segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Otimismo, cegueira e a Expo Cristã

Ontem se encerrou a 10ª edição da Expo Cristã, maior feira de produtos e serviços para o público evangélico na América Latina. Em alguns aspectos e setores foi um festival de bizarrices, oportunismo e vergonha alheia. Cansei de ver gente de óculos escuro em ambiente fechado posando de BBB ou ídolo pop, “frutinhas-gospel” e gente mal educada. Lixo no chão? Misericórdia. Como parte do povo evangélico é mal educado! Jogam de tudo no chão. Vá a uma edição da Bienal Internacional do Livro, que reúne muito mais pessoas e não verá nem a metade do lixo que os crentes jogam no tapete vermelho do pavilhão do Anhembi. Impressionante!


Mas ontem ouvi de um destacado líder que os pregadores que falam que Igreja evangélica está em crise estão errados. Motivo: só o fato de os evangélicos estarem no maior espaço de exposições de S. Paulo já é prova de que a Igreja está bem e saindo de dentro dos seus muros.

Concordo que devemos ser otimistas, mas o nosso otimismo não pode ser cego nem burro. Dizer que a Igreja evangélica no Brasil vai bem só porque fez um evento como aquele é insensatez, para dizer o mínimo. É desconhecer a história também. Quando Lutero acendeu o estopim da Reforma Protestante entendendo que a Igreja estava mal, a mesma Igreja estava construindo o maior templo cristão de sua história até aos dias de hoje, a Basílica de São Pedro. Pergunto: a empreitada era prova de que a Igreja ia bem? Evidentemente que não, tanto que a Reforma demonstrou isso. A mega construção estava sendo feita com a arrecadação das malfadadas indulgências.

Entendo que não é negativo ser realista, nem criticar quando a crítica vem apontando e indicando caminhos e soluções. Negativo sim é maquiar a situação quando os indicadores estão demonstrando outro quadro. A Igreja, enquanto corpo, é composta de quem prega o bem e de quem revela o mal. Que seria do olho se todos quisessem ser boca? O olho vê e não emite som, mas a boca é que faz o protesto.

A Igreja evangélica brasileira vai bem? Sim e não. Dizer que vai bem uma Igreja que promove pregadores ensinando coisas contrárias à Bíblia é cegueira, não otimismo. Dizer que vai bem uma Igreja que promove a exclusão de gente que pensa diferente é cegueira, não otimismo. Dizer que vai bem uma Igreja que promove um otimismo burro e alienado é cegueira, não otimismo.

Não quero ser otimista assim nem esperar que meu Senhor resolva tudo como num passe de mágicas. Não me converti a um ilusionista, mas a um Senhor e Salvador que abriu meus olhos e encheu a minha boca. Sou otimista porque sei que essa banda podre da Igreja, o joio, não prosperará. Sou otimista porque sei que as portas do inferno não prevalecerão. Sou otimista porque sei que antes de mim já perseguiram o meu Senhor.

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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Minhas impressões sobre alguns pontos da teologia liberal

Não pretendo aqui fazer uma análise exaustiva do que ouvi nos três dias de um congresso de teologia liberal, mas em linhas gerais o que ficou patente sobre essa abordagem como tem sido admitida no Brasil está exposta a seguir. Como minhas conclusões não esgotam o assunto, espero que haja uma reação por parte daqueles que pretenderem esclarecer algum ponto onde eu tenha me equivocado ou não muito objetivo. Em outras palavras, o texto está aberto.

