurso e a prática, entre a ortodoxia e a ortopraxia. Especialmente entre a liderança – parte dela, a bem da verdade – que eu chamaria de o elemento da “conveniência”. Na situação daqueles que dizem uma coisa e vivem outra, podemos encontrar um homem em conflito com as circunstâncias. Por exemplo, ele é pastor e trabalha no meio de gente corrupta; aí ele vive o dilema de crer e dizer algo, mas no seu dia a dia encontrar dificuldades em lidar com pessoas inescrupulosas. Ou no caso de irmãos com dificuldade de vencer uma barreira ou pecado; sabem o que é o certo, mas há uma força dentro delas que impulsiona para o lado dos prazeres carnais.

Mas e quando o indivíduo crê em algo, vive de outra maneira e prega um terceiro discurso que sabidamente ele mesmo não crê? Conheço uns sujeitos assim. Eles apóiam suas vidas num tripé: convicção, discurso e prática. Criam uma demanda tal para sustentar o seu estilo de vida e ficam reféns do próprio sistema, da própria demanda. Não podem mais voltar atrás, a menos que haja um profundo arrependimento e um rompimento radical com o sistema vigente, gerido por eles mesmos.

O terceiro elemento, a conveniência da situação, do conforto, da autoridade e da influência, do status quo, aprisiona-os de tal modo que mesmo confessando suas convicções se vêem forçados a discursar contra a própria convicção, contra a própria fé! Não crêem do modo como discursam, mas precisam afirmar e reafirmar seu discurso para manter a situação sob controle e as contas e o conforto pessoal em dia.

Miseráveis homens. Violam a própria consciência cotidianamente. Mais que isso, defraudam o Evangelho que insistem em dizer que crêem quando são abordados individualmente, nos seus gabinetes. Reféns de um sistema promíscuo que retroalimenta uma mentira, um evangelho sem a graça (e, portanto, desgraçado), insuficiente para levar pessoas à salvação, incapaz de promover arrependimento e transformação de vidas, ineficiente para estimular o evangelismo e completamente incompatível com o que é encontrado na Bíblia e nos lábios de Jesus.

Tanto quanto o pior pecador, líderes cristãos que se apóiam no terceiro elemento da conveniência precisam do que o profeta Daniel chamou de “o quarto homem”, Jesus Cristo, o único agente que pode tornar a dar a alegria do primeiro amor. Tanto quanto o pior pecados, líderes cristãos que se apóiam no terceiro elemento da conveniência precisam de libertação, de arrependimento e de conversão à fé. Precisam ler a Bíblia honestamente, debaixo de oração, como faziam no início de sua fé. Somente assim poderão ter esperança de tornar a viver, no máximo, o difícil dilema entre a fé e a prática – o que em si já é por demais difícil.

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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Hoje faz 20 anos

No dia 19 de agosto de 1991, três dias antes de eu completar 24 anos, fui convidado a participar de um culto evangélico num lar no Bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Fui. Entrei dependente químico, saí liberto; entrei kardecista, saí “gospel”.


Poderia fazer uma imensa lista de “coisas” que eu era naquela ocasião: frequentador de terreiros de umbanda, amigo de cartomantes, viciado em cocaína (cheirava uma média de 8 a 10 gramas de segunda a segunda), fumante (até dois maços de cigarro por dia), cabeludo, estelionatário... a lista de fato era enorme. Mas o encontro com Jesus naquela noite de terça-feira causou em mim um impacto profundo e provocou uma mudança radical e para melhor. Não só em mim, mas em minha família também.

Os “amigos” com quem eu compartilhava a vida de drogado não acreditavam que o “Magoo” havia “virado crente”. Nem eu acreditava. A bem da verdade eu não tinha uma ideia formada sobre quem eram os crentes, o que era a Igreja nem quem era Jesus. Eu simplesmente não dava atenção aos crentes, pois não tinham qualquer apelo para mim naquela época. Mas o que aconteceu naquela noite de terça-feira na casa do casal Essi e Simei foi realmente um milagre.

Até hoje, quando converso com algum médico e ficam sabendo que deixei de usar aquela quantidade de drogas após uma “aparentemente simples oração” e sem a necessidade de uma internação, eles mesmos dizem ter sido algo sobrenatural.

Pois eu passei a seguir Jesus; tornei-me seu discípulo. O começo não foi fácil, mas dá para notar que eu venci dezenas de barreias até chegar onde estou. Eu tenho um vasto repertório de experiências com Deus, histórias de superação, de perseverança, de fé nas suas promessas, promessas que sustentaram minha esperança e fizeram-me crer que se hoje eu não consegui, amanhã será um novo dia. É como diz o Salmo: “... o choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria.” (Salmo 30.5). Tenho experimentado isso ao longo desses últimos 20 anos como discípulo de Cristo.

