Há anos ouço dizer que o Brasil precisará de uma intensa perseguição religiosa que "mexa" com a Igreja. Esse "mexa" substitui expressões como avive, purifique, prepare-a para o arrebatamento, traga unidade, salve os incrédulos e traga os desviados etc. Fato é, se você tem observado, que esse tempo chegou, é agora!
À exceção da época quando a igreja protestante forçava espaço para instalar-se na terra brasilis, nunca houve um período de tamanha resistência à nossa mensagem. Mais que isso: naqueles tempos a resistência era exercida somente pela Igreja Católica, enfrentamento superado há décadas, ainda que alguns apologistas evangélicos não tenham percebido que nossos principais problemas há muito tempo deixaram de ser com o catolicismo.
Do lado de dentro do arraial evangélico há um panteão de pastores e pregadores desperdiçando tempo, dinheiro e esforços para disparar "fogo amigo", escrevendo e acusando irmãos por questiúnculas. São os "Datenas" da igreja e os "Nelson Rubens" do meio gospel, promotores de desgraças e fofoqueiros de plantão.
Enquanto isso, levamos uma surra dos homossexuais no quesito "unidade". Ativistas LGBT e até os defensores da descriminalização da maconha estão mais unidos e envolvidos na defesa do que “crêem” e do que querem do que nós.
Alguém dirá: Nós levamos dez vezes mais evangélicos à Brasília do que a marcha gay quando da manifestação contra a PL-122. O número foi maior, é verdade, mas em termos proporcionais a mobilização regional, nos Estados, nas cidades e nas próprias denominações não ocorreu da mesma forma. Houve até líderes criticando o grupo que encabeçou o movimento dizendo que “queriam aparecer na mídia”.
Este é apenas um exemplo de motivos pelo quais a Igreja precisa manifestar sua unidade de propósito, de sentido e de parecer, conforme as palavras de Paulo (1Co 1.10). O que é que somos? Somos calvinistas ou arminianos? Ouvimos Voz da Verdade ou Raiz Coral? Batizamos como? Por aspersão ou imersão? E o batismo “do-com-em-por” Espírito Santo? Após cento e cinquenta anos no Brasil ainda há editoras publicando livros para atacar as posições discordantes de outras denominações, como se não dispuséssemos de fartíssima literatura sobre o assunto. BASTA!
Precisamos nos ocupar daquilo que valha a pena e nos envolver com assuntos e problemas que Jesus indicou como sendo “os nossos verdadeiros inimigos”. Confesso estar assustado com a letargia de muitos desses pastores, líderes e acadêmicos que se dizem tão "engajados" mas que não percebem a real dimensão da questão.
Acordem pastores! Acordem professores! Acordem pregadores! Acordem escritores! Acordem cristãos conscientes!
É hora de abandonar o peso excessivo e desnecessário das nossas disputas particulares e promover a causa do Reino de Deus, fazendo-o notado em nossa sociedade, em nossa cultura, no entorno de nossas comunidades, nas políticas públicas e principalmente frente aos crescentes ataques orquestrados feitos por grupos que já estão calando a voz da Igreja. O meu alerta é sério. Estamos distraídos.
A riqueza da Igreja evangélica a tem cegado, como escreveu João aos cristãos de Laodiceia. E não falo pensando nos neopentecostais somente, pois também a riqueza teológica dos tradicionais e a riqueza espiritual dos pentecostais têm impedido de ouvirmos a voz de Jesus batendo à porta e pedindo entrada. Levantamos muros onde Paulo orientou derrubá-los. Tornamos-nos inflexíveis em questões que Jesus disse para sermos tolerantes. Agora precisamos tomar cuidado para não sermos chamados bodes quando esperamos ser chamados ovelhas.
Não proponho um ecumenismo evangélico, é utopia demais para o momento. Mas desejo mais unidade na Igreja cristã no Brasil. Sugiro o abandono dos rótulos, ao menos a começar pelas "camadas mais baixas da Igreja", pois no alto dela o poder econômico levará mais tempo para ser colocado no seu devido lugar de servo, não de senhor.
Promova esta causa, incentive o debate e o envolvimento, dê sugestões e discuta no seu grupo e na sua classe os meios de mudarmos o quadro atual. Ore por isso e motive aqueles mais próximos a você a que façam o mesmo. Seja sal e salgue! Seja luz e ilumine! Do contrário, vá para o fim da fila e ouça novamente a mensagem da salvação. Talvez ainda haja esperança.
Mobilize seus amigos nas redes sociais. Divulgue esse texto, duplique-o, espalhe essa ideia, não amanhã: agora.
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Este espaço foi criado para discutir diferentes assuntos a partir da cosmovisão cristã. O que pretendo é o debate de ideias e o aprofundamento nas questões que interessam a Igreja de modo geral.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Transforme suas férias em retiro espiritual
Este artigo foi publicado em dezembro do ano passado, mas estou retomando-o com alguns ajustes finos. A sua proposta é simples: lembrá-lo de aproveitar a mudança que as férias promovem na rotina diária e dar a devida atenção à sua vida espiritual. Sabemos que muitos de nós passamos o ano todo procurando tempo e espaço na agenda para dedicarmo-nos à oração e leitura da Bíblia (e alguns livros). Todos queremos ter mais tempo para a comunhão com o Senhor. Essa é a hora!
As férias, mesmo que por uma semana ou duas, são a melhor oportunidade anual para reprogramar nossas prioridades, rotinas, hábitos, mudar costumes, colocar as coisas em dia, enfim, um verdadeiro presente. E isto não funciona somente com as coisas que fazemos na área profissional, familiar ou pessoal. O âmbito espiritual não pode ser negligenciado nesta ocasião.
Como teremos [muito!] mais tempo de folga, podemos fixar um tempo para rever nossa vida devocional. Isto inclui oração, leitura e reflexão sobre porções da Bíblia (ou mesmo iniciar a leitura de toda a Bíblia) coisas que sempre queremos fazer, mas... nunca dá!
Quando falo em “fixar um tempo para nossa vida devocional”, isso não significa um tempo fixado rigidamente ― tem que ser nessa hora, embora seja necessário que este tempo seja diário. É possível fazer concessão de um período, cedo, à tarde ― evite a noite, pois você pode estar cansado e aí já sabe o que acontecerá (pessoalmente gosto de fixar esse tempo num horário determinado para não cair numa armadilha). Quando fazemos “muitas concessões” com o horário, assim que retornamos de férias as concessões são transformadas em “dispensas”, do tipo “ah, amanhã eu faço”. E aí você também já sabe o que acontece.
Outra dica importante é a da “sede”. Não vá com muita sede ao pote, pois você pode ficar enojado. Não queira orar uma hora todos os dias no início. Também não queira sair lendo um livro todo da Bíblia em uma só sentada, nem uma porção enorme de capítulos. Siga o seu ritmo e só aumente quando a sua alma pedir isso.
A proposta de um retiro espiritual é ser afastado da rotina diária dos trabalhos, estudos e dia-a-dia. Num retiro temos contato com coisas importantes que são negligenciadas por muitos de nós e aí ficamos encantados, queremos adotá-las em nossas vidas e os retiros funcionam como “disparador” para essas propostas que ficam ocultas em nossa mente e coração.
A proposta de transformar as férias em um retiro é essa: iniciar, disparar o nosso desejo e hábito por coisas que queremos fazer, mas que nunca nos programamos para fazê-las. Assim, com a prática e exercício diários de leitura da Bíblia ― e por que não livros também? ― e oração, quando retornarmos das férias já teremos incorporamos a vida devocional à nossa própria vida. Aí será uma simples questão de reajuste, de continuar fazendo aquilo que iniciamos, de encontrar um horário mais adequado. Mas o importante é iniciar.
Não perca esta oportunidade preciosa. Afinal de contas, Deus mesmo criou um dia da semana para o homem dedicar ao descanso e a devoção espiritual a Ele. As férias são como uma renovação desse período, quando podemos readequar nossas vidas, refletindo sobre o que realmente faz sentido e tem valor. Faça isto!
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As férias, mesmo que por uma semana ou duas, são a melhor oportunidade anual para reprogramar nossas prioridades, rotinas, hábitos, mudar costumes, colocar as coisas em dia, enfim, um verdadeiro presente. E isto não funciona somente com as coisas que fazemos na área profissional, familiar ou pessoal. O âmbito espiritual não pode ser negligenciado nesta ocasião.
Como teremos [muito!] mais tempo de folga, podemos fixar um tempo para rever nossa vida devocional. Isto inclui oração, leitura e reflexão sobre porções da Bíblia (ou mesmo iniciar a leitura de toda a Bíblia) coisas que sempre queremos fazer, mas... nunca dá!
Quando falo em “fixar um tempo para nossa vida devocional”, isso não significa um tempo fixado rigidamente ― tem que ser nessa hora, embora seja necessário que este tempo seja diário. É possível fazer concessão de um período, cedo, à tarde ― evite a noite, pois você pode estar cansado e aí já sabe o que acontecerá (pessoalmente gosto de fixar esse tempo num horário determinado para não cair numa armadilha). Quando fazemos “muitas concessões” com o horário, assim que retornamos de férias as concessões são transformadas em “dispensas”, do tipo “ah, amanhã eu faço”. E aí você também já sabe o que acontece.
Outra dica importante é a da “sede”. Não vá com muita sede ao pote, pois você pode ficar enojado. Não queira orar uma hora todos os dias no início. Também não queira sair lendo um livro todo da Bíblia em uma só sentada, nem uma porção enorme de capítulos. Siga o seu ritmo e só aumente quando a sua alma pedir isso.
A proposta de um retiro espiritual é ser afastado da rotina diária dos trabalhos, estudos e dia-a-dia. Num retiro temos contato com coisas importantes que são negligenciadas por muitos de nós e aí ficamos encantados, queremos adotá-las em nossas vidas e os retiros funcionam como “disparador” para essas propostas que ficam ocultas em nossa mente e coração.
A proposta de transformar as férias em um retiro é essa: iniciar, disparar o nosso desejo e hábito por coisas que queremos fazer, mas que nunca nos programamos para fazê-las. Assim, com a prática e exercício diários de leitura da Bíblia ― e por que não livros também? ― e oração, quando retornarmos das férias já teremos incorporamos a vida devocional à nossa própria vida. Aí será uma simples questão de reajuste, de continuar fazendo aquilo que iniciamos, de encontrar um horário mais adequado. Mas o importante é iniciar.
Não perca esta oportunidade preciosa. Afinal de contas, Deus mesmo criou um dia da semana para o homem dedicar ao descanso e a devoção espiritual a Ele. As férias são como uma renovação desse período, quando podemos readequar nossas vidas, refletindo sobre o que realmente faz sentido e tem valor. Faça isto!
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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
'Sou bom sem Deus’
“Ateus dos EUA decidiram fazer uma mega campanha de doação para provar que são ‘bons sem Deus’. A comunidade na rede social ‘reddit.com’ levantou US$180 mil para dizer que ‘ateus se importam com o próximo’, cuja doação foi para a ONG Médicos Sem Fronteiras. Muitas doações foram acompanhadas de mensagens como “Porque Deus não vai ajudar” e “Sou bom sem Deus”. A ideia faz parte de mais uma das iniciativas de ateus americanos para expressar suas teses de que, para fazer o bem não é preciso ser motivada pela religião”. (Fonte: Portal CREIO)
É para rir. Rir de rolar no chão. A ideia de provar ou não a existência de Deus é muito absurda. Nem mesmo a Bíblia toda traz um único versículo tentando tal proeza. Admite-se Deus pela fé e essa fé é que “prova” para quem a tem a existência do Ser maior. Esse é um ponto da questão. Há outros.