1. Há uma clara demonstração de rancor contra o modo conservador de pensar a teologia, que no vocabulário liberal é tratado de maneira generalizada como "os fundamentalistas". Há duas maneiras de entender o que é um fundamentalista. No sentido mais amplo, fundamentalistas somos todos, já que qualquer cosmovisão ou ideologia deve ser "fundamentada" em algum ou alguns pressupostos. A segunda "definição" de fundamentalista é encontrada no início do Século 20 onde identificamos um grupo que patrocinou e publicou uma extensa obra chamada The Fundamentals-The famous sourcebook of foundational biblical truths, Os Fundamentos-A famosa coletânea de textos das verdades bíblicas fundamentais (R. A. Torrey, ed., publicado no Brasil por Hagnos, 2005) já naquela época uma reação frente ao emergente pensamento liberal alemão.
Em certo sentido, a teologia padrão no Brasil segue de perto, ao menos em muitos pontos, os fundamentos. Mas a generalização liberal tropeça feio quando coloca a todos os não liberais debaixo do rótulo fundamentalista. Primeiro, a meu ver, porque o sentido pejorativo do rótulo fundamentalista deve remeter a nós brasileiros à concepção que temos de grupos radicais extremistas, como homens-bomba, por exemplo. Quando ouço a expressão fundamentalista penso em alguém que não admite diálogo, não senta-se à mesa.
Neste sentido, os liberais do congresso em questão são fundamentalistas tanto quanto aqueles para os quais dirigem suas acusações, já que em dado momento do congresso alguém que pensava diferente foi vaiado ao manifestar brevemente suas posições teológicas.
2. O liberalismo cria uma nova religião análoga ao cristianismo ou à reboque do cristianismo. Os pressupostos para interpretar a cosmovisão cristã são as ciências, tais como antropologia, sociologia, lingüística e outras. No ambiente conservador a teologia se serve dessas ciências, mas não faz delas o árbitro na hermenêutica bíblica. Diferentemente, os liberais tupiniquins definem a cosmovisão bíblica a partir dessas ciências, numa clara tentativa de promover e manter o dialogo com a academia, como se necessário fosse igualar-se ou nivelar-se para fazer-se relevante. Penso que a relevância está, exatamente, em ser diferente, em promover valores desconhecidos aos demais grupos e mesmo em esclarecer por meio de um trabalho sólido de compreensão e exposição do texto bíblico.
Na esteira desse ponto, os liberais já têm sido acusados de não terem espaço fora do arraial cristão e por conta disso resta-lhes a única alternativa de ficarem arrastando correntes nos seminários, congressos e em algumas igrejas à procura de incautos aos quais impressionar.
3. Os liberais fazem declarações parciais e superficiais sobre temas complexos e importantes. A fim de defender a inclusão e a tolerância, promovem um discurso unilateral que desconsidera aspectos relevantes a pontos primários do cristianismo. A inclusão de diferentes, como homossexuais, por exemplo, é defendida sem que haja qualquer esboço da necessidade de arrependimento ou predisposição de mudança, o que em toda a história do cristianismo, mesmo e principalmente nos dias de Jesus, isso seria impensável. A tolerância não fala mais alto que o amor, uma vez que a convivência com o diferente pode se dar sem danos para a consciência cristã, mas a acomodação de quem quer que seja ao seio da Igreja, ainda que possível ser feita sem uma mudança interior radical fruto de uma graça assombrosa, não possui qualquer efeito real e legítimo diante daquele que fundou e sustenta a Igreja. A Igreja não faria qualquer sentido se deixasse de promover exatamente o que os liberais abrem mão, ou seja, a metanóia, a mudança no mod de ser, de agir e de pensar.
4. O discurso feminista no congresso ataca frontalmente as bases bíblicas como tem sido defendida há dois mil anos, fazendo da cultura judaica primitiva e machista a grande vilã. Mais uma vez, em favor dos pressupostos seculares da sociologia (e da criminalística!) declaram “ser oito ou oitenta”. Se maridos agridem, então não há que ficar com eles. Liberdade já! O corpo é nosso! Não ouvi uma tentativa de considerar nem o texto bíblico nem a experiência e as historias de casais que mesmo diante de adversidades, foram tratados e reconciliados até que o amadurecimento e a solidez de um relacionamento maduro tivesse oportunidade para mostrar-se. Como em outros pontos, é dado o devido destaque "ao que interessa", esquecendo-se, por exemplo, do resultado da libertação feminista há trinta, quarenta anos nos EUA. Os filhos das feministas da época, hoje procuram e promovem as famílias nos moldes tradicionais; eles aprenderam na carne o que é a desintegração do núcleo familiar. Esquecem-se, igualmente, que ao gritarem hoje "o corpo é nosso", certamente amanhã estarão defendendo o aborto em defesa do mesmo corpo.
5. O discurso liberal que ouvi durante o congresso dilui a salvação entre todas as filosofias quando diz ser possível haver salvação fora da Igreja de Cristo, ou seja, em determinadas culturas (talvez em todas elas), ainda naquelas cujas práticas negam o conteúdo da Bíblia, o indivíduo pode ser salvo. É um panteísmo potencial velado, o que escancara as portas para o universalismo e faz o Caminho desnecessário, já que afirma que podemos chegar ao mesmo lugar por meio de becos, vielas e atalhos.

