A Igreja na Europa e nos Estados Unidos vive uma pálida sombra do vigor que um dia foi a sua maior marca. Isso não significa que ela tivesse vivido um período incomparável de perfeição. Não. Lá nasceram grandes avivamentos e a Reforma. De lá partiram missionários, lá foi elaborada a teologia que nos alcançou, a boa e a, digamos, controversa.
Vou deixar os aspectos técnicos e históricos para outra hora, mas em linhas gerais tivemos a Alemanha como epicentro do pensamento no Século 20, quando a Teologia viveu seu maior apogeu no uso que fez das ciências sociais, e o fez a fim de mostrar-se relevante durante o modernismo. Nesta época as ciências ditavam o tom e diziam no que crer e no que não crer ― ao menos aos demasiadamente preocupados com a racionalidade da vida e da fé.
Ao buscar apoio nas ciências, a Teologia desenvolveu uma dependência tamanha que a afetou radicalmente. Destaque deve ser dado à sociologia que, por lidar com o fenômeno e o discurso religioso, teve as portas abertas e introduziu conceitos que se estabeleceram no ambiente teológico.
O que resulta disso, resumindo, são os modernos teólogos-sociólogos. Converse com um e você logo notará um papo estranho. Ele explica tudo à partir dos pressupostos humanos. Cada aspecto da religião tem um porquê natural, cultural, cujo perfil é tratado perfeitamente por algum argumento sociológico.
Claro que todas as religiões podem ser analisadas sociologicamente, não nego isso. Não admito, mas entendo a aplicação que essa teologia faz da evolução, como também o faz a economia, a biologia e outras. Mas preocupa-me o aspecto religioso, transcendente da questão.
A religião não diminui a ninguém. O Cristianismo em particular exibe os louros de grandes avanços na sociedade Ocidental e basta comparar historicamente os países que permitiram a expansão do Evangelho com os que o proibiram. Por isso não vejo motivo para o Cristianismo como tal (e os cristãos) abrir mão dos elementos sobrenaturais e místicos do seu discurso para tornar-se relevante, interessante ou mesmo palpável ao homem de hoje.
Ao fazer essa faxina incorrem-se dois erros, ao menos. Primeiro, destitui-se a fé do seu próprio objeto. A fé procura o invisível, o improvável, o mistério. O contrário é razão e, portanto, pertence às ciências. E segundo, a fé cristã quando saqueada dos elementos que constituem a sua cosmovisão sobrenatural deixa de ser cristianismo e desce ao nível de qualquer código ético, até mesmo – guardadas as devidas proporções – ateísta.
Aqueles que admitem a Deus de modo diferente dos cristãos também vivem bem com o próximo, preservam a natureza, lutam pela igualdade de direitos, trabalham, pagam impostos. Essa é a norma ética vigente e pessoas de bem procuram esses valores. Muitas até lutam por eles. Jesus, no entanto, não encarnou nem morreu nem ressuscitou para vivermos eticamente. Esse não foi o anúncio feito pelos profetas. Jesus veio para dar-nos vida em abundância, nesta vida e na próxima.
Por isso resisto em eliminar o nascimento virginal, a ressurreição e ascensão do Cristo glorificado e não permuto a esperança no arrebatamento por melhor que seja a teoria ou modelo acadêmico proposto. Espero, como uma criança, a volta de Jesus, que levará a mim e a todos quantos esperam ansiosamente por sua vinda.
Ele nos levará a um céu longe daqui. Trabalho, pago impostos, dou emprego, respeito às leis, preservo a natureza. Isso vai contra o que dizem, que quem espera morar no céu tem deixado as responsabilidades de lado em nome do messianismo que solucionará tudo por aqui. Esse discurso era válido há décadas atrás.
A esperança dos que creem e esperam a Jesus do modo como eu é uma esperança responsável, inclusive com o texto bíblico, e nossos argumentos não são precedidos por nomes como Weber, Berger e outras lendas da sociologia. O que falamos é acompanhado por um firme e convicto “assim diz o Senhor”.
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