O fato de alguém “resolver” viver sem Deus não anula a existência de Deus. O presidente do Irã também “resolveu” não crer no holocausto. Outras pessoas também “resolveram” não crer que Hitler promoveu o extermínio de milhões de judeus. No entanto há museus do Holocausto com provas materiais, documentos e até bem pouco tempo testemunhas vivas dos campos de concentração. Eu mesmo visitei no último mês de novembro do Museu do Holocausto em Jerusalém. Está lá para quem “resolver” crer.
Terceiro ponto. A perspectiva bíblica indica que o próprio Deus usa homens e mulheres para fazer o bem. A Bíblia ensina, por exemplo, que o rico existe para prover recursos ao pobre. Parece ser o caso dos ateus, cuja existência eu mesmo desacredito. Não creio em ateus porque eles não existem. Dessa forma, a campanha dessa turma é um tiro que sai pela culatra. Como desconhecem os pressupostos bíblicos, eles demonstram que Deus habita o homem, sua criação. E mais: Deus dirige tais homens a ações que são da Sua boa vontade. Fantástico! A Bíblia é um espetáculo para quem tem olhos e coração abertos. Ao tentar provar a inexistência de Deus, confirmam ipsis literis o que a Palavra de Deus ensina.
Mais: Paulo escreveu aos romanos que quando os homens “que não conhecem o evangelho” fazem as coisas próprias do evangelho, demonstram que a Lei de Deus está escrita em seus corações, e isto se torna juízo para eles caso andem contrários a essa lei interior. Vou parar por aqui.
Uma questão ética não é nem nunca será fundamento da religião, embora homens de fé devam ser éticos. Fazer ou não o bem é uma questão ética, pois lida com o ser humano, lida com o semelhante. Isso não está no âmbito da religião nem da fé, e sim da ética. Ao promoverem essa campanha, os “ateus” nem sequer resvalam no campo religioso. Até os governos fazem boas ações éticas, mesmo sendo o Estado uma entidade laica. Grupos humanitários fazem boas ações éticas sem necessariamente terem vínculos religiosos.
“Ateus” dos EUA, Deus agradece a obediência de vocês em tornar a vida do próximo mais fácil. De fato “Deus não vai ajudar”, porque ao criar o homem, religioso ou não, já deu uma mãozinha escrevendo um código ético em seu coração.
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É para rir. Rir de rolar no chão. A ideia de provar ou não a existência de Deus é muito absurda. Nem mesmo a Bíblia toda traz um único versículo tentando tal proeza. Admite-se Deus pela fé e essa fé é que “prova” para quem a tem a existência do Ser maior. Esse é um ponto da questão. Há outros.
O fato de alguém “resolver” viver sem Deus não anula a existência de Deus. O presidente do Irã também “resolveu” não crer no holocausto. Outras pessoas também “resolveram” não crer que Hitler promoveu o extermínio de milhões de judeus. No entanto há museus do Holocausto com provas materiais, documentos e até bem pouco tempo testemunhas vivas dos campos de concentração. Eu mesmo visitei no último mês de novembro do Museu do Holocausto em Jerusalém. Está lá para quem “resolver” crer.
Terceiro ponto. A perspectiva bíblica indica que o próprio Deus usa homens e mulheres para fazer o bem. A Bíblia ensina, por exemplo, que o rico existe para prover recursos ao pobre. Parece ser o caso dos ateus, cuja existência eu mesmo desacredito. Não creio em ateus porque eles não existem. Dessa forma, a campanha dessa turma é um tiro que sai pela culatra. Como desconhecem os pressupostos bíblicos, eles demonstram que Deus habita o homem, sua criação. E mais: Deus dirige tais homens a ações que são da Sua boa vontade. Fantástico! A Bíblia é um espetáculo para quem tem olhos e coração abertos. Ao tentar provar a inexistência de Deus, confirmam ipsis literis o que a Palavra de Deus ensina.
Mais: Paulo escreveu aos romanos que quando os homens “que não conhecem o evangelho” fazem as coisas próprias do evangelho, demonstram que a Lei de Deus está escrita em seus corações, e isto se torna juízo para eles caso andem contrários a essa lei interior. Vou parar por aqui.
Uma questão ética não é nem nunca será fundamento da religião, embora homens de fé devam ser éticos. Fazer ou não o bem é uma questão ética, pois lida com o ser humano, lida com o semelhante. Isso não está no âmbito da religião nem da fé, e sim da ética. Ao promoverem essa campanha, os “ateus” nem sequer resvalam no campo religioso. Até os governos fazem boas ações éticas, mesmo sendo o Estado uma entidade laica. Grupos humanitários fazem boas ações éticas sem necessariamente terem vínculos religiosos.
“Ateus” dos EUA, Deus agradece a obediência de vocês em tornar a vida do próximo mais fácil. De fato “Deus não vai ajudar”, porque ao criar o homem, religioso ou não, já deu uma mãozinha escrevendo um código ético em seu coração.
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terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Adoração: um ato criativo ou idólatra?
Domingo, durante o momento dos cânticos na Igreja, imaginei o quanto a adoração aproxima-nos de ao menos um atributo de Deus: sua criatividade. Que espantosa atividade é a adoração prestada por nós a um Deus que não pode ser visto!
Pessoas de fé reúnem-se uma ou algumas vezes por semana e começam a cantar um tipo de música que agrada a maioria. Não sabemos se nossas músicas agradam a ele; apenas imaginamos que sim. As letras, em muitos casos, fazem alusão aos atos – todos eles – de um ser invisível, inodoro e incolor. Ele diz que criou tudo o que existe, mas é invisível. Ele é chamado Rosa de Saron, mas não sentimos o seu cheiro. Ele é a resplandecente estrela da manhã, mas não vemos a sua cor.
Não o vemos, não sentimos o seu cheiro e não percebemos suas nuanças. Mas sabemos que ele está lá, entronizado entre os nossos louvores, separando o som dos instrumentos e das vozes – a música – da verdadeira adoração, do coração. A adoração é o que ele recebe e é também o que ele procura.
Adorar a um ser sobre o qual cremos é participar, é penetrar em sua própria natureza. Para isso, precisamos criar uma imagem mental que traduza ao nosso entendimento as dimensões e as potencialidades desse ser. Imaginamos criativamente o seu trono, o seu céu, a sua mão, os seus olhos, ainda que tudo isso seja uma figura, fruto da nossa imaginação. Sabemos que Deus não tem membros como os homens, mas projetamos nossa imagem física para criarmos a sua imagem espiritual e divina. Chamam a isso antropomorfismo. Mas Deus é luz, é amor, é justiça. A Bíblia diz isso. Será que é? Talvez não seja nada disso também, já que esses conceitos foram criados por nós. Deus deve ser mais que nossos meros conceitos e imagens.
A percepção de sua presença entre nós ou em nós exige um esforço criativo cujo ambiente é propiciado somente pela fé. E a exemplo, imagem e semelhança da criatividade dele, a pluralidade da nossa criatividade se mostra tão vasta que cada adorador, a partir das descrições que encontramos nas Escrituras, cria segundo a sua medida de fé o “seu” Deus, que é, na verdade, o mesmo Deus. É isso idolatria? É transgressão do mandamento que proíbe imagens? A adoração leva-nos ao pecado? Não creio nisso.
Se eu crio uma imagem de Deus em minha adoração e outro cria, mentalmente, a sua imagem de Deus na mesma adoração, apalpamos, tateamos em busca do mesmo Todo-poderoso que dá a cada um a sua fonte onde mergulhar em busca de refrigério e purificação. Para evitar a idolatria é que extraímos os nossos conceitos da mesma base: a Palavra de Deus. Ela provê parâmetros dentro dos quais a imagem criada é estabelecida e ganha vida para nós. Esse limite demarca o jardim onde devemos encontrar o Senhor a cada dia. Por isso a adoração é tão necessária.
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Pessoas de fé reúnem-se uma ou algumas vezes por semana e começam a cantar um tipo de música que agrada a maioria. Não sabemos se nossas músicas agradam a ele; apenas imaginamos que sim. As letras, em muitos casos, fazem alusão aos atos – todos eles – de um ser invisível, inodoro e incolor. Ele diz que criou tudo o que existe, mas é invisível. Ele é chamado Rosa de Saron, mas não sentimos o seu cheiro. Ele é a resplandecente estrela da manhã, mas não vemos a sua cor.
Não o vemos, não sentimos o seu cheiro e não percebemos suas nuanças. Mas sabemos que ele está lá, entronizado entre os nossos louvores, separando o som dos instrumentos e das vozes – a música – da verdadeira adoração, do coração. A adoração é o que ele recebe e é também o que ele procura.
Adorar a um ser sobre o qual cremos é participar, é penetrar em sua própria natureza. Para isso, precisamos criar uma imagem mental que traduza ao nosso entendimento as dimensões e as potencialidades desse ser. Imaginamos criativamente o seu trono, o seu céu, a sua mão, os seus olhos, ainda que tudo isso seja uma figura, fruto da nossa imaginação. Sabemos que Deus não tem membros como os homens, mas projetamos nossa imagem física para criarmos a sua imagem espiritual e divina. Chamam a isso antropomorfismo. Mas Deus é luz, é amor, é justiça. A Bíblia diz isso. Será que é? Talvez não seja nada disso também, já que esses conceitos foram criados por nós. Deus deve ser mais que nossos meros conceitos e imagens.
A percepção de sua presença entre nós ou em nós exige um esforço criativo cujo ambiente é propiciado somente pela fé. E a exemplo, imagem e semelhança da criatividade dele, a pluralidade da nossa criatividade se mostra tão vasta que cada adorador, a partir das descrições que encontramos nas Escrituras, cria segundo a sua medida de fé o “seu” Deus, que é, na verdade, o mesmo Deus. É isso idolatria? É transgressão do mandamento que proíbe imagens? A adoração leva-nos ao pecado? Não creio nisso.
Se eu crio uma imagem de Deus em minha adoração e outro cria, mentalmente, a sua imagem de Deus na mesma adoração, apalpamos, tateamos em busca do mesmo Todo-poderoso que dá a cada um a sua fonte onde mergulhar em busca de refrigério e purificação. Para evitar a idolatria é que extraímos os nossos conceitos da mesma base: a Palavra de Deus. Ela provê parâmetros dentro dos quais a imagem criada é estabelecida e ganha vida para nós. Esse limite demarca o jardim onde devemos encontrar o Senhor a cada dia. Por isso a adoração é tão necessária.
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A ditadura gay (ou a farsa) no SBT
No último dia 10, participei no SBT, da gravação do que foi-me dito "um debate sobre o tema: Homossexualismo, certo ou errado?". Já participei de dezenas de debates em rádios e mesmo na TV, quando os debatedores discutem temas tendo as mesmas oportunidades de falar e ouvir de forma equilibrada. Civilidade, para dizer o mínimo.
Quando a gravação do programa começou eu defenderia minha posição frente a um travesti e a uma lésbica. A situação que já era desigual (dois contra um) ganhou, ainda, a tal da Thammy Gretchen, conhecida lésbica, como "mediadora"; mais três jurados, um dos quais militante gay, e outros dois influenciáveis que não tinham qualquer compromisso com uma postura mais coerente ou mesmo conservadora e, por fim, o diretor do programa, cabeleireiros e maquiadores também homossexuais, estes últimos dizendo que queriam “entrar em cena e quebrar minha cara”. Esse foi o cenário armado para "debater" o tema.
Não tenho como nem quero fazer uma análise de todo o programa, apenas vou pontuar alguns posicionamentos para os quais precisei recorrer à alteração do tom de voz se quisesse concluir minhas respostas. Mesmo assim, o militante gay que polarizou o "debate" em vez de deixar os debatedores falarem por si mesmos, distorceu minhas falas, tirando de minhas afirmações as conclusões que eu mesmo não fiz. Isso ficará evidente quando o programa for ao ar.