Pois me vi liberto definitivamente do vício em cocaína, maconha, cigarro e cola de sapateiro. Hoje estou à frente de uma editora juntamente com minha esposa. Cumpro uma carreira como escritor, já com mais de trinta livros escritos. Leciono em cursos de teologia, agora também um curso internacional de teologia. Tenho uma esposa amorosa, ajudadora, séria e um filho maravilhoso, amigo, doce. Como pastor, estou à frente da um trabalho de Escola Dominical que reúne semanalmente cerca de 400 alunos e mais de 20 professores para o ensino da Bíblia e teologia. Em outras palavras, como diz a conhecida canção, “Jesus Cristo mudou o meu viver”.

Eu posso dizer isso com cada letra fazendo o máximo sentido. Se alguém ainda pensa que o evangelho é essa achincalhação como muitas vezes é visto, está enganado. Há poder por tras da Palavra de Deus e quem se dispõe seguir a Cristo porque reconhece seu pecado, suas deficiências e sua doença, ele ainda é o Médico dos médicos, o perdoador e restaurador de vidas.

Valeu a pena cada um dos 7300 dias com Jesus. Ele me amou, mudou minha maneira de ser, de agir, de pensar, de decidir. Como cristão não posso dizer que sou alienado. Não. Tenho planos, projetos, desejos e metas, mas planos melhores, projetos melhores, desejos melhores e metas melhores e do alto. Nossa meta é estar com ele, sempre, aqui e na vida futura, na terra e no céu.

Obrigado Jesus, eu também o amo.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Lendo não lêem e sabendo não sabem

Diz-se que algo que não pode ser mudado é “lei”. Aí abro um site de notícias e leio uma defesa feita sobre “leis bíblicas”. Batizada de “lei da liberalidade” (de onde tiram essas coisas?), filhota bastarda da lei da semeadora, o postulante mandou os “anarfabetos” lerem Marcos 4.26 se quisessem “aprender”. Fui ler, quero aprender. E encontrei: “O Reino de Deus é semelhante a um homem que lança a semente sobre a terra.” (NVI).


E aí? Como fazer a “engenharia” de usar um texto como esse para defender a pedição de dinheiro? Como fazer uma “heregese” desse texto transformar-se em “lei da liberalidade”? O camarada tem que estar disposto a jogar dois mil anos de história no lixo e contar com a ignorância de milhões de leitores/ouvintes. Mas nada que um aluno de sexta série, atento, não possa resolver.

“O Reino de Deus é...”. O Reino de Deus, como advertiu Paulo, não é comida nem bebida. Portanto tudo o que é feito na igreja não pode ser considerado uma definição de Reino de Deus. Paulo associou o Reino de Deus a “justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17). Mas Jesus usou a introdução “o Reino de Deus é...” para falar de algo simples. Para Jesus – lembre-se que estamos tratando do artigo do entrevistado – o Reino de Deus “... é semelhante a um homem que lança a semente sobre a terra”.

Minha gente, porque sempre que a palavra “semente” aparece na Bíblia ela tem sido associada ao ato de ofertar? Lembre-se que uma das “leis” (essa gente não gosta de lei?) da boa interpretação de texto bíblico é seguir o critério usado em outros textos nos quais aquele mesmo escritor ou pregador bíblico usou tal expressão ou palavra. Assim, o mesmo Jesus usou o ato da semeadura em Mateus 13, por exemplo, para demonstrar como as pessoas reagem à pregação da Palavra de Deus. Em Mateus 13, um homem (semeador) lançou a semente que caiu em solos diversos e deu resultados diferentes. Como ligar o texto de Marcos 4 à tal lei da liberalidade? Jesus, autor da frase, não fez isso! Como fazer dessa prática da semeadura numa sociedade agrícola uma lei para recolher ofertas? É muita desfaçatez assumir essa interpretação e defender-se com um texto bíblico como esses.

E quem cai numa conversinha dessas? Gente que não lê a Bíblia e não confere o texto. Gente que só lê o que interessa (quando lê!) e só aprende o que convém... quando aprende.