Que fique claro, essa minha percepção pode ser infundada se considerarmos o coração de cada um dos participantes; só o Senhor sabe o que vai dentro de cada um de nós.

No entanto, aprendi algumas coisas com o que vi e ouvi no congresso. Aprendi que devo ser mais tolerante com aqueles que são ou que pensam diferente de mim. Se os liberais discursam sobre tolerância, mas não a demonstram na prática, é bastante provável que eu também esteja sendo intolerante com aqueles que pensam diferente de mim. Preciso aprender com as diferenças sem, no entanto, negar o contato ou o convívio com ela. Jesus fez isso maestralmente.

Reconheço que há aspectos positivos na pesquisa acadêmica, cuja contribuição pode ser útil e lançar luz na maneira como aproxima o texto bíblico de uma compreensão mais contextualizada, mais próxima da realidade cotidiana. Com isso aprendo que não preciso definir-me com rótulos e ismos. Não combina com o espírito cristão esse esfacelamento ou melhor, esquartejamento do Corpo de Cristo. Não refiro-me aos liberais especificamente, mas a todos os outros grupos e mesmo dentro deles próprios. Não é demérito dialogar com quem pensa diferente, nem mesmo procurar um equilíbrio saudável e questões que aproximam, do mesmo modo como a interação não significa abrir mão das convicções existentes e defendidas. Mas isso é assunto para outro post.

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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A intolerância dos "tolerantes"

Um dos aspectos mais evidentes do discurso teológico liberal recente na América Latina é o clamor pela tolerância. Aliás, o atual discurso da Teologia da Libertação, que inicialmente não deu muitas das respostas que pretende dar hoje e, por influência da posmodernidade, fala muito da tolerância como também da inclusão.

Pois bem, o "judas" da vez é o dito fundamentalismo. Mas fundamentalistas somos todos, já disse alguém. Todo discurso está "fundamentado" em uma ideologia, em uma teologia, em uma sociologia, enfim, todo discurso sustenta-se num fundamento.

O fundamentalismo teológico atacado pelos liberais tem endereço, tem voz e tudo o mais. São instituições, professores e pregadores que herdaram e por isso perpetuam um modo de pensar sistemático e um método de fazer teologia dito hermético e importado. Sim, há muita verdade nisso. Com o crescimento e avanço nas pesquisas lingüísticas, sociológicas, arqueológicas e antropológicas, a teologia sistemática e suas adjacências torna-se mera alternativa, não a única, e por ser alternativa deve ser deixada em seu lugar cumprindo o seu propósito.

Mas o aparato liberal, que proclama a tolerância e a inclusão não cogita dialogar nem admitir em seu meio qualquer herança do passado recente, e nisso se denuncia, pois só o imaginar que o outro está errado já indica intolerância, exatamente a intolerância que os ouvimos reclamar dos... fundamentalistas!

Percebo, então, o quão pernicioso tem sido, não o discurso (talvez), mas o resultado do discurso no coração daqueles que o acolhem. Posso crer que os propaladores desse discurso saibam o que estão afirmando, mas e quanto àqueles que estão recebendo essa fala, essa glossa? Se de fato são pérolas o que os liberais estão dizendo, receio que podem estar sendo jogadas a porcos.

Lembro de quando convalidei meu curso de teologia, ouvi e vi alunos ávidos por chegar a seus humildes pastores locais e constrangê-los com as abordagens da teologia liberal alemã, da crítica da forma e do método histórico-crítico. A troco de quê? E mais recentemente, numa palestra, vi e ouvi um assumido fundamentalista ser zombado e vaiado ao usar seu tempo de direito para questionar o palestrante ao final de sua preleção.

