segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Somos tão idólatras quanto eles

Neste mês de novembro de 2011 liderei um pequeno grupo numa caravana pelo Egito e Israel. A viagem em si ensinou-me muitas lições e deu ocasião para refletir sobre alguns pontos de nosso cristianismo, os quais espero poder compartilhar em alguns posts aqui neste espaço, começando com uma ocorrência na cidade de Belém.


Numa tarde chuvosa o itinerário contemplava uma visita à Igreja da Natividade, um dos muitos pontos turísticos de interesse cristão dominados pela Igreja Romana. Cristãos evangélicos ou protestantes, notadamente aqui no Brasil, têm sérias restrições a qualquer aproximação com os católicos. Motivo maior: a idolatria. “Eles” são idólatras; “nós” não. Será?

Dos pontos visitados durante os dias que ficamos em Israel, muitos deles ocupados por paróquias ou conventos católicos, essa Igreja da Natividade é a mais carregada de ícones e de outros muitos objetos como candelabros dos séculos 2 e 3, altares, telas, esculturas em ouro e bronze, enfim (a imagem acima é uma parcial do altar principal). A igreja é escura e há ritos ortodoxos mesmo durante as visitas. No subsolo fica o ponto onde, segundo a crença, foi o local no qual a manjedoura estava quando Jesus nasceu.

Muitos dos irmãos presentes, pastores, obreiros e leigos, sentiram-se mal ali. Disseram que o lugar era “opresso”, e saíram antes mesmo de o guia local terminar as suas explicações.

A idolatria católico romana se dá sobre imagens, sejam de telas e pinturas, seja de esculturas e amuletos. Atribuem-se a elas supostos poderes de mediadores entre o homem e Deus, mas há católicos que as encaram simplesmente como referências a santos do passado que devem ser imitados hoje.

Mas olhando para o nosso arraial também encontramos nossos próprios ídolos. Há pregadores que se tornaram ídolos; “se eles não pregarem é impossível que Deus fale durante um culto”. Há cantores que se tornaram ídolos; “se eles não cantarem achamos impossível uma reunião ser animada e festiva”. Mas não paramos aí.

Há desejos nutridos por uma pregação triunfalista que foram tornados ídolos. Saúde, riqueza, promoções, conforto. É o evangelho do sofá e não da cruz; a mensagem da network, não do discipulado. Esses são os ídolos evangélicos adorados em praticamente toda e qualquer igreja. Temos nossos ídolos também e os cultuamos na expectativa de que sejamos favorecidos de alguma forma a alcançarmos os bens que deles podemos receber.

Os católicos ainda têm uma desculpa, já que as artes sacras foram introduzidas, em boa parte, no período quando a Palavra de Deus só existia em cópias em latim e o povo mal era alfabetizado. Muitas dessas pinturas cumpriram o papel catequético quando o povo não podia ler qualquer passagem bíblica.

Já os idólatras evangélicos têm Bíblias de estudos e com comentários aos montes; não faltam versões do texto sagrado. Mas era preciso entornar o caldo, então criamos nossos próprios ídolos para adorá-los e cultuá-los: segurança, conforto, proteção e muitas das bênçãos que não foram apontadas por Jesus como sendo devidas a nós. Muitas delas são promessas feitas aos judeus que “saqueamos” e tentamos desfrutá-las. Pense em algo que você deseja: basta pedir ao São Receba Agora ou a Santa Campanha da Vitória. Esses são os nossos ídolos.

Pobres católicos levam a fama, mas os mais idólatras de verdade somos nós.

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