Dica: sobre as distorções da lei da semeadura, leia meu novo livro.
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terça-feira, 9 de agosto de 2011

A Teologia da Prosperidade veio em boa hora

Após a minha conversão ao cristianismo, fui discipulado por um bom pastor assembleiano, bom de Bíblia e de praxis. Aprendi desde cedo que “o pavão não pode ser enfeitado”, ou seja, a Bíblia deve ser interpretada longe das nossas ansiedades, sonhos e delírios. Desde que tive os primeiros contatos com a Teologia da Prosperidade (TP), rejeitei-a. Mas hoje refletia sobre como o Senhor foi misericordioso ao permitir a TP chegar ao Brasil agora, em fins do século 20. Ela veio em excelente hora, para espanto do leitor.

Já imaginou se João, aquele crente idoso que foi preso porque pregou o evangelho, fosse adepto da TP? O Novo Testamento teria a menos um evangelho que leva o seu nome, três epístolas e o Apocalipse, essa maravilha de texto profético. Como foi preso numa ilha como a famosa Alcatraz por testemunhar de Jesus (dizem que morreu mergulhado em óleo fervente), ele provavelmente não acreditou que o Senhor “daria a ele as nações por herança”. Mal podia sair da ilha!

Já pensou se Pedro aderisse à TP? Alguns gentios como a família de Cornélio estariam “ardendo no mármore do inferno”. Marcos não teria escrito o importante evangelho que serviu de base para Mateus e Lucas (e sabe-se lá o que mais). Pedro certamente iria querer vender as duas cartas que levam o seu nome – e não ia conseguir, porque o grego de uma delas não está lá tão bem redigido assim. Na verdade ele até mesmo discutiria com Jesus, pois após a pesca maravilhosa, iria “semear na vida de outros pescadores” e não sairia mais da sua empresa de pesca.

E se Paulo fosse pregador da prosperidade? Ah, talvez o mundo fosse diferente. Mas como pode crer na TP (saúde, riqueza, bem estar) o pobrezinho judeu que passou fome, vestiu-se inadequadamente (isso quando pode vestir-se!), foi perseguido, apanhou. Esse cara deveria sofrer de uma tremenda falta de fé. Quando foi picado de cobra na ilha disseram isso a ele.

A TP jamais teria produzido os mártires sobre os quais até há pouco tempo cantávamos corinhos. Lembra aquele da Banda GERD? “Eu queria saber / da coragem do amor / da fé...”. Nero não teria iluminado 40km de Via Ápia com corpos de cristãos se a TP surgisse no início da Igreja. Essas histórias horrendas de leões comendo cristãos jamais teriam existido. Que mal eles fizeram para merecer isso? Se tivessem tido a oportunidade de aprender sobre a semeadura, os desafios de fé, os decretos, a palavra rhema que a TP ensina, jamais teriam passado por isso.

E tanta coisa: movimento monástico, pré-reformistas, a própria Reforma. Imagina se a TP produziria um George Muller, cuidando de 20 mil crianças sem recursos próprios! Isso daria um belo processo baseado no Estatuto da Criança e do Adolescente! Missões? Quem iria sair de seu país para evangelizar pobres. Pobres precisam é ser libertos e apostar no Deus do ouro e da prata. A TP também não teria enviado um Daniel Berg, um Gunnar Vingren, nem mesmo um Ashbel Green Simonton e tantos outros para seguirem um chamado. Chamado bom e que essa turma quer seguir é o chamado para curtir o casão, o carrão, o empregão, e nalguns casos até mesmo “o cervejão”, para parodiar o comercial de TV.

Ah, obrigado Senhor, por permitir que a Teologia da Prosperidade chegasse ao Brasil só há em pouco tempo. Eu era viciado em cocaína, macumbeiro, minha família estava dividida, mas deu tempo. Se dependesse da Teologia da Prosperidade, eu já tinha ido para o “saco preto”, morto numa overdose. Ao menos para mim a Teologia da Prosperidade veio em boa hora

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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Coleção Grandes Temas da Fé - Hernandes Dias Lopes

Existem duas maneiras de entender e interpretar o modo como a História se desenrola ao longo dos séculos e até mesmo das eras. As Escrituras mostram e ensinam uma visão linear e contínua da História, contrária à visão cíclica, como algumas civilizações antigas – por exemplo, os gregos – ou determinados grupos religiosos atuais têm baseado sua visão do mundo e da vida humana. A cada período da História o cenário mundial, as demandas sociais, a conjuntura político-econômica e, principalmente, as questões fundamentais que o homem levanta em busca de sentido e significado, assumem novos contornos.


Os tempos de crises e ocorrências de catástrofes são ocasiões quando os povos questionam e procuram respostas aos anseios do homem. O fim da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, foi um desses períodos. As promessas feitas pelo modernismo, as respostas propostas pela ciência, pela sociologia, pela psicologia, muitas delas levaram a ações, reações e situações que o homem não desejava. Ao contrário! A própria guerra era fruto de uma preleção otimista em princípio, que se converteu num desastre quase global.

