Em 1989, o muro de Berlim foi derrubado. Anos depois, analistas, especialistas, sociólogos dataram aquele dia como a referência do início da globalização, da pós-modernidade e o símbolo de outras tantas mudanças globais que ocorreram e ocorrem.
De lá para cá se ouviu falar em network, tivemos a internet ligando a todos e diminuindo distâncias, novos padrões de relacionamentos foram estabelecidos, as redes sociais se tornaram o novo locus da convivência, há uma nova ética imperando, ouvimos falar do “politicamente correto”, a tolerância tornou-se bandeira arvorada na luta por espaço e uma drástica relativização da verdade em nome da convivência pacífica e harmoniosa.
O mundo mudou e dita novas regras.
No Brasil e no mundo tudo deve mudar. A Associação LGBTFGYZ... quer calar quem pensa diferente. Agora até a capelania evangélica (!) do Instituto Emílio Ribas deve retratar-se e, em seguida, retirar-se de lá: deixe quem morram sem consolo, gays mesmo, mas sem consolo. O Boninho (Globo), vendo um ilustre BBB rezando disse: “Não adianta rezar porque no BBB Deus não existe”. A Associação de Lésbicas indicou a retirada dos crucifixos dos Tribunais, e eles foram tirados. O Dep. Miguel Corrêa (PT/MG) quer mudar a LDB para incluir no currículo escolar a obrigatoriedade do “ensino da cultura árabe e tradição islâmica”. Em Foz do Iguaçu (PR) um pastor evangélico, juntamente com o novo cristão convertido do islamismo, foi ameaçado por um grupo muçulmano. A “Lei da Palmada” não deixa você educar seus filhos do modo como foi educados (nem se guardadas as devidas proporções). Ali Khamenei, líder espiritual e político do Irã disse que “Israel deve ser varrida do mapa até 2014” e Roberto Justus já tinha dado a deixa: “Se você não está à altura, está eliminado!”.
O apóstolo Paulo disse que Jesus também derrubou um muro: “Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade” (Ef 2.14). Segundo ele, em Cristo também foi derrubado “um muro de inimizade” (v. 14) com o próximo e com Deus e “em seu corpo” (v. 15) surgiu “um novo homem” (v.15) para reconciliar a todos “com Deus por meio da cruz” (v. 16). A cruz se tornou a bandeira da paz para a destruição da inimizade, onde todos são agregados, não destruídos.
Cristo promove a paz ao novo homem. A nova criatura em Cristo tem a paz consigo, com o próximo e com Deus.
Como, então, explicar tantas divisões entre os cristãos? E as denominações? E os muitos problemas na Igreja? A resposta bíblica está em Filipenses 2.5: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus”, isto é, o esvaziamento: “Embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se” (v. 6). Leia o texto todo, de Filipenses 2.5-11.
O assunto de Filipenses 2 é esse: não eu, mas o outro, o próximo. E Paulo dá fartos exemplos do mesmo modelo em textos como em Filipenses 2.3: “... humildemente considerem os outros superiores a si mesmos”; Filipenses 2.21: “Pois todos buscam os seus próprios interesses e não os de Jesus Cristo” e 1Corintios 9.19: “Porque, embora seja livre de todos, fiz-me escravo de todos”. E sabemos que o resultado foi o êxito promovido pelo próprio Deus. Deus exaltou a Cristo, diz o final do texto; é a consequência natural de uma postura tal.
Temos estado muito “inchados”, de nós mesmos, de nossos projetos, de nossas razões. Estamos muito “armados” contra nós mesmos, atacando causas erradas e deixando de ver o perigo real. Alguém um dia desses disse que a Igreja está assim porque ela não tem sofrido. Eu concordo, em partes.
Precisamos insistir na revisão dos valores que nos regem, e fazer o mesmo com nosso comportamento; depois, decidir a quem, realmente, iremos seguir. Só não podemos ficar em cima do muro.
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