Por natureza o homem cria expectativas à partir das situações que vive. Ele tem expectativas sobre seu cônjuge, sobre seus filhos, sobre sua profissão, sobre seus amigos, expectativas pessoais, políticas e religiosas. Vamos nos concentrar nessas últimas.
As expectativas que criamos no campo religioso não vêm necessariamente de nós, mas do discurso religioso, das palavras e promessas feitas. Assim, toda pregação pode despertar expectativas as mais diversas. Se a pregação for honesta com o conteúdo da Bíblia, ela provocará as expectativas legítimas, aquelas que o Senhor quer despertar em nós. Se a pregação "usar" a Bíblia para despertar falsas expectativas ou expectativas erradas, nós poderemos ser iludidos ao alimentar esperanças que a Bíblia não pretende dar a ninguém.
No entanto, diante de uma necessidade pessoal, podemos distorcer o sentido da mensagem para fazê-lo ajustar-se às nossas expectativas. Se a mensagem diz, por exemplo, que o Senhor nos dará a vitória no final, indicando que a Igreja será arrebatada e irá para o céu, alguém poderá entender que o pregador está afirmando uma vitória financeira no final da luta e da prova, quando na verdade a mensagem não tratava de um assunto financeiro.
Há casos nos quais o próprio mensageiro, ou líder, cria expectativas erradas sobre a mensagem que transmite. O profeta Jonas é um caso típico. Após denunciar Nínive e acusar o seu pecado, o profeta subiu a uma colina e ficou ao longe aguardando a destruição daquele povo. Mas, a mensagem surtiu efeito pretendido por Deus e o povo arrependeu-se, dando ocasião ao perdão que poupou a cidade da destruição. Jonas, que queria ver o mal daquele povo pecador, ficou indignado, já que não contava com o efeito real, positivo e libertador da mensagem que ele mesmo anunciou.
O principal meio de proteger-se de expectativas enganosas, irreais, criadas a partir de uma mensagem religiosa, cristã ou não, é conhecer o conteúdo e o contexto do seu texto fundamental. A leitura da Bíblia, no caso dos cristãos, dará ao leitor orientações especiais e realísticas sobre o tema principal da sua mensagem: a salvação. O leitor deve saber que esse é o assunto geral da Bíblia e o motivo pelo qual ela foi escrita.
O leitor também deverá levar em conta o tema do livro que deu origem à mensagem. Por exemplo, dizer que o livro de Jó ensina que orar pelos inimigos é o segredo para receber bênçãos em dobro demonstra uma expectativa falsa. O tema principal e o motivo pelo qual este livro foi escrito é o sofrimento humano. Todos os outros subtemas no livro são de valor secundário. O comportamento humano frente ao sofrimento, as causas do sofrimento, a participação de Deus e o Diabo no sofrimento, tudo isso não constitui o tema principal do livro.
O mesmo vale para uma mensagem. Quando você lê ou ouve uma mensagem, deve considerar se ela faz jus ao texto (versículo ou porções bíblicas utilizadas) que dão a ela a sua base, o seu tema ou a proposição da mensagem. Desprezar isso dará a você, seguramente, a oportunidade de criar expectativas falsas. E como o Senhor não tem compromisso com expectativas falsas - o Seu compromisso é com a sua Palavra - o maior prejudicado será você. Esse não é o objetivo de boas mensagens, de mensagens honestas com o conteúdo da Bíblia. Por isso, seja vivo e preste atenção. Crie expectativas reais e seguras e mantenha a sua saúde espiritual - e emocional também!
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