O Senhor da História não tem estado ausente nem omisso ao diálogo com o ser humano que o busca, e que busca respostas consistentes, que façam sentido frente à situação a qual vive e enfrenta. E para isso ele usa também os seus servos, com visão bíblica, aguçada e profunda, e na linguagem do povo de sua época.

Neste sentido, o Rev. Hernandes Dias Lopes, pastor presbiteriano, se colocou nas mãos do Senhor, em humildade de coração e completa obediência, despido de qualquer vaidade, para ser o servo que fala ao povo a respeito de Deus, ao escrever esta Coleção com dez volumes, que a Arte Editorial tem o privilégio de colocar em suas mãos.

A obra de lançamento da Coleção, Sofrimento e vitória, discute um tema que todos evitam viver: o sofrimento. No segundo livro, A vontade de Deus e a oração, o Rev. Hernandes, em rápidas pinceladas, analisa as mudanças na História, quando Deus atende à oração, e a oração que traz o avivamento. A seguir, ele faz um estudo profundo do texto de Daniel 9.1-19, em que ele analisa a oração de Daniel pelo povo. O autor não faz sua apresentação por intermédio da atual proposta triunfalista, em desacordo com as Escrituras; ao contrário, fornece ao leitor a visão e perspectiva bíblicas, a fim de que ele não seja levado a crer em promessas irrealizáveis.

No terceiro livro, Graça para o caído, ele estuda detalhadamente o texto de João 8.1-11, quando os fariseus levam a Jesus uma mulher encontrada em flagrante adultério. Ele analisa a misericórdia de Deus na cruz, trazendo-nos, por ato de misericórdia infinita, o seu Filho amado Jesus. De maneira abençoada, podemos ver a misericórdia de Jesus na vida das mulheres pecadoras. E nos unimos ao desafio que o autor faz ao mundo para exercer a misericórdia.

No quarto livro, Quem é mais feliz?, o autor exalta as vantagens de ser cristão, ou melhor, a felicidade de ser cristão, pela singularidade do nosso Deus, ao qual podemos servir.

Aproveite a promoção para os quatro volumes até o final de setembro de 2011: R$ 40,00 + frete grátis para todo o Brasil (você economiza R$ 40,00). Faça o seu pedido pelo email editora@arteeditorial.com.br

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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Mais amorosos que o próprio Deus

A bagagem da teologia liberal desembarcou no Brasil tem uns anos já. As malas foram abertas ainda no porto e alguns teólogos e escritores andaram pegando algumas coisas por lá. Hoje é possível ver o que chegou da Europa em todos os cantos do país, nos seminários, nas igrejas.

A teologia liberal é fruto da pesquisa acadêmica pautada pelo racionalismo e, como ciência, faz vasto uso de outros saberes, sociologia, antropologia, história, lingüística e por aí vai. Nada de errado até aqui com uma pequena atenção ao uso do racionalismo como norteador do estudo da revelação. As Escrituras são compreensíveis racionalmente, como a própria fé reivindica certa medida de razão (1Pe 3.15), mas a razão não deve ser o pressuposto único para a admissão do sentido do texto bíblico.

Diante disso, os teólogos liberais daqui têm encontrado dificuldade em lidar com um dos elementos mais belos da Bíblia, especialmente aqueles encontrados nos discursos de Jesus, que são os paradoxos da fé cristã. Morrer para viver, céu e inferno, a convivência do amor e da justiça no mesmo ambiente, entre outros.

Notadamente os dois últimos são os mais incômodos para a turma da academia. Pois veja você, leitor, que quando fiz a convalidação do meu curso de Bacharel, um de meus professores declarou, para meu espanto: “Vocês não fiquem escandalizados, mas se for para morar no céu com um Deus que envia pessoas para o inferno, eu não quero ir para o céu”. Claro que eu reagi, mas a resposta dele foi daquelas bem esfarrapadas. Outro dia no Twitter outro declarou: “Um deus que para cumprir os seus desígnios precisa matar pessoas é um demônio”. Esse nunca chegou perto de ler o antigo Testamento, Atos nem o Apocalipse.

Outro locutor dessa escola liberal vira e mexa faz afirmações do tipo: “A condenação de Jesus não significa necessariamente condenação eterna no inferno”, “Juízo de Deus não significa inferno”, “A fé não dá certeza da salvação, apenas uma convicção”. (Nota: segundo o dicionarista Aurélio Buarque, “convicção é certeza adquirida”).