Não são "eles" os tolerantes? Assim, o liberalismo motra sua impotência em promover o respeito ao próximo contido em seu discurso. Que mais ele deve deixar de promover e que eu não tenha visto ou ouvido?

Verdade seja dita, ao menos uma verdade incompleta. À semelhança da acusação contra os ditos fundamentalistas, de que fazem teologia com o coração endurecido e árido, parte dos liberais - senão todos, faz teologia para mentes sedimentadas, que têm dificuldade em permitir o que entra no espírito descer ao coração, descer à alma, a fim de que dê fruto. São igualmente ou mais intolerantes do que aqueles aos quais condenam como sendo os verdadeiros intolerantes.

Qual a diferença, então, entre acusados e acusadores? Penso que a diferença está nos ouvintes, nos "adeptos" de cada escola. Os ouvintes ditos fundamentalistas entendem o que ouvem; os ouvintes dos liberais não sabem do que seus interlocutores estão falando, porque nunca foram afetados nem pelo pernicioso de um discurso hermético que trouxe os fundamentos do cristianismo até nós, nem pela vanguarda de um discurso advindo de um estudo sério, honesto, imparcial e bíblico; estou considerando uma terceira via, a do diálogo.

A bem da verdade, e verdade como a encontramos no Evangelho, os "liberais samaritanos", fazendo frente ao fundamentalismo judaico, perguntaram a Jesus onde era o locus da adoração: "Aqui ou lá devemos cultuar?", ao que Jesus, sempre muito equilibrado, coerente e dialogal saiu-se com um "nem aqui, nem lá, pois o Pai procura verdadeiros adoradores". A resposta não sugeriu um "ficar em cima do muro", mas refletiu o equilíbrio que todos devemos perseguir, e o aprofundamento em questões relevantes e fundamentais do nosso tempo e contexto, que todos devemos aprofundar.

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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sendo assim, quem pode ser salvo? Resposta aos criadores de regras (1)

Recentemente, almoçando com um casal de amigos, ambos cristãos de uma denominação cuja liturgia e costumes são bem restritos, ela perguntou: ― Na sua igreja, a pessoa se converte quando levanta a mão e vai à frente? Respondi que sim. ― E ela é batizada quando? Respondi que de três em três meses organizamos batismo para os convertidos na sede e o das filiais; todos são batizados na mesma cerimônia. ― Mas se algum quiser ser batizado antes? Respondi que não será, já que sempre temos um número grande de candidatos, nunca menos que cem; abrir exceções não seria nada prático. ― Mas elas podem participar da santa ceia? Não ― respondi ― até que sejam batizados.

A pergunta/preocupação se deve pelo fato de, na igreja desse casal, eles crerem que o batismo é que salva juntamente com a fé; já em minha denominação, cremos que o batismo é simplesmente expressão pública da fé, mas não salva. É ordenado como a Santa Ceia o é, mas não tem qualquer efeito salvífico. E ela tentou “enquadrar-me” por conta disso, até que perguntei: ― Vocês celebram a ceia em todos os cultos? ― Não, respondeu, só aos domingos. ―Mas vocês só têm cultos aos domingos? ―Não, temos na quarta também, disse-me. ― Mas Paulo ordenou a que “todas as vezes que vos reunirdes” celebrarmos a ceia.

Bem, podemos parar a história por aqui, pois o leitor já pode perceber como agimos com relação a determinados pontos da “nossa doutrina”. Cobramos dos outros aquilo que convém ou aquilo que já somos craques e deixamos de lado aquilo que não podemos fazer por qualquer que seja o motivo.

Fato é que as nossas obras são como trapos ― cobrimos os ombros, descobrimos os pés. O mesmo Paulo já dizia que “aquele que pensa estar em pé, cuide para que não caia”. O melhor é não cobrar os outros, até porque é bem possível que nossa interpretação da verdade não seja a melhor interpretação. Podemos ter sido convencidos por tal maneira de interpretar uma questão, mas certamente não é a única maneira de lidar com ela.

