sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Era vidro e se quebrou...

O Novo Testamento usa metáforas para demonstrar os vários aspectos do cristão e da Igreja. Corpo, lavoura, povo, casa, templo sacerdócio entre outras. O mesmo Novo Testamento resgata princípios do Antigo Testamento, da prática judaica de vida em comunidade, que são ou fazem parte do relacionamento homem/Deus. Afinal, foi ao povo judeu que Deus primeiramente revelou-se e lançou algumas diretrizes para o nosso relacionamento com a divindade.


Embora os judeus, na sua maioria, não tivessem uma compreensão clara sobre a esperança da salvação – ainda que alguns personagens do AT escrevessem sobre tal esperança – no Novo Testamento temos não só a esperança como coluna da fé cristã como também a segurança no destino eterno do cristão. “Mas Deus o ressuscitou dos mortos, e, por muitos dias, foi visto... Eles agora são testemunhas dele para o povo. ‘Nós lhes anunciamos... o que Deus prometeu a nossos antepassados ele cumpriu para nós, seus filhos, ressuscitando Jesus, como está escrito no Salmo segundo...’.” (At 13.30-33, entre outras).

A segurança da salvação pela graça é, para o cristão, algo sólido, seguro e a esperança de estar com Jesus no fim dos dias é firme e inabalável.

David Allen Bledsoe, pesquisador do neopentecostalismo, em sua tese de doutorado apresentada na Universidade da África do Sul, em Pretória (2010), cujo resumo li na Ultimato (ed. 328) constata que o neopentecostal não desfruta dessa que é uma das mais benditas pilastras do cristianismo: a segurança na vida eterna com Jesus. E como poderá aprender isto, se uma pesquisa feita no Brasil revelou que 50,68% dos pastores nunca leram a Bíblia uma única vez? O que ensinarão, se não aprenderam?

Assim, o neopentecostal vive como um kardecista, na insegurança de que pode, com todos os seus esforços, deixar passar a oportunidade de “purgar” seus pecados nesta vida.

Da mesma forma, o neopentecostal vive como um religioso oriental, um budista por exemplo, que irá passar os seus anos de existência à procura de um equilíbrio entre o espiritual e o físico – e a balança do neopentecostal tenderá sempre para o material, notadamente o financeiro.

Igualmente o neopentecostal viverá seus dias na terra como o católico, que imagina poder recorrer aos benefícios de um santo intercessor ou de um purgatório imaginário, ansiando que alguém acenda uma vela de sete dias para iluminar a sua alma após deixar este corpo – que no seu caso não é templo, mas uma casa de vidro, cuja segurança é instável e a proteção que oferece é bastante vulnerável.

Coitado do crente como esse. Que aflição deve ser acordar sob o céu de um deus que os deixa aflitos, inseguros e temerosos. Chega a ser cruel um deus assim. Se for preciso apontar algumas das principais diferenças do cristianismo em relação às demais religiões, eu apontaria a segurança na vida futura com o Senhor Jesus: “Queremos que cada um de vocês mostre essa mesma prontidão até o fim, para que tenham a plena certeza da esperança, de modo que vocês não se tornem negligentes, mas imitem aqueles que, por meio da fé e da paciência, recebem a herança prometida.” (Hb 6.11,12)

Quem constrói a sua casa sobre a rocha, como recomendou Jesus, não é derrubado quando vêm os ventos e tempestades. Do contrário, sua fé e vida cristã dão solidez nos momentos quando alguma crise chegar. E ela sempre chega. Se sua casa foi feita num fundamento de vidro, pode esperar: ela irá cair, pois o fundamento não é bom.

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