quarta-feira, 13 de julho de 2011

Você está rico ou está vestido?

Uma parte dos intérpretes do Apocalipse entende que cada uma das sete cartas representa, além da interpretação literal, um período histórico futuro. Assim, o texto de cada carta, além de ser dirigido a uma igreja que de fato existiu na cidade a que foi endereçada, também tenha referência a um período da história da igreja nascente.

Seguindo essa linha de interpretação, estamos vivendo hoje o período coberto pela sétima carta, de Laodiceia, cujas características indicadas no texto são rigorosamente precisas. Refiro-me a um aspecto (pelo curto espaço que temos aqui), a busca pela riqueza tal qual vemos hoje: Jesus mandou João escrever ao anjo ou pastor da igreja a seguinte objeção: “Você diz: ‘Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada’. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e que está nu. Dou-lhe este conselho: Compre de mim ouro refinado no fogo, e você se tornará rico; compre roupas brancas e vista-se para cobrir a sua vergonhosa nudez; e compre colírio para ungir os seus olhos e poder enxergar”. (Ap 3.17,18)

Há dois mil anos Jesus advertia que haveria um tempo quando a liderança e a própria igreja repousaria sua confiança no fato de estarem ricos, de terem adquirido riquezas e não precisarem de nada, nem mesmo da presença de Jesus. Jesus não estava nesta igreja, não do lado de dentro, pois no versículo 20 lemos que ele bate à porta e espera de alguém que ouça a sua voz e abra-a: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo”.

A riqueza material não indica aprovação divina nem mesmo a presença de Deus entre o povo. Ao contrário, é o que diz o texto; ela pode iludir, como de fato tem feito.

Há uns dias, na abertura da nossa Escola Bíblica Dominical, perguntei se havia visitantes em nosso meio, ao que uma mulher levantou a sua mão. Terminada a abertura, fui até ela para orientá-la a assistir aula em uma das 12 classes que temos e, quando perguntei se ela já tinha convite para alguma classe, ouvi: “Eu vim ao culto das 8h, sabe. O Senhor já restituiu minhas empresas – e sem dívidas, e eu estou muito feliz...”.

Que decepção. Pensei em dizer a ela que ali não era o Sebrae mas uma igreja, que não queria saber “das suas empresas”, mas da alma dela. Nosso interesse ali era o aprendizado proposto, o conhecimento do Senhor, a intimidade com Jesus e se o coração dela de fato era habitado pelo Santo Espírito.

Descobri o que não queria: um coração rico, mas miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e que está nu.

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