Enquanto comiam a páscoa, a sua última, Jesus tomou outro pão a fim de instituir a Santa Ceia: “Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o, e o deu aos seus discípulos, dizendo: ‘Tomem e comam; isto é o meu corpo.” (Mt 26.26, ênfases acrescentadas). Estavam reunidos no cenáculo (foto acima), uma sala ampla no coração de Jerusalém.
A Santa Ceia veio a ser para os cristãos a representação material da habitação espiritual da fé e da Palavra de Deus em nós. Da fé, porque é dessa forma que nos apropriamos do seu sacrifício de sangue, representado ali pelo vinho. Da Palavra, porque Jesus mesmo, o Verbo, disse ser ele o Pão da Vida. A Santa Ceia constitui-se, portanto, numa renovação de votos e compromissos de seguirmos firmes na fé apoiada pelo sacrifício e que a Palavra habita em nós e, com isso, nos renova a cada instante.
É a riqueza da simbologia cristã que não podemos deixar de celebrar. Todo o Antigo Testamento foi embelezado com essas propostas linguísticas da tipologia e nós, a Igreja, temos ainda mais motivos para observá-las, já que somos privilegiados por conhecermos o seu cumprimento. Para eles no AT os símbolos eram guias; para nós encantamento com o seu exato e rigoroso cumprimento em Jesus. Que sabedoria o Senhor ocultou naqueles ricos rituais!
A quase dois meses da ocorrência da Santa Ceia, os discípulos de Jesus estavam reunidos no mesmo cenáculo, orando. Eles que haviam sido penetrados pelo Corpo de Cristo na Ceia num compromisso de fé, agora seriam confirmados na sua disposição de expor vidas, força, emoções e razão no anúncio e proclamação da Boa Nova. Mas faltava-lhes algo para romper os limites do judaísmo com suas barreiras étnicas, uma vez que a fé e a Palavra já estavam presentes também nos crentes judeus, seus antecessores.
Assim, naquele mesmo cenáculo, o Espírito Santo vem transbordá-los, resultando num rompante de exaltação à grandeza do Deus visto, crido e confessado. Eles agora se diferenciavam dos antigos homens e mulheres de fé, pois a habitação do Espírito era, dessa vez, dada a toda a carne. Isto é confirmado à medida que Pedro, Felipe, Estêvão e os outros levam para mais longe de Jerusalém o testemunho de que a Verdade que habita em nós leva-nos pelo Caminho.
Quem assim caminha descobre paisagens que se apresentam enquanto avança. Avançam aqueles aos quais Jesus primeiro vem, habita, edifica e orienta. E descobrem a verdade os que, enviados, seguem em frente sem olhar para trás.
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