Deus me pede estrita conta do meu tempo,
E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta:
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta,
Eu que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado e não fiz conta;
Não quis, sobrando tempo, fazer conta,
Hoje quero acertar conta e não há tempo.
Oh, vós que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo;
Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta.
Pois aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar de prestar conta
Chorarão, como eu, o não ter tempo.
Frei Antonio das Chagas, Século 19.
Muitos poetas e pensadores portugueses (tais como António Vieira) do século XV, indo até mais ou menos o XIX mostraram sua preocupação com a fugacidade e com a vaidade da vida, aconselhando seus leitores à meditação. No Brasil, o próprio poeta mundano Gregório de Matos Guerra (o Boca do Inferno), no século XVII, vê a sua necessidade de resgate, num soneto intitulado "A Cristo crucificado".
ResponderExcluirÉ admirável que numa página de preocupações teológicas o pastor Magno Paganelli insira um pouco da, também bela, página literária. Parabéns, Pastor!
Grato or seu comentário, prof e irmão Tavares. Sabemos que a sua nota tem peso!
ResponderExcluir