Ênio Muller escreveu brilhantemente que a verdade não é algo do qual eu me aproprio, mas um caminho o qual eu percorro. Pense nisso. A cada trecho percorrido posso ver paisagens novas ou as mesmas paisagens de maneiras novas, mas mesmo assim estou no caminho, não saí dele, apenas avancei. E quando cobramos os outros para que vejam as coisas como nós as vemos, pode ser que ele esteja à frente de nós, então sabe que aquela visão vai passar em breve. Ou pode estar atrás de nós, e então será preciso esperar que avence para ver as coisas como nós as vemos. E mesmo assim, estando no mesmo ponto, olhe para outro lado e veja coisas que nós não vemos!

Só o Espírito pode fazer-nos avançar. Claro, ele usa palavras que dizemos, testemunhos que damos, orações que fazemos para que outros entrem no caminho, quem sabe no mesmo ponto em que estamos. Estes ficarão tão deslumbrados com a quantidade de novas percepções e visões que deixarão passar muitos e belos enquadramentos da paisagem. Aos poucos sentirão o mesmo que sentimos, começarão perceber como percebemos e verão como vemos. Mas somente o Espírito pode fazer isso.

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O nome do Senhor e a fé do homem

No Ocidente a tradição cristã prevalece e ela provém da tradição judaica. O judaísmo nasce, grosso modo, no chamado de Deus a Moisés no Egito, quando também tem início um modo diferente de relacionar-se com a divindade. Aquele povo, como também os povos em redor, ouviam e viam vozes e representações diversas, uma vez que adoravam a muitos deuses. O Nilo, o crocodilo, as rãs, o faraó, enfim, vozes dissonantes e representações diversas tornavam o ambiente religioso confuso e difuso.

Quando o Senhor nomeia Moisés como seu representante, este logo pergunta pelo seu nome, ao que Deus responde “Eu sou o que Sou... O Senhor... este é o meu nome eternamente” (Êx 3.14,15).

O Senhor não permite representações da sua presença. Arão esculpe um bezerro, o Senhor manda destruir. Os idólatras erguem altares, o Senhor os repreende com maldições. Até mesmo no seu santo lugar, o tabernáculo, encontramos representações do coração humano na arca, do céu no Lugar Santíssimo e do trono no propiciatório; mais que isso, até os querubins que ladeiam o Senhor no céu estão ali representados, mas há um vazio onde deveria estar o trono de Deus. Ele quer ser lembrado por seu nome, Yahweh, o Senhor.

Quando vem a monarquia em Israel vem com ela seu maior poeta, Davi. É dele o salmo 20 onde lemos “Uns confiam em carros, outros, em cavalos, mas nós invocaremos o nome do Senhor nosso Deus” (v. 7). Poderia falar de Isaias, o profeta messiânico que também falou sobre os nomes de Deus como representações da sua grandeza, mas pelo pequeno espaço que tenho aqui quero avançar até ao apóstolo Paulo em sua carta aos Filipenses, no chamado “hino cristológico” ou o “texto da kenósis”, capítulo 2.5-11.

Neste brilhante parágrafo lemos que Cristo, existindo em forma divina, esvazia-se de sua glória – embora não abra mão de seus atributos, e assume a forma humana, vindo coabitar com os homens. Humilha-se, torna-se servo, desce ao ponto máximo da humilhação na época ao permitir que o crucifiquem, um episódio desonroso para os padrões romanos e mesmo judeus. Em contrapartida, Paulo nos conta, Deus Pai exalta a seu Filho Jesus, não ao dar-lhe bens ou riquezas, mas ao dar-lhe Um Nome que está acima de todo nome, para eu ao nome de Jesus se dobrem os joelhos de todas as criaturas humanas ou celestiais.

Não há representações materiais suficientes para Jesus, o Senhor. Ele não quer ser lembrado por qualquer uma delas, mas pelo Seu Nome, que fala mais alto que qualquer esquema religioso, mais alto que qualquer tradição litúrgica, mais alto que as vozes que dizem anunciar a própria Palavra de Deus, as quais em certos casos têm transformado o nosso ambiente como o Egito Antigo. É o nome do Senhor que desperta a fé no homem, o qual não vê e não toca, mas mesmo diante dessa ausência sabe que o Eu Sou está com ele, e o sabe somente porque tem fé.

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