1. A produção do programa manipula claramente a verdade. Foi convidado a estar do meu lado um "ex-gay". Mentira. Ao final do programa, o rapaz confessou-me “ter sido pago para estar ali mentindo”, pois a produção não conseguiu encontrar alguém recuperado de fato e que não fosse membro de alguma igreja, “para não ficar desigual”. Ora, vejam que honrada preocupação com o “equilíbrio do debate”.
2. Os debatedores, ambos despreparados, foram amparados pelo jurado militante, este sim engajado na causa gay. Os debatedores não tinham argumentos, não responderam às questões que levantei. A lésbica mentiu quando disse não ter tomado hormônio, contradizendo-se ao afirmar ter tomado anabolizante. Anabolizantes são hormônios! O travesti não pode defender-se quando afirmei sobre a vida miserável que levam os homossexuais que fazem programa para sobreviverem, flagrante confissão que de fato a condição em que vivem é uma situação deplorável, e que a Igreja pode ajudar a reverter. Também não puderam responder como, "por meios naturais", o travesti poderia constituir família, como disse “pensar em fazer um dia”. A adoção é uma situação que não se enquadra na questão que eu levantei, já que o ponto em questão era a constituição de família por meios naturais, não em situações de exceção.
3. O jurado militante distorceu minha fala em vários momentos, lamentavelmente quando:
a) disse que eu apelei ao falar somente sobre religião. Convidaram um pastor, mas não querem discutir o tema em bases religiosas! Há algo muito errado nisso. Durante todo o tempo procurei amparo no argumento da psicologia e, vez ou outra, na biologia (portanto, não fiei-me na discussão religiosa do tema), e
b) disse que “minha fala acrescenta mais culpa a quem está em casa”. Uma vez que a discussão girou em torno de argumentos da perspectiva da psicologia; uma vez que os homossexuais afirmam que a condição deles é natural e não comportamental e aprendida, não há como justificar qualquer culpa! A culpa, neste contexto, é elemento da religião que foi desconsiderada no “debate”. A acusação não procede.
Além do mais, por sugestão do mesmo jurado, o debate não se pautou pela religião. Assim, não pude esclarecer mais demoradamente que o papel da Igreja tem sido o de ajudar a qualquer pessoa, de qualquer grupo (de risco ou não) com algum transtorno ou desvio de comportamento, a realinhar sua vida, seus ideais, seus valores e seu comportamento.
Há dois mil anos a Igreja tem sido a principal aliada na recuperação de vidas e de famílias; sou exemplo vivo disso. Mas os resultados mais efetivos dessa recuperação acontecem na vida daqueles que se reconhecem necessitados de ajuda. Jesus disse que "os sãos não necessitam de médicos, mas os doentes".
A "mediadora" Thammy tem nisso a resposta de quando disse não ter obtido qualquer resultado quando se dispôs a ser ajudada pela Igreja. A igreja nunca foi um laboratório onde pessoas vão fazer suas experiências. Os resultados do relacionamento entre o cristão e Jesus se dão na base da fé e obediência, não do desafio e do confronto. E ainda, seu argumento de que "o pastor não a quis batizar" não encontra eco. Não há qualquer grupo sério que admita em seu meio aqueles que querem fazer sua afiliação ao seu próprio modo, ditando novas normas. Qualquer grupo, sociedade, clube ou religião tem as suas próprias regras, às quais aquele que faz o ingresso deve submeter-se. A Igreja primeiro orienta ao arrependimento seguido do batismo e sem arrependimento o batismo não tem qualquer função prática ou efetiva.
O programa deverá ir ao ar no dia 6 de janeiro de 2012, por volta das 20h15, salvo mudança na grade de programação. E desejo que de fato vá ao ar para que você que lê esse texto antecipadamente possa assisti-lo e verificar aquilo que chamamos "marmelada". Evidentemente há muitos outros pontos que passaram longe desse texto e outros que não irão ao ar.
Pessoalmente me sinto em paz e ainda mais após este texto. Embora o resultado tenha sido negativo pela opinião da platéia presente (houve votação sobre quem convenceu melhor), não avalio negativamente o que disse ou deixei de dizer. Senti paz com o meu Senhor, de quem também senti o amparo em todo o tempo e a quem oro a fim de não permitir que a mentira surta qualquer efeito negativo aos ouvidos e olhos de quem assistir ao programa.
Jesus libertou-me de mais de seis anos de dependência química, restaurou minha família e nossa dignidade. Eu não acordei um dia e disse: "Acho que vou ser usuário de drogas". As circunstâncias me levaram a decidir pelas drogas; foi opção minha. Aquele que pode libertar a todos quantos se aproximam Dele pode, do mesmo modo como libertou-me da dependência química, curar ainda hoje quem Dele necessita, inclusive do preconceito e a fobia contra a religião e em especial contra os evangélicos.
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Quando a gravação do programa começou eu defenderia minha posição frente a um travesti e a uma lésbica. A situação que já era desigual (dois contra um) ganhou, ainda, a tal da Thammy Gretchen, conhecida lésbica, como "mediadora"; mais três jurados, um dos quais militante gay, e outros dois influenciáveis que não tinham qualquer compromisso com uma postura mais coerente ou mesmo conservadora e, por fim, o diretor do programa, cabeleireiros e maquiadores também homossexuais, estes últimos dizendo que queriam “entrar em cena e quebrar minha cara”. Esse foi o cenário armado para "debater" o tema.
Não tenho como nem quero fazer uma análise de todo o programa, apenas vou pontuar alguns posicionamentos para os quais precisei recorrer à alteração do tom de voz se quisesse concluir minhas respostas. Mesmo assim, o militante gay que polarizou o "debate" em vez de deixar os debatedores falarem por si mesmos, distorceu minhas falas, tirando de minhas afirmações as conclusões que eu mesmo não fiz. Isso ficará evidente quando o programa for ao ar.
1. A produção do programa manipula claramente a verdade. Foi convidado a estar do meu lado um "ex-gay". Mentira. Ao final do programa, o rapaz confessou-me “ter sido pago para estar ali mentindo”, pois a produção não conseguiu encontrar alguém recuperado de fato e que não fosse membro de alguma igreja, “para não ficar desigual”. Ora, vejam que honrada preocupação com o “equilíbrio do debate”.
2. Os debatedores, ambos despreparados, foram amparados pelo jurado militante, este sim engajado na causa gay. Os debatedores não tinham argumentos, não responderam às questões que levantei. A lésbica mentiu quando disse não ter tomado hormônio, contradizendo-se ao afirmar ter tomado anabolizante. Anabolizantes são hormônios! O travesti não pode defender-se quando afirmei sobre a vida miserável que levam os homossexuais que fazem programa para sobreviverem, flagrante confissão que de fato a condição em que vivem é uma situação deplorável, e que a Igreja pode ajudar a reverter. Também não puderam responder como, "por meios naturais", o travesti poderia constituir família, como disse “pensar em fazer um dia”. A adoção é uma situação que não se enquadra na questão que eu levantei, já que o ponto em questão era a constituição de família por meios naturais, não em situações de exceção.
3. O jurado militante distorceu minha fala em vários momentos, lamentavelmente quando:
a) disse que eu apelei ao falar somente sobre religião. Convidaram um pastor, mas não querem discutir o tema em bases religiosas! Há algo muito errado nisso. Durante todo o tempo procurei amparo no argumento da psicologia e, vez ou outra, na biologia (portanto, não fiei-me na discussão religiosa do tema), e
b) disse que “minha fala acrescenta mais culpa a quem está em casa”. Uma vez que a discussão girou em torno de argumentos da perspectiva da psicologia; uma vez que os homossexuais afirmam que a condição deles é natural e não comportamental e aprendida, não há como justificar qualquer culpa! A culpa, neste contexto, é elemento da religião que foi desconsiderada no “debate”. A acusação não procede.
Além do mais, por sugestão do mesmo jurado, o debate não se pautou pela religião. Assim, não pude esclarecer mais demoradamente que o papel da Igreja tem sido o de ajudar a qualquer pessoa, de qualquer grupo (de risco ou não) com algum transtorno ou desvio de comportamento, a realinhar sua vida, seus ideais, seus valores e seu comportamento.
Há dois mil anos a Igreja tem sido a principal aliada na recuperação de vidas e de famílias; sou exemplo vivo disso. Mas os resultados mais efetivos dessa recuperação acontecem na vida daqueles que se reconhecem necessitados de ajuda. Jesus disse que "os sãos não necessitam de médicos, mas os doentes".
A "mediadora" Thammy tem nisso a resposta de quando disse não ter obtido qualquer resultado quando se dispôs a ser ajudada pela Igreja. A igreja nunca foi um laboratório onde pessoas vão fazer suas experiências. Os resultados do relacionamento entre o cristão e Jesus se dão na base da fé e obediência, não do desafio e do confronto. E ainda, seu argumento de que "o pastor não a quis batizar" não encontra eco. Não há qualquer grupo sério que admita em seu meio aqueles que querem fazer sua afiliação ao seu próprio modo, ditando novas normas. Qualquer grupo, sociedade, clube ou religião tem as suas próprias regras, às quais aquele que faz o ingresso deve submeter-se. A Igreja primeiro orienta ao arrependimento seguido do batismo e sem arrependimento o batismo não tem qualquer função prática ou efetiva.
O programa deverá ir ao ar no dia 6 de janeiro de 2012, por volta das 20h15, salvo mudança na grade de programação. E desejo que de fato vá ao ar para que você que lê esse texto antecipadamente possa assisti-lo e verificar aquilo que chamamos "marmelada". Evidentemente há muitos outros pontos que passaram longe desse texto e outros que não irão ao ar.
Pessoalmente me sinto em paz e ainda mais após este texto. Embora o resultado tenha sido negativo pela opinião da platéia presente (houve votação sobre quem convenceu melhor), não avalio negativamente o que disse ou deixei de dizer. Senti paz com o meu Senhor, de quem também senti o amparo em todo o tempo e a quem oro a fim de não permitir que a mentira surta qualquer efeito negativo aos ouvidos e olhos de quem assistir ao programa.
Jesus libertou-me de mais de seis anos de dependência química, restaurou minha família e nossa dignidade. Eu não acordei um dia e disse: "Acho que vou ser usuário de drogas". As circunstâncias me levaram a decidir pelas drogas; foi opção minha. Aquele que pode libertar a todos quantos se aproximam Dele pode, do mesmo modo como libertou-me da dependência química, curar ainda hoje quem Dele necessita, inclusive do preconceito e a fobia contra a religião e em especial contra os evangélicos.
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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Assim como o Oriente está distante do Ocidente...
Uma amiga comentou a afirmação que ouviu durante a pregação, o que chamou a minha atenção. O pregador teria dito algo assim: “A visão define a ação, que determina o hábito, que molda o caráter e que nos leva ao destino. Isso equivale a habilidade de ver o futuro.” Há um pregador norteamericano que se notabilizou entre os cristãos, George Barna. Ele tem, publicado no Brasil, alguns bons livros sobre o poder da visão.
Mas qual o problema com a afirmação mencionada pela amiga? Nenhuma. Ela é verdadeira ou, no mínimo, faz sentido. Então por que importar-se com ela? Porque a afirmação foi feita num culto, numa reunião da Igreja, teoricamente amparada por textos e citações da Bíblia. E há problema com isso? Sim, e explico.
Considere que mensagens como essas e muitas outras semelhantes, estão à disposição de cristãos de todo nível, novos e velhos, iniciados e maduros, bem ou mal intencionados, leigos e oficiais. Um novo cristão, quando ouve uma mensagem dessa seguidamente, tenderá a pensar que o evangelho e todo o conteúdo da Bíblia estão amparados sobre modelos psicológicos de afirmação. Mais que isso, que qualquer ação do homem é, em si, uma ação unilateral, que depende apenas da disposição humana ou, no mínimo, da sua capacidade de enxergar além daquilo que o seu semelhante consegue enxergar. E nada mais particular que a visão!