As proposições feitas por esse modo de pensar a teologia são equivocadas se colocarmos o adjetivo “cristã” depois do substantivo teologia. Teologia cristã deve ser pensada a partir da Bíblia, e não da sociologia, da antropologia nem qualquer outra ciência, as quais são usadas para elucidar algum ponto complexo do texto bíblico, nunca para determinar o seu sentido nem chancelar a sua validade.

Quando converso com algum teólogo liberal, noto que o texto bíblico tem o segundo ou terceiro lugar na lista de referências quando fundamentam suas afirmações. Eles ficam admirados, e às vezes surpresos, quando um texto bíblico é citado para refutar suas afirmações. “Não é bem assim...”, é o que costumam dizer.

Ora, se Jesus disse “inferno”, mas tinha em mente “a terra ideal”; se Jesus disse “céu”, mas o sentido era “um futuro brilhante” e se a Bíblia ensina o “nascimento virginal” mas devemos entender “projeto Genoma”, então precisamos mudar muitas outras coisas. Há um oceano de livros e enciclopédias inteiras que precisam ser queimadas porque ensinam heresias perigosas, preconceituosas, politicamente inadequadas, homofóbicas, verdadeiras pragas!

Ou talvez a turma toda dos liberais deva comprar um exemplar da Bíblia, bem simples, sem comentários nem notas marginais, e começar a ler de onde Moisés deu a deixa: “No princípio criou Deus o céus e a terra. A terra era sem forma e vazia e o Espírito se movia sobre a face das águas”.

Parece que Deus sabe conviver com a criação deformada e vazia; mas o homem não. O homem quer tudo certinho, explicadinho, bem formatado, bem habitado, sem problema aparente. Não consegue mais conviver com o paradoxo. O homem não aceita esse negócio de ser amoroso e justo ao mesmo tempo. Tem que amar sempre, independente se a banda toca desafinada. Esse negócio de mandar gente pro inferno não ajuda no projeto ecumênico de... deus.

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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Espiritualidade placebo e vida eterna

Umas das frases mais desconcertantes ditas por Jesus foi: “Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito; contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida.” (João 5.39,40) A frase é desconcertante porque os seus destinatários eram a nata da religião de Israel, gente que tinha a Lei de Moisés e os livros históricos e poéticos na ponta da língua; pessoas que dedicaram suas vidas a esmiuçar cada frase, cada afirmativa, cada expressão e interpretar o seu sentido ou os seus múltiplos sentidos e aplicações.


Mas essa gente tropeçou, e tropeçou feio, como também hoje há gente lendo a Bíblia e tropeçando na própria Palavra de Deus. E o tropeço está na postura e propósito com que nos aproximamos das Escrituras. Jesus está dizendo que eles, os religiosos, de fato liam e estudavam as Escrituras e ficavam ali, extasiados, embevecidos com o texto, mas não avançavam conforme o texto orientava e ainda hoje orienta a fazer. O texto das Escrituras exerce poder sobre aquele que se aproxima dele, o que não significa que alguém possa aproximar-se dele sem impedir a sua ação.

A Escritura Sagrada indica e aponta a uma pessoa, Jesus. O próprio Jesus diz isso: “... são as Escrituras que testemunham a meu respeito”. E isso funciona como uma placa na estrada, apontando o caminho a seguir. E ele é o Caminho. Mas quando estamos na estrada, numa viagem, não paramos diante da placa como se tivéssemos chegado ao destino. A placa orienta a nossa jornada, a caminhada, não a nossa parada.

Judeus do passado e cristãos do presente têm parado na placa. Lêem as Escrituras, mas não são movidos por ela. Lêem a Palavra de Deus, mas impedem que Deus fale o que ele quer falar. Ouvem apenas o que querem ouvir, como se a nossa relação com o Livro funcionasse como uma “liturgia para tranquilizar a consciência”. Uma vez cumprido o ritualzinho (às vezes) diário, saímos para seus compromissos e deixam o caminho principal para seguir pela estradinha aberta com os próprios esforços.

É uma espiritualidade tipo placebo, a qual tranquiliza as emoções, ameniza a ansiedade, provê a manutenção do papo com os irmãos na igreja, mas no fundo não faz efeito algum na alma, porque esta não foi tocada de fato.

Se quisermos mudanças em nossas vidas, devemos ir à Ele, não à placa. A placa indica o Caminho, mas a jornada rumo à vida não é o encontro com a placa. É ir além dela e encontrar-se com Ele, a Vida.

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