Onde entra Jesus nessa história? Ele é quem dá a visão que precisamos ter. Ele é quem a revela e provê os recursos para que a alcancemos. Mas isso é tão marginal ao contexto da mensagem que corre o risco de passar despercebido ao ouvinte. E aí reside o malefício de mensagens com esse teor.
Por isso a pregação e o ensino cristãos devem – irremediavelmente – ser cristocêntricos. Se nossa pregação não passar por Jesus, não temos nada a dizer a uma audiência de cristãos. Antonio Vieira já via esse problema no Século 17, pois escreveu no Sermão da Sexagésima: “Prega-se sobre a Palavra, mas não a Palavra”. E acrescenta que essa era a causa de haver muitas igrejas, muitos pregadores, mas poucas conversões. E isso mudou hoje? De forma alguma, tanto que no Século 20 Billy Graham e John Stott disseram algo a esse respeito. O que houve de variação foi que as temáticas foram mudadas, mas ainda desconsiderando a necessidade da cristocentricidade.
O evangelho, que é simples e não menos de difícil aplicação, tem sido mudado em um emaranhado de formulações quase algébricas que destoam o sentido original já presente nos enunciados do Antigo Testamento. Os antigos judeus e a mente oriental não raciocinam em categorias analíticas. Seu enfoque está nas questões da vida, do longo prazo, do domínio próprio e do equilíbrio. Nós somos imediatistas, analíticos, pragmáticos. Eles pensam na família como grande desafio da vida de um homem; nós não conseguimos sucesso no lar, batemos recordes de divórcio e mesmo assim queremos resolver os problemas do planeta. A Bíblia não dá base a esse modo interpretação de suas verdades e princípios e forçá-la a isso é um atentado ao seu valor mais intrínseco: ser ela a revelação de Deus ao homem para que este tenha a vida.
Por que não desfrutamos a plenitude daquilo que o cristianismo oferece de melhor? Porque Jesus ensinou princípios e nós queremos fórmulas; Jesus apontou para a base do edifício, mas nós temos olhado para a torre de marfim.
Quem se aproxima do evangelho precisa considerar que Jesus pregou o Reino acima de tudo, inclusive da Igreja (tema que ele pouco explorou) e disse aos seus ouvintes que buscassem a Vida, a qual ele afirmou ser encontrada no relacionamento pessoal com ele. Nós, ao contrário, não enfatizamos o Reino, mas a Igreja (e o que podemos extrair da frequência a seus cultos) e queremos saber matematicamente como ter uma vida boa aqui e agora, não no futuro. Estamos tão longes da realidade espiritual ensinada pelo Senhor Jesus, assim como o Oriente está longe do Ocidente.
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Mas qual o problema com a afirmação mencionada pela amiga? Nenhuma. Ela é verdadeira ou, no mínimo, faz sentido. Então por que importar-se com ela? Porque a afirmação foi feita num culto, numa reunião da Igreja, teoricamente amparada por textos e citações da Bíblia. E há problema com isso? Sim, e explico.
Considere que mensagens como essas e muitas outras semelhantes, estão à disposição de cristãos de todo nível, novos e velhos, iniciados e maduros, bem ou mal intencionados, leigos e oficiais. Um novo cristão, quando ouve uma mensagem dessa seguidamente, tenderá a pensar que o evangelho e todo o conteúdo da Bíblia estão amparados sobre modelos psicológicos de afirmação. Mais que isso, que qualquer ação do homem é, em si, uma ação unilateral, que depende apenas da disposição humana ou, no mínimo, da sua capacidade de enxergar além daquilo que o seu semelhante consegue enxergar. E nada mais particular que a visão!
Onde entra Jesus nessa história? Ele é quem dá a visão que precisamos ter. Ele é quem a revela e provê os recursos para que a alcancemos. Mas isso é tão marginal ao contexto da mensagem que corre o risco de passar despercebido ao ouvinte. E aí reside o malefício de mensagens com esse teor.
Por isso a pregação e o ensino cristãos devem – irremediavelmente – ser cristocêntricos. Se nossa pregação não passar por Jesus, não temos nada a dizer a uma audiência de cristãos. Antonio Vieira já via esse problema no Século 17, pois escreveu no Sermão da Sexagésima: “Prega-se sobre a Palavra, mas não a Palavra”. E acrescenta que essa era a causa de haver muitas igrejas, muitos pregadores, mas poucas conversões. E isso mudou hoje? De forma alguma, tanto que no Século 20 Billy Graham e John Stott disseram algo a esse respeito. O que houve de variação foi que as temáticas foram mudadas, mas ainda desconsiderando a necessidade da cristocentricidade.
O evangelho, que é simples e não menos de difícil aplicação, tem sido mudado em um emaranhado de formulações quase algébricas que destoam o sentido original já presente nos enunciados do Antigo Testamento. Os antigos judeus e a mente oriental não raciocinam em categorias analíticas. Seu enfoque está nas questões da vida, do longo prazo, do domínio próprio e do equilíbrio. Nós somos imediatistas, analíticos, pragmáticos. Eles pensam na família como grande desafio da vida de um homem; nós não conseguimos sucesso no lar, batemos recordes de divórcio e mesmo assim queremos resolver os problemas do planeta. A Bíblia não dá base a esse modo interpretação de suas verdades e princípios e forçá-la a isso é um atentado ao seu valor mais intrínseco: ser ela a revelação de Deus ao homem para que este tenha a vida.
Por que não desfrutamos a plenitude daquilo que o cristianismo oferece de melhor? Porque Jesus ensinou princípios e nós queremos fórmulas; Jesus apontou para a base do edifício, mas nós temos olhado para a torre de marfim.
Quem se aproxima do evangelho precisa considerar que Jesus pregou o Reino acima de tudo, inclusive da Igreja (tema que ele pouco explorou) e disse aos seus ouvintes que buscassem a Vida, a qual ele afirmou ser encontrada no relacionamento pessoal com ele. Nós, ao contrário, não enfatizamos o Reino, mas a Igreja (e o que podemos extrair da frequência a seus cultos) e queremos saber matematicamente como ter uma vida boa aqui e agora, não no futuro. Estamos tão longes da realidade espiritual ensinada pelo Senhor Jesus, assim como o Oriente está longe do Ocidente.
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terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Jesus diz “sim” quando dizemos “não”
“A gratidão é uma dádiva que deve ser paga, mas que ninguém tem o direito de esperar que o seja.” Jean-Jacques Rousseau
Em Lucas 7 lemos uma história impressionante. Jesus, convidado por um fariseu para uma refeição, reclinou-se à mesa. Uma pecadora aproximou-se dele e, sem dizer palavras, chorava a tal ponto de lavar os pés de Jesus, aos quais enxugava com os próprios cabelos. O fariseu refletia consigo que Jesus não era profeta, pois se o fosse afastaria de si a pecadora.
Jesus, sabendo o que movia o coração daquele homem, dirigiu-se à Pedro com uma questão sobre amor e gratidão. Aquele que tem uma dívida maior e recebe perdão da mesma é mais amado que aquele que tem uma dívida menor e também recebe o devido perdão. O amor maior é demonstrado para com aqueles que nos ofendem mais. Pedro respondeu acertadamente e Jesus usou a resposta de Pedro para “provocar” o fariseu:
“Vê esta mulher? Entrei em sua casa, mas você não me deu água para lavar os pés; ela, porém, molhou os meus pés com suas lágrimas e os enxugou com seus cabelos. Você não me saudou com um beijo, mas esta mulher, desde que entrei aqui, não parou de beijar os meus pés. Você não ungiu a minha cabeça com óleo, mas ela derramou perfume nos meus pés. Portanto, eu lhe digo, os muitos pecados dela lhe foram perdoados; pois ela amou muito. Mas aquele a quem pouco foi perdoado, pouco ama” (Lc 7.44-47, NVI).
Jesus pode perdoar pecados a todos quantos ele ama. Ele pode, igualmente, realizar na vida dessas pessoas tudo aquilo que ele quiser, pois ele nos ama. Mas ele manifesta seu amor somente a quem faz parte do seu círculo mais íntimo, pessoal? Embora Jesus estivesse à mesa com um religioso – teoricamente alguém do seu métier – o que dizer da pecadora, certamente uma prostituta? Como conciliar essa experiência de um homem cuja agenda é tão concorrida com a de uma pessoa sob toda suspeita: mulher numa sociedade machista, pecadora numa sociedade de puritanos?
Jesus equaciona a questão. Ele diz a Pedro que há pessoas cujo coração, embora empobrecido pelo pecado, mal intencionado pela malícia, abriga uma categoria rara do amor que torna aquele que a possui alguém de rara percepção e sensibilidade espiritual. Aquela mulher não teve apenas os muitos pecados perdoados, mas ainda alcançou a sua salvação por conta do amor que nutria em sua alma.
Pode um leigo, ignorante no conhecimento religioso, alheio às práticas litúrgicas mais ortodoxas e de comportamento réprobo ter alguma relação com aquele a quem chamamos Santo? Nós diríamos um sonoro não. Jesus não; ele diria um amável e doce sim.
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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
A era do erro
Não duvido que a postura mais populista em nossa sociedade é a da condenação. Quer ver seu blog bombar? Denuncie, aponte o erro dos outros, diminua seu semelhante. Um amigo, Jeferson Magno, escreveu há um tempo: "A receita infalível para qualquer blog ser acessado é falar mal do Pr. Silas Malafaia". Claro, usei um exemplo aleatório, mas fato é que falar mal dos outros, de qualquer pessoa que esteja em evidência, dá Ibope e acessos.
Há, por conta disso, pastores, professores e outros "ores" que se especializaram na "imprensa marrom gospel". São verdadeiros "Nelsons Rubens protestantes". Como diz um ditado: "Eles não querem saber quem morreu, eles querem é chorar".
Com pretexto de “defesa apologética da fé”, travestem seus azedumes, suas frustrações, sua pequenez e põem-se a falar mal dos outros, quem quer que seja.
Curiosamente esse “outro” é aquele que tão somente pensa diferente, ainda que esteja do mesmo lado da mesa. Típica intolerância. Não vou usar, aqui, o termo “fundamentalista”, porque o caso nem é esse. Não discutem ideias, discutem opções, preferências na maioria das vezes; ainda que dentro de um espectro teológico.
Fulano é aquilo, não isso. Beltrano diz aquilo, não isso. Por que devemos, dentro da Igreja, ser conhecidos por sermos isso “ou” aquilo? Por pensar assim “ou” assado? Por que não podemos ser isso “e” aquilo?
Os discípulos imediatos de Jesus foram conhecidos e chamados de cristãos em Antioquia. Foram conhecidos por estarem “no Caminho”. Os de hoje são conhecidos por estarem “na trincheira”.
Pelo pouco que entendo, nada mais em desacordo com o pensamento de Jesus. Seus discípulos (como uma sina... posso usar essa palavra?), já pensavam como os de hoje. “Senhor, vimos um expulsando demônios, mas ele não nos segue”. O espírito de denuncismo já dura dois mil anos!
A resposta de Jesus bem que poderia ser transmitida em horário nobre. “Quem comigo não ajunta, espalha. Ninguém que é contra mim usa o meu nome”. Esta é uma afirmação que nos leva a uma séria reflexão. O que diriam os promotores da moral evangélica, os árbitros do povo de Deus, os guardiães da sã doutrina diante de uma declaração assim? Ela é desconcertante, para dizer o mínimo.
Gastar milhões de reais por mês para lavar roupa suja em rede nacional de televisão ou mesmo não gastar dinheiro, mas jogar tempo fora na internet para alimentar um blog tipo “nós ou eles” tem se tornado um empreendimento asqueroso. Há casos em que a ânsia é efetiva e explicitamente marketeira, autopromocional; endomarketing deslavado. Cheira a orgulho próprio. Não há nada de apologético em questão. É quase uma dependência química, um vício pastoral. O ataque é contra pessoas, não contra ideias. Não há qualquer preocupação com o Reino, pois o objetivo é excluir a concorrência, diminuir as chances do adversário e promover-se.
E para finalizar, parafraseando um tweete meu, “na internet, quem você pensava ser certo, é errado; quem você pensava ser errado, é medíocre”.
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Há, por conta disso, pastores, professores e outros "ores" que se especializaram na "imprensa marrom gospel". São verdadeiros "Nelsons Rubens protestantes". Como diz um ditado: "Eles não querem saber quem morreu, eles querem é chorar".
Com pretexto de “defesa apologética da fé”, travestem seus azedumes, suas frustrações, sua pequenez e põem-se a falar mal dos outros, quem quer que seja.
Curiosamente esse “outro” é aquele que tão somente pensa diferente, ainda que esteja do mesmo lado da mesa. Típica intolerância. Não vou usar, aqui, o termo “fundamentalista”, porque o caso nem é esse. Não discutem ideias, discutem opções, preferências na maioria das vezes; ainda que dentro de um espectro teológico.
Fulano é aquilo, não isso. Beltrano diz aquilo, não isso. Por que devemos, dentro da Igreja, ser conhecidos por sermos isso “ou” aquilo? Por pensar assim “ou” assado? Por que não podemos ser isso “e” aquilo?
Os discípulos imediatos de Jesus foram conhecidos e chamados de cristãos em Antioquia. Foram conhecidos por estarem “no Caminho”. Os de hoje são conhecidos por estarem “na trincheira”.
Pelo pouco que entendo, nada mais em desacordo com o pensamento de Jesus. Seus discípulos (como uma sina... posso usar essa palavra?), já pensavam como os de hoje. “Senhor, vimos um expulsando demônios, mas ele não nos segue”. O espírito de denuncismo já dura dois mil anos!
A resposta de Jesus bem que poderia ser transmitida em horário nobre. “Quem comigo não ajunta, espalha. Ninguém que é contra mim usa o meu nome”. Esta é uma afirmação que nos leva a uma séria reflexão. O que diriam os promotores da moral evangélica, os árbitros do povo de Deus, os guardiães da sã doutrina diante de uma declaração assim? Ela é desconcertante, para dizer o mínimo.
Gastar milhões de reais por mês para lavar roupa suja em rede nacional de televisão ou mesmo não gastar dinheiro, mas jogar tempo fora na internet para alimentar um blog tipo “nós ou eles” tem se tornado um empreendimento asqueroso. Há casos em que a ânsia é efetiva e explicitamente marketeira, autopromocional; endomarketing deslavado. Cheira a orgulho próprio. Não há nada de apologético em questão. É quase uma dependência química, um vício pastoral. O ataque é contra pessoas, não contra ideias. Não há qualquer preocupação com o Reino, pois o objetivo é excluir a concorrência, diminuir as chances do adversário e promover-se.
E para finalizar, parafraseando um tweete meu, “na internet, quem você pensava ser certo, é errado; quem você pensava ser errado, é medíocre”.
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sexta-feira, 25 de novembro de 2011
De “pé de anjo” ao pé de meia... ou Um pé de quê?
Está rolando na internet uma declaração feita por um ex-jogador de futebol, ídolo do “clube da Av. Marginal s/nº”. Ele foi membro de uma Assembleia de Deus em S. Paulo por um tempo e agora declara que na IRUD, numa atitude de fé onde doou oitenta e poucos mil reais, ele livrou-se de ter de pagar uma multa em favor do Corinthians e ainda foi indenizado na quantia de R$ 2 milhões.
Já declarei em outros textos e em algumas de minhas palestras que não duvido do poder de Deus para abençoar pessoas, seja essa bênção da natureza que for: espiritual, emocional, financeiras, moral etc.
Quando eu frequentava centro de umbanda, isso na década de oitenta, eu pedia aos pais de santo que falassem com os guias, com os caboclos, que dessem uma “forcinha” para eu melhorar de vida, para não faltar uma namoradinha no meu dia-a-dia, para não deixarem eu ter problemas. Olhando em perspectiva, vinte anos após minha conversão, vejo que hoje sou imensamente mais abençoado que naquele tempo.
Mas por que eu disse isso? Para comparar a motivação que me levava a um centro de umbanda com a motivação com que muitos homens e mulheres (já não os chamo “cristãos”) têm procurado Jesus (ou Gizuz, como diz o Danilo). A noção da verdadeira riqueza da graça de Deus foi, definitivamente, abandonada. Não estou, com isso, julgando a vida devocional de ninguém, nem fazendo juízo do coração alheio, mas foi o próprio Jesus quem disse que “a boca fala do que o coração está cheio”. O que eu devo pensar diante disso?
Será que esses artistas, atletas e tantos outros membros de igreja não têm pastor para ensinar o que é e para que serve a igreja? Ou estão, eles mesmo, interessados em transformar as casas de oração em casas de câmbio? Não há nada melhor para testemunhar em favor da igreja (ou do poder de Deus) do que o extrato bancário? Esse pessoal não se cansa.
Dinheiro é bom e eu gosto, mas um testemunho dessa natureza poderia ser pauta num bate papo de sexta-feira numa lanchonete, ou na pizza de sábado a noite. Ir ao ar em rede nacional para dizer isso é de uma mediocridade sobrenatural, é de uma pequenez absurda, de uma insensatez continental. E pergunto novamente: esse moço não teve pastor para orientá-lo?
E por fim, não demora muito para trocarem o apelido do rapaz. O pé de anjo logo será chamado “Pé-de-coelho: aquele que tira você da merda e dá a você um pé de meia”. E Gizuz vai dar um pé no traseiro de quem põe o coração nos tesouros dessa vida. Não tenha dúvida.
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Já declarei em outros textos e em algumas de minhas palestras que não duvido do poder de Deus para abençoar pessoas, seja essa bênção da natureza que for: espiritual, emocional, financeiras, moral etc.
Quando eu frequentava centro de umbanda, isso na década de oitenta, eu pedia aos pais de santo que falassem com os guias, com os caboclos, que dessem uma “forcinha” para eu melhorar de vida, para não faltar uma namoradinha no meu dia-a-dia, para não deixarem eu ter problemas. Olhando em perspectiva, vinte anos após minha conversão, vejo que hoje sou imensamente mais abençoado que naquele tempo.
Mas por que eu disse isso? Para comparar a motivação que me levava a um centro de umbanda com a motivação com que muitos homens e mulheres (já não os chamo “cristãos”) têm procurado Jesus (ou Gizuz, como diz o Danilo). A noção da verdadeira riqueza da graça de Deus foi, definitivamente, abandonada. Não estou, com isso, julgando a vida devocional de ninguém, nem fazendo juízo do coração alheio, mas foi o próprio Jesus quem disse que “a boca fala do que o coração está cheio”. O que eu devo pensar diante disso?
Será que esses artistas, atletas e tantos outros membros de igreja não têm pastor para ensinar o que é e para que serve a igreja? Ou estão, eles mesmo, interessados em transformar as casas de oração em casas de câmbio? Não há nada melhor para testemunhar em favor da igreja (ou do poder de Deus) do que o extrato bancário? Esse pessoal não se cansa.
Dinheiro é bom e eu gosto, mas um testemunho dessa natureza poderia ser pauta num bate papo de sexta-feira numa lanchonete, ou na pizza de sábado a noite. Ir ao ar em rede nacional para dizer isso é de uma mediocridade sobrenatural, é de uma pequenez absurda, de uma insensatez continental. E pergunto novamente: esse moço não teve pastor para orientá-lo?
E por fim, não demora muito para trocarem o apelido do rapaz. O pé de anjo logo será chamado “Pé-de-coelho: aquele que tira você da merda e dá a você um pé de meia”. E Gizuz vai dar um pé no traseiro de quem põe o coração nos tesouros dessa vida. Não tenha dúvida.
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quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Se não entender a pergunta, não responda
Havia em Jerusalém um tanque chamado Betesda, cujas ruínas ainda estão lá, cfme. foto (João 5.1ss). Sabe-se que naquele espaço se reuniam doentes, inválidos e deficientes que aguardavam um milagre atribuído à Deus quando as águas eram agitadas. Mas não é essa a questão neste texto.
Os versículos 5 e 6 dizem: “Um dos que estavam ali era paralítico fazia trinta e oito anos. Quando o viu deitado e soube que ele vivia naquele estado durante tanto tempo, Jesus lhe perguntou: ‘Você quer ser curado?’.” Há duas respostas cabíveis a esta pergunta: Sim ou não. “Sim, evidentemente quero ser curado” ou “Não, estou acostumado e acomodado à minha situação e se sair daqui não tenho para onde ir”.
Mas aquele homem não deu qualquer uma dessas respostas. Ele me surpreende ao dizer: “Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro chega antes de mim”.
Que absurdo! Além de ignorar a questão levantada ele conseguiu atribuir aos seus “amigos de tanque” a culpa por ele estar há tanto tempo na fila do milagre. Em outras palavras ele disse que a demora para a sua cura se dava porque ninguém ali era seu amigo. Quando decidiam ajudar alguém, ele era preterido e outro, ainda que com menos “tempo de casa”, recebia a ajuda e era curado.
Esse paralítico não sabia quem era Jesus. Sua fama corria Israel de norte a sul e o paralitico ignorava a grandeza de Jesus. A oportunidade bateu-lhe à porta, mas as circunstâncias impediram-no de agarrá-la. Além da disposição de realizar o próprio milagre, ele precisou da compreensão e tolerância de Jesus em superara deficiência de um homem tacanho, de físico paralítico e alma cega.
E nós, será que entendemos as mensagens, percebemos as oportunidades e sabemos ao certo quem é Jesus? Porque respostas temos dado; falamos muito sobre a história de Jesus, mas conhecemos o Jesus da história? Receio que muitos de nós não saibamos nem uma coisa nem outra.
Entramos na fila do milagre acreditando que o poder reside nas águas e não naquele que as faz ficarem agitadas. Sem um relacionamento real e pessoal com Jesus, ficaremos a vida toda à espera de intermediários em vez de recorrermos à origem e fonte da graça de Deus.
E por fim, se não entramos no tanque, logo atribuímos a culpa a outro, preservando a nossa integridade, quando nem ao menos entendemos a pergunta que tem sido feita. Dizemos saber muito sobre a igreja, sobre a Bíblia, sobre Deus. Temos respostas na ponta da língua a todo e qualquer enigma proposto, a toda e qualquer situação. Mas temos dado as respostas certas às demandas e às necessidades daqueles que nos cercam?
Temos a resposta, mas ela responde a pergunta que é feita?
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Os versículos 5 e 6 dizem: “Um dos que estavam ali era paralítico fazia trinta e oito anos. Quando o viu deitado e soube que ele vivia naquele estado durante tanto tempo, Jesus lhe perguntou: ‘Você quer ser curado?’.” Há duas respostas cabíveis a esta pergunta: Sim ou não. “Sim, evidentemente quero ser curado” ou “Não, estou acostumado e acomodado à minha situação e se sair daqui não tenho para onde ir”.
Mas aquele homem não deu qualquer uma dessas respostas. Ele me surpreende ao dizer: “Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro chega antes de mim”.
Que absurdo! Além de ignorar a questão levantada ele conseguiu atribuir aos seus “amigos de tanque” a culpa por ele estar há tanto tempo na fila do milagre. Em outras palavras ele disse que a demora para a sua cura se dava porque ninguém ali era seu amigo. Quando decidiam ajudar alguém, ele era preterido e outro, ainda que com menos “tempo de casa”, recebia a ajuda e era curado.
Esse paralítico não sabia quem era Jesus. Sua fama corria Israel de norte a sul e o paralitico ignorava a grandeza de Jesus. A oportunidade bateu-lhe à porta, mas as circunstâncias impediram-no de agarrá-la. Além da disposição de realizar o próprio milagre, ele precisou da compreensão e tolerância de Jesus em superara deficiência de um homem tacanho, de físico paralítico e alma cega.
E nós, será que entendemos as mensagens, percebemos as oportunidades e sabemos ao certo quem é Jesus? Porque respostas temos dado; falamos muito sobre a história de Jesus, mas conhecemos o Jesus da história? Receio que muitos de nós não saibamos nem uma coisa nem outra.
Entramos na fila do milagre acreditando que o poder reside nas águas e não naquele que as faz ficarem agitadas. Sem um relacionamento real e pessoal com Jesus, ficaremos a vida toda à espera de intermediários em vez de recorrermos à origem e fonte da graça de Deus.
E por fim, se não entramos no tanque, logo atribuímos a culpa a outro, preservando a nossa integridade, quando nem ao menos entendemos a pergunta que tem sido feita. Dizemos saber muito sobre a igreja, sobre a Bíblia, sobre Deus. Temos respostas na ponta da língua a todo e qualquer enigma proposto, a toda e qualquer situação. Mas temos dado as respostas certas às demandas e às necessidades daqueles que nos cercam?
Temos a resposta, mas ela responde a pergunta que é feita?
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terça-feira, 22 de novembro de 2011
Lições que aprendi subindo o Sinai
Que fique claro aos teólogos de plantão que não acredito ser possível identificar com exatidão qual das montanhas da cordilheira do Sinai foi escalada por Moisés. Ainda que a Igreja Católica tenha edificado uma capela num de seus cumes, ninguém pode fazer uma afirmação categórica sobre a questão. Mas vamos às lições.
Saímos do hotel às 0h30 para iniciarmos a subida trinta minutos depois, guiados por um rapaz beduíno, povo que vive no deserto e explora a região, com anuência do governo do Egito, atuando como guias e vendendo artesanato.
Éramos 23 pessoas, homens e mulheres, uns mais jovens e outros nem tanto. Inicialmente ficou combinado que um pastor iria atrás do grupo e eu à frente, imediatamente atrás do beduíno. Isso fez muita diferença, pois já no início da subida pude observar como esse beduíno, que nasceu e viverá toda a sua vida no deserto, faz para deslocar-se no escuro, em meio a pedras num terreno irregular, e encarar uma subida de mais de sete mil metros de caminhada!
O beduíno não anda em linha reta encurtando o caminho. Ele anda – isso sim – em ritmo constante, mas procura caminhos que não exijam esforço extra. Seu caminhar é ritmado, constante no trocar seus passos e com isso se tornam mais desenvoltos.
Lição 1: na vida cristã, na jornada da fé, não procure subir rápido, não procure chegar antes e não acelere o passo enquanto desfruta mais fôlego. Sendo constante, ritmado e desviando de pedras e degraus mais altos que exigem uma arrancada desnecessária, você fará esforço apropriado e chegará bem e saudável ao alto do monte.
A quinze minutos do pé do Sinai há um hotel que os peregrinos usam como base. No lobby do hotel há lojas e duas delas alugam ou vendem luvas, gorros e cajados. Aluguei um, pois se o pessoal local indica é porque alguma função devem ter.
E de fato têm. Na subida do monte o cajado ou a vara, pouco maior que uma bengala, ajuda a se equilibrar quando pisamos em falso, seja numa pedra, seja num degrau ou em tantas outras coisas que podem ser encontradas no caminho. Aquela vara ajuda também como apoio e reduz o esforço feito pelas pernas, já que parte do impulso pode ser concentrada nos braços.
Na descida, fiquei impressionado como aquela peça foi útil! Todo o peso do corpo recai nos joelhos, já cansados da longa subida. Mas a vara, além de ajudar também no equilíbrio ao descer, serve como freio para os joelhos já vacilantes.
Lição 2: o apoio do cajado na trilha cristã, o alívio na subida e o controle na descida nunca devem ser descartados. Penso que o salmista tinha exatamente isso em mente quando escreveu: “Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem.” (Salmo 23.4, ênfase minha)
E a última lição. Embora tenhamos combinado quem iria à frente e quem seria o último no grupo, fizemos vários revezamentos, alternando nossas posições a fim de que um avançasse e outro descansasse e vice-versa. Hora eu seguia os passos do guia beduíno, hora eu esperava alguma irmã mais cansada a recobrar o fôlego. No final, todo o grupo chegou bem ao cume do monte e pudemos apreciar o raiar do sol, que é um dos objetivos perseguidos por todos quantos sobem o Sinai: chegar a tempo de ver o sol nascer.
Lição 3: a noção que o apóstolo Paulo nos dá de que somos membros uns dos outros (1Co 12) jamais pode ser esquecida. Nem mesmo um líder, tendo sido destacado para estar à frente do rebanho, pode deixar de entender que nem sempre deverá estar à frente. Para que todos cheguemos ao objetivo proposto, sem que ninguém seja deixado para trás, há que haver alternância de posições de acordo com as demandas da ocasião. Ninguém é tão ilustre que possa ser dispensado de lavar os pés dos mais simples. Por isso é preciso perceber o momento de estar à frente, como também o momento de esperar por outros mais vagarosos.
Se você gostou e entendeu essa mensagem, indique a alguém. Embora alguns tenham mais ou menos facilidade, ou estejam mais acima ou mais abaixo na mesma trilha, todos estamos subindo o monte.
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Saímos do hotel às 0h30 para iniciarmos a subida trinta minutos depois, guiados por um rapaz beduíno, povo que vive no deserto e explora a região, com anuência do governo do Egito, atuando como guias e vendendo artesanato.
Éramos 23 pessoas, homens e mulheres, uns mais jovens e outros nem tanto. Inicialmente ficou combinado que um pastor iria atrás do grupo e eu à frente, imediatamente atrás do beduíno. Isso fez muita diferença, pois já no início da subida pude observar como esse beduíno, que nasceu e viverá toda a sua vida no deserto, faz para deslocar-se no escuro, em meio a pedras num terreno irregular, e encarar uma subida de mais de sete mil metros de caminhada!
O beduíno não anda em linha reta encurtando o caminho. Ele anda – isso sim – em ritmo constante, mas procura caminhos que não exijam esforço extra. Seu caminhar é ritmado, constante no trocar seus passos e com isso se tornam mais desenvoltos.
Lição 1: na vida cristã, na jornada da fé, não procure subir rápido, não procure chegar antes e não acelere o passo enquanto desfruta mais fôlego. Sendo constante, ritmado e desviando de pedras e degraus mais altos que exigem uma arrancada desnecessária, você fará esforço apropriado e chegará bem e saudável ao alto do monte.
A quinze minutos do pé do Sinai há um hotel que os peregrinos usam como base. No lobby do hotel há lojas e duas delas alugam ou vendem luvas, gorros e cajados. Aluguei um, pois se o pessoal local indica é porque alguma função devem ter.
E de fato têm. Na subida do monte o cajado ou a vara, pouco maior que uma bengala, ajuda a se equilibrar quando pisamos em falso, seja numa pedra, seja num degrau ou em tantas outras coisas que podem ser encontradas no caminho. Aquela vara ajuda também como apoio e reduz o esforço feito pelas pernas, já que parte do impulso pode ser concentrada nos braços.
Na descida, fiquei impressionado como aquela peça foi útil! Todo o peso do corpo recai nos joelhos, já cansados da longa subida. Mas a vara, além de ajudar também no equilíbrio ao descer, serve como freio para os joelhos já vacilantes.
Lição 2: o apoio do cajado na trilha cristã, o alívio na subida e o controle na descida nunca devem ser descartados. Penso que o salmista tinha exatamente isso em mente quando escreveu: “Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem.” (Salmo 23.4, ênfase minha)
E a última lição. Embora tenhamos combinado quem iria à frente e quem seria o último no grupo, fizemos vários revezamentos, alternando nossas posições a fim de que um avançasse e outro descansasse e vice-versa. Hora eu seguia os passos do guia beduíno, hora eu esperava alguma irmã mais cansada a recobrar o fôlego. No final, todo o grupo chegou bem ao cume do monte e pudemos apreciar o raiar do sol, que é um dos objetivos perseguidos por todos quantos sobem o Sinai: chegar a tempo de ver o sol nascer.
Lição 3: a noção que o apóstolo Paulo nos dá de que somos membros uns dos outros (1Co 12) jamais pode ser esquecida. Nem mesmo um líder, tendo sido destacado para estar à frente do rebanho, pode deixar de entender que nem sempre deverá estar à frente. Para que todos cheguemos ao objetivo proposto, sem que ninguém seja deixado para trás, há que haver alternância de posições de acordo com as demandas da ocasião. Ninguém é tão ilustre que possa ser dispensado de lavar os pés dos mais simples. Por isso é preciso perceber o momento de estar à frente, como também o momento de esperar por outros mais vagarosos.
Se você gostou e entendeu essa mensagem, indique a alguém. Embora alguns tenham mais ou menos facilidade, ou estejam mais acima ou mais abaixo na mesma trilha, todos estamos subindo o monte.
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segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Somos tão idólatras quanto eles
Neste mês de novembro de 2011 liderei um pequeno grupo numa caravana pelo Egito e Israel. A viagem em si ensinou-me muitas lições e deu ocasião para refletir sobre alguns pontos de nosso cristianismo, os quais espero poder compartilhar em alguns posts aqui neste espaço, começando com uma ocorrência na cidade de Belém.
Numa tarde chuvosa o itinerário contemplava uma visita à Igreja da Natividade, um dos muitos pontos turísticos de interesse cristão dominados pela Igreja Romana. Cristãos evangélicos ou protestantes, notadamente aqui no Brasil, têm sérias restrições a qualquer aproximação com os católicos. Motivo maior: a idolatria. “Eles” são idólatras; “nós” não. Será?
Dos pontos visitados durante os dias que ficamos em Israel, muitos deles ocupados por paróquias ou conventos católicos, essa Igreja da Natividade é a mais carregada de ícones e de outros muitos objetos como candelabros dos séculos 2 e 3, altares, telas, esculturas em ouro e bronze, enfim (a imagem acima é uma parcial do altar principal). A igreja é escura e há ritos ortodoxos mesmo durante as visitas. No subsolo fica o ponto onde, segundo a crença, foi o local no qual a manjedoura estava quando Jesus nasceu.
Muitos dos irmãos presentes, pastores, obreiros e leigos, sentiram-se mal ali. Disseram que o lugar era “opresso”, e saíram antes mesmo de o guia local terminar as suas explicações.
A idolatria católico romana se dá sobre imagens, sejam de telas e pinturas, seja de esculturas e amuletos. Atribuem-se a elas supostos poderes de mediadores entre o homem e Deus, mas há católicos que as encaram simplesmente como referências a santos do passado que devem ser imitados hoje.
Mas olhando para o nosso arraial também encontramos nossos próprios ídolos. Há pregadores que se tornaram ídolos; “se eles não pregarem é impossível que Deus fale durante um culto”. Há cantores que se tornaram ídolos; “se eles não cantarem achamos impossível uma reunião ser animada e festiva”. Mas não paramos aí.
Há desejos nutridos por uma pregação triunfalista que foram tornados ídolos. Saúde, riqueza, promoções, conforto. É o evangelho do sofá e não da cruz; a mensagem da network, não do discipulado. Esses são os ídolos evangélicos adorados em praticamente toda e qualquer igreja. Temos nossos ídolos também e os cultuamos na expectativa de que sejamos favorecidos de alguma forma a alcançarmos os bens que deles podemos receber.
Os católicos ainda têm uma desculpa, já que as artes sacras foram introduzidas, em boa parte, no período quando a Palavra de Deus só existia em cópias em latim e o povo mal era alfabetizado. Muitas dessas pinturas cumpriram o papel catequético quando o povo não podia ler qualquer passagem bíblica.
Já os idólatras evangélicos têm Bíblias de estudos e com comentários aos montes; não faltam versões do texto sagrado. Mas era preciso entornar o caldo, então criamos nossos próprios ídolos para adorá-los e cultuá-los: segurança, conforto, proteção e muitas das bênçãos que não foram apontadas por Jesus como sendo devidas a nós. Muitas delas são promessas feitas aos judeus que “saqueamos” e tentamos desfrutá-las. Pense em algo que você deseja: basta pedir ao São Receba Agora ou a Santa Campanha da Vitória. Esses são os nossos ídolos.
Pobres católicos levam a fama, mas os mais idólatras de verdade somos nós.
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Numa tarde chuvosa o itinerário contemplava uma visita à Igreja da Natividade, um dos muitos pontos turísticos de interesse cristão dominados pela Igreja Romana. Cristãos evangélicos ou protestantes, notadamente aqui no Brasil, têm sérias restrições a qualquer aproximação com os católicos. Motivo maior: a idolatria. “Eles” são idólatras; “nós” não. Será?
Dos pontos visitados durante os dias que ficamos em Israel, muitos deles ocupados por paróquias ou conventos católicos, essa Igreja da Natividade é a mais carregada de ícones e de outros muitos objetos como candelabros dos séculos 2 e 3, altares, telas, esculturas em ouro e bronze, enfim (a imagem acima é uma parcial do altar principal). A igreja é escura e há ritos ortodoxos mesmo durante as visitas. No subsolo fica o ponto onde, segundo a crença, foi o local no qual a manjedoura estava quando Jesus nasceu.
Muitos dos irmãos presentes, pastores, obreiros e leigos, sentiram-se mal ali. Disseram que o lugar era “opresso”, e saíram antes mesmo de o guia local terminar as suas explicações.
A idolatria católico romana se dá sobre imagens, sejam de telas e pinturas, seja de esculturas e amuletos. Atribuem-se a elas supostos poderes de mediadores entre o homem e Deus, mas há católicos que as encaram simplesmente como referências a santos do passado que devem ser imitados hoje.
Mas olhando para o nosso arraial também encontramos nossos próprios ídolos. Há pregadores que se tornaram ídolos; “se eles não pregarem é impossível que Deus fale durante um culto”. Há cantores que se tornaram ídolos; “se eles não cantarem achamos impossível uma reunião ser animada e festiva”. Mas não paramos aí.
Há desejos nutridos por uma pregação triunfalista que foram tornados ídolos. Saúde, riqueza, promoções, conforto. É o evangelho do sofá e não da cruz; a mensagem da network, não do discipulado. Esses são os ídolos evangélicos adorados em praticamente toda e qualquer igreja. Temos nossos ídolos também e os cultuamos na expectativa de que sejamos favorecidos de alguma forma a alcançarmos os bens que deles podemos receber.
Os católicos ainda têm uma desculpa, já que as artes sacras foram introduzidas, em boa parte, no período quando a Palavra de Deus só existia em cópias em latim e o povo mal era alfabetizado. Muitas dessas pinturas cumpriram o papel catequético quando o povo não podia ler qualquer passagem bíblica.
Já os idólatras evangélicos têm Bíblias de estudos e com comentários aos montes; não faltam versões do texto sagrado. Mas era preciso entornar o caldo, então criamos nossos próprios ídolos para adorá-los e cultuá-los: segurança, conforto, proteção e muitas das bênçãos que não foram apontadas por Jesus como sendo devidas a nós. Muitas delas são promessas feitas aos judeus que “saqueamos” e tentamos desfrutá-las. Pense em algo que você deseja: basta pedir ao São Receba Agora ou a Santa Campanha da Vitória. Esses são os nossos ídolos.
Pobres católicos levam a fama, mas os mais idólatras de verdade somos nós.
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terça-feira, 8 de novembro de 2011
Feridas do esquecimento
Hoje quero compartilhar um texto de outro autor, do amigo pastor Estevam Fernandes de Oliveira. O texto é muito significante, especialmente para quem vive nas grandes cidades e habitua-se a valorizar aquilo que não tem tanto valor assim. Espero que gostem.
Certa vez, tomei conhecimento de um episódio impressionante, que causou um forte impacto sobre a minha vida, especialmente no que diz respeito à importância dos relacionamentos significativos da vida e de como eles se tornam periféricos em nossos dias, sobretudo, por conta do individualismo que tem marcado a nossa geração.
Quando foi receber o prêmio Nobel da Paz, em 1979, Madre Tereza de Calcutá fez menção a uma visita que fizera a um dos mais luxuosos asilos para idosos, na América. A beleza e o luxo deixaram-na impressionada. Contudo, algo a impactou mais ainda: os velhinhos ali colocados pelos próprios filhos tinham no rosto uma profunda expressão de tristeza. Ela, intrigada, indagou a si mesma: “por que tanta tristeza e expressão de dor naquelas pessoas, apesar do conforto material que as rodeava?”
De repente, percebeu que todos eles olhavam para uma grande porta. Curiosa, perguntou à sua acompanhante: “Por que todos olham para a mesma porta? E por que não conseguem sorrir?” A responsável pela visita respondeu-lhe: “Eles olham para aquela porta porque esperam ansiosamente a visita dos filhos, e este semblante triste e distante que trazem no rosto é porque se sentem feridos. Acham que foram esquecidos por seus familiares. Infelizmente, de fato, foram esquecidos pelos seus”.
As pessoas ao nosso redor estão famintas não só de pão, mas de afeto também. Existe uma profunda fome de amor, alegria, reconhecimento, gratidão, paz e companhia, debilitando a existência de muitos. Na verdade, por trás de tudo isso, o que existe mesmo é uma dolorosa fome por relacionamentos significativos. Fome de reconhecimento e afetividade.
Aliás, todos estamos famintos. Até mesmo a pessoa mais bem alimentada traz consigo uma fome interior no coração. Esta fome está presente no mundo todo de hoje! É a fome de significado, uma necessidade de não ser esquecida.
Muitos estão olhando para uma porta, exatamente aquela que lhe possibilitará, de maneira verdadeira, sem nenhum risco de rejeição, compartilhar aquilo que eles realmente são. O desejo de um abraço sincero, de uma palavra amiga, de um gesto de carinho e de um olhar de aceitação tem deixado muitos com os olhos fixos em uma espécie de “porta de esperança”, pensando: “Quem sabe, algum dia, alguém se lembrará de mim e virá visitar-me?”
Dolorosamente, muitas casas hoje se transformaram em estranhos asilos por conta do isolamento, da solidão e da frieza com que são tratadas as pessoas que ali residem. São vidas exiladas em suas próprias casas. Quando isto acontece, a angústia obriga as pessoas a procurar um alento. Elas precisam enxergar a esperança, ainda que tardia. É a fome de vida que as força a olhar para uma porta qualquer.
Enfim, os asilos estão por toda parte. Para curar a dor e as feridas da alma, aprendamos a compartilhar o amor com o próximo e, acima de tudo, fixemos os olhos em Jesus Cristo, que é Porta da esperança e a Companhia na solidão. Ele sara as feridas do esquecimento!
Pastor Estevam Fernandes de Oliveira
Certa vez, tomei conhecimento de um episódio impressionante, que causou um forte impacto sobre a minha vida, especialmente no que diz respeito à importância dos relacionamentos significativos da vida e de como eles se tornam periféricos em nossos dias, sobretudo, por conta do individualismo que tem marcado a nossa geração.
Quando foi receber o prêmio Nobel da Paz, em 1979, Madre Tereza de Calcutá fez menção a uma visita que fizera a um dos mais luxuosos asilos para idosos, na América. A beleza e o luxo deixaram-na impressionada. Contudo, algo a impactou mais ainda: os velhinhos ali colocados pelos próprios filhos tinham no rosto uma profunda expressão de tristeza. Ela, intrigada, indagou a si mesma: “por que tanta tristeza e expressão de dor naquelas pessoas, apesar do conforto material que as rodeava?”
De repente, percebeu que todos eles olhavam para uma grande porta. Curiosa, perguntou à sua acompanhante: “Por que todos olham para a mesma porta? E por que não conseguem sorrir?” A responsável pela visita respondeu-lhe: “Eles olham para aquela porta porque esperam ansiosamente a visita dos filhos, e este semblante triste e distante que trazem no rosto é porque se sentem feridos. Acham que foram esquecidos por seus familiares. Infelizmente, de fato, foram esquecidos pelos seus”.
As pessoas ao nosso redor estão famintas não só de pão, mas de afeto também. Existe uma profunda fome de amor, alegria, reconhecimento, gratidão, paz e companhia, debilitando a existência de muitos. Na verdade, por trás de tudo isso, o que existe mesmo é uma dolorosa fome por relacionamentos significativos. Fome de reconhecimento e afetividade.
Aliás, todos estamos famintos. Até mesmo a pessoa mais bem alimentada traz consigo uma fome interior no coração. Esta fome está presente no mundo todo de hoje! É a fome de significado, uma necessidade de não ser esquecida.
Muitos estão olhando para uma porta, exatamente aquela que lhe possibilitará, de maneira verdadeira, sem nenhum risco de rejeição, compartilhar aquilo que eles realmente são. O desejo de um abraço sincero, de uma palavra amiga, de um gesto de carinho e de um olhar de aceitação tem deixado muitos com os olhos fixos em uma espécie de “porta de esperança”, pensando: “Quem sabe, algum dia, alguém se lembrará de mim e virá visitar-me?”
Dolorosamente, muitas casas hoje se transformaram em estranhos asilos por conta do isolamento, da solidão e da frieza com que são tratadas as pessoas que ali residem. São vidas exiladas em suas próprias casas. Quando isto acontece, a angústia obriga as pessoas a procurar um alento. Elas precisam enxergar a esperança, ainda que tardia. É a fome de vida que as força a olhar para uma porta qualquer.
Enfim, os asilos estão por toda parte. Para curar a dor e as feridas da alma, aprendamos a compartilhar o amor com o próximo e, acima de tudo, fixemos os olhos em Jesus Cristo, que é Porta da esperança e a Companhia na solidão. Ele sara as feridas do esquecimento!
Pastor Estevam Fernandes de Oliveira
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Um antigo rei judeu e a pós-modernidade
Davi sempre é lembrado como um "homem segundo o coração de Deus". Esse é o seu principal e mais virtuoso adjetivo. Mas quero usar, sem denegir a sua imagem, uma de suas características negativas que demonstram a complexidade da natureza humana.
É fácil pensar que um homem da estatura de Davi esteja "protegido" de rebaixar a sua condição, de descer a um nível moral repugnante. Engano. Nossas mais virtuosas experiências, nossos mais brilhantes conhecimentos e a mais admirável virtude espiritual ou moral não nos imunizam de sermos lançados na sarjeta social num só instante.
Após tornar-se um gigante na fé, Davi assumiu as rédeas, o controle de suas atitudes para ver-se despencar na vida moral e espiritual, entregando-se visceralmente a um adultério e promovendo o homicídio de um inocente.
Em 2Samuel 11.25 vemos Davi “brincar" de senhor do destino e em 2Samuel 12.5 o vemos adotar o lema: "o que vale para os outros não vale para mim", flagrante resultado das práticas ocasionais adotadas como licensa moral. O ser humano recorre à autopremiações e concessões após um período de resignação e de repetidos acertos.
De igual modo, pensar na atual humanidade como adulta tem promovido um descolamento natural da confiança e dependência de Deus, e estas ficam vistas como alienação da realidade. Deus é chamado de bengala motivacional ou projeção de expectativas elevadas e a religião de entorpecente das massas ignorantes e retrógradas. Nesse cenário, numa sociedade dinâmica como a nossa, cogitar o "fator Deus" é irresponsabilidade. Depender de Deus é ser insensível ao bom senso e à coerência, e principalmente à racionalidade. Até mesmo intolerante!
Davi se mostra autoconfiante, autosuficiente: ele se basta! Neste momento de sua vida ele tipifica o homem pós-moderno.
Mas Davi erra quando tira férias de suas responsabilidsades como rei, do seu dever como soldado. A espiritualidade da vida cristã não se constitui só de atividade ou de liturgia, de engajamento nem negação dos deleites e desfrutes terrenas. Se há que desfrutar algum dom, é preciso saber a hora certa e o tempo de Deus para isso.
Todos os gigantes na fé, homens com a estatura de um Davi, atravessaram situações semelhantes. Abraão, o pai da fé, agiu como filho do Diabo quando mentiu. Jó foi surpreendido, pois aquilo que ele temia lhe sobreveio. Moisés viveu uma crise de descontrole. Pedro abriu deu ocasião a uma declaração maligna e foi excessivamente autoconfiante diante do próprio Jesus. Os filosofos modernos e pós-modernos apoiariam a todos eles.
Immanuel Kant (1724-1804), o maior filósofo da modernidade disse: “Age de tal modo que a máxima da tua ação possa sempre valer também como princípio universal de conduta”. Em outras palavras, esta afirmação ensina que o homem, então, torna-se o “criador” do seu mundo, da moralidade, das referências válidas. Se nos sentimos inclinados a mentir, basta apenas que perguntemos: “Gostaríamos que outros fossem desonestos conosco?”.
Assim como Rubem Alves, Kant coloca o homem como referencial moral e ético, e não Deus. ("O pecado não faria sentido se não fossem os estados emocionais dolorosos”. Alves, Dogmatismo e tolerância).
Friedrich Nietzsche (1844-1900) se saiu com essa de que não há um mundo verdadeiro; tudo limita-se a uma “aparência de perspectiva” cuja origem está em nós mesmos. Com a “morte de Deus”, Nietzsche sustentou os valores humanos somente à medida que lhes damos valor. Do contrário, em si não há qualquer valor.
Davi errou ao olhar uma mulher na hora e lugar errados? Ele foi ético? Foi coerente com seus valores? Kant diria que se aceitarmos que outros façam o mesmo com nossa mulher, então Davi não errou. Rubem Alves diria que se ele não sentir-se "emocionalmente dolorido", não há terá cometido pecado. E Nietzche concluiria que se Davi desprezasse o conceito de adultério e homocídio, eles por si mesmos não fariam qualquer intervenção no ambiente moral ou ético.
Por isso, o mundo ficou chocado diante da explosão de duas grandes guerras. Quando se pensava que o mundo (leia o homem) era adulto, maduro e suficiente, uma matança cruel e devastadora solapou as esperanças e expectativas mais exaltadas. O tiro saiu pela culatra.
Por isso sustentamos que ainda é preciso olhar para Jesus, pois os nossos olhos são as janelas de entrada de informação que podem mover as nossas intervenções no nosso mundo e no mundo de outros. Jesus é o autor da fé e precisamos nutrir nossas vidas espirituais, promover a espiritualidade que tem sido reconsiderada até mesmo nas empresas e na academia. cada um de nós possui vida espiritual tal qual nosso próprio corpo físico.
Davi ainda relatou a patologia causada por seu pecado (Sl 32.3): “Enquanto eu mantinha encondidos os meus pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer” ou “envelheceram os meus ossos”. Muitas das doenças humanas modernas são a própria expressão do pecado cotidiano.
No entanto, Davi nos mostrou porque ficou conhecido como um homem "segundo o coração de Deus". Ele não ofereceu sacrifícios insignificantes ao Senhor, ele não promoveu qualquer ritual de "desencargo de consciência" para apaziguar a ira de um deus incontrolável. Davi quebrantou, castigou o seu coração e reconheceu os atributos do seu Senhor: Ele é criador. Versículo 10: “Cria em mim um coração puro”. Esta expressão "cria" tem conotação com algo novo, que não poderá emergir do que já existe; faz novamente pois o que existe precisa ser desconsiderado. Quem de nós quer abandonar a velha maneira de viver?
No mesmo Salmo 51.14b ele escreveu: “Minha língua aclamará... levantará altamente a tua justiça”. Isso é o louvor que ele dará ao Senhor, resultado de um encontro renovador com aquele que perdoa e apaga as nossas transgressões.
Essa é a expressão da riqueza da graça de Deus e do cristianismo: somos pecadores, mas conhecemos o Deus perdoador.
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É fácil pensar que um homem da estatura de Davi esteja "protegido" de rebaixar a sua condição, de descer a um nível moral repugnante. Engano. Nossas mais virtuosas experiências, nossos mais brilhantes conhecimentos e a mais admirável virtude espiritual ou moral não nos imunizam de sermos lançados na sarjeta social num só instante.
Após tornar-se um gigante na fé, Davi assumiu as rédeas, o controle de suas atitudes para ver-se despencar na vida moral e espiritual, entregando-se visceralmente a um adultério e promovendo o homicídio de um inocente.
Em 2Samuel 11.25 vemos Davi “brincar" de senhor do destino e em 2Samuel 12.5 o vemos adotar o lema: "o que vale para os outros não vale para mim", flagrante resultado das práticas ocasionais adotadas como licensa moral. O ser humano recorre à autopremiações e concessões após um período de resignação e de repetidos acertos.
De igual modo, pensar na atual humanidade como adulta tem promovido um descolamento natural da confiança e dependência de Deus, e estas ficam vistas como alienação da realidade. Deus é chamado de bengala motivacional ou projeção de expectativas elevadas e a religião de entorpecente das massas ignorantes e retrógradas. Nesse cenário, numa sociedade dinâmica como a nossa, cogitar o "fator Deus" é irresponsabilidade. Depender de Deus é ser insensível ao bom senso e à coerência, e principalmente à racionalidade. Até mesmo intolerante!
Davi se mostra autoconfiante, autosuficiente: ele se basta! Neste momento de sua vida ele tipifica o homem pós-moderno.
Mas Davi erra quando tira férias de suas responsabilidsades como rei, do seu dever como soldado. A espiritualidade da vida cristã não se constitui só de atividade ou de liturgia, de engajamento nem negação dos deleites e desfrutes terrenas. Se há que desfrutar algum dom, é preciso saber a hora certa e o tempo de Deus para isso.
Todos os gigantes na fé, homens com a estatura de um Davi, atravessaram situações semelhantes. Abraão, o pai da fé, agiu como filho do Diabo quando mentiu. Jó foi surpreendido, pois aquilo que ele temia lhe sobreveio. Moisés viveu uma crise de descontrole. Pedro abriu deu ocasião a uma declaração maligna e foi excessivamente autoconfiante diante do próprio Jesus. Os filosofos modernos e pós-modernos apoiariam a todos eles.
Immanuel Kant (1724-1804), o maior filósofo da modernidade disse: “Age de tal modo que a máxima da tua ação possa sempre valer também como princípio universal de conduta”. Em outras palavras, esta afirmação ensina que o homem, então, torna-se o “criador” do seu mundo, da moralidade, das referências válidas. Se nos sentimos inclinados a mentir, basta apenas que perguntemos: “Gostaríamos que outros fossem desonestos conosco?”.
Assim como Rubem Alves, Kant coloca o homem como referencial moral e ético, e não Deus. ("O pecado não faria sentido se não fossem os estados emocionais dolorosos”. Alves, Dogmatismo e tolerância).
Friedrich Nietzsche (1844-1900) se saiu com essa de que não há um mundo verdadeiro; tudo limita-se a uma “aparência de perspectiva” cuja origem está em nós mesmos. Com a “morte de Deus”, Nietzsche sustentou os valores humanos somente à medida que lhes damos valor. Do contrário, em si não há qualquer valor.
Davi errou ao olhar uma mulher na hora e lugar errados? Ele foi ético? Foi coerente com seus valores? Kant diria que se aceitarmos que outros façam o mesmo com nossa mulher, então Davi não errou. Rubem Alves diria que se ele não sentir-se "emocionalmente dolorido", não há terá cometido pecado. E Nietzche concluiria que se Davi desprezasse o conceito de adultério e homocídio, eles por si mesmos não fariam qualquer intervenção no ambiente moral ou ético.
Por isso, o mundo ficou chocado diante da explosão de duas grandes guerras. Quando se pensava que o mundo (leia o homem) era adulto, maduro e suficiente, uma matança cruel e devastadora solapou as esperanças e expectativas mais exaltadas. O tiro saiu pela culatra.
Por isso sustentamos que ainda é preciso olhar para Jesus, pois os nossos olhos são as janelas de entrada de informação que podem mover as nossas intervenções no nosso mundo e no mundo de outros. Jesus é o autor da fé e precisamos nutrir nossas vidas espirituais, promover a espiritualidade que tem sido reconsiderada até mesmo nas empresas e na academia. cada um de nós possui vida espiritual tal qual nosso próprio corpo físico.
Davi ainda relatou a patologia causada por seu pecado (Sl 32.3): “Enquanto eu mantinha encondidos os meus pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer” ou “envelheceram os meus ossos”. Muitas das doenças humanas modernas são a própria expressão do pecado cotidiano.
No entanto, Davi nos mostrou porque ficou conhecido como um homem "segundo o coração de Deus". Ele não ofereceu sacrifícios insignificantes ao Senhor, ele não promoveu qualquer ritual de "desencargo de consciência" para apaziguar a ira de um deus incontrolável. Davi quebrantou, castigou o seu coração e reconheceu os atributos do seu Senhor: Ele é criador. Versículo 10: “Cria em mim um coração puro”. Esta expressão "cria" tem conotação com algo novo, que não poderá emergir do que já existe; faz novamente pois o que existe precisa ser desconsiderado. Quem de nós quer abandonar a velha maneira de viver?
No mesmo Salmo 51.14b ele escreveu: “Minha língua aclamará... levantará altamente a tua justiça”. Isso é o louvor que ele dará ao Senhor, resultado de um encontro renovador com aquele que perdoa e apaga as nossas transgressões.
Essa é a expressão da riqueza da graça de Deus e do cristianismo: somos pecadores, mas conhecemos o Deus perdoador.
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segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Sobre Credos, Confissões e Catecismos
Foi Teodoro Beza, biógrafo de João Calvino, quem deu início a certas ênfases na doutrina de Calvino, ênfases essas que o próprio biografado não pretendia dar. Nascia aí o calvinismo que Calvino não ensinou. Justiça seja feita, nem todo o calvinismo deve ser rejeitado, pois trata-se de um excelente programa de reforma de toda a sociedade e não somente da igreja. Entretanto, alguns dos chamados Cinco Pontos do Calvinismo(1)parecem, até mesmo para um calvinista como Norman Geisler, interpretações imprecisas e absurdas do que a Bíblia ensina. Geisler critica abertamente R. C. Sproul, um dos maiores escritores e defensores da doutrina calvinista, demonstrando falácias e contradições em alguns de seus pensamentos e textos.
Há muito o que escrever sobre questões como essas; eu não seria ingênuo a ponto de pretender propor uma revisão do modo como certos grupos reformados lidam com as questões do dia-a-dia da fé. Mas, como dito no início do capítulo, o ponto de partida, em torno do qual proponho a discussão, é o modo como lidamos com o conhecimento herdado – pela tradição e pela Escritura – e a aplicação que fazemos dessa herança, ao conduzirmos pessoas a Cristo e levá-las ao discipulado e à disciplina, com vistas ao crescimento e amadurecimento na fé e na cidadania.
Tenho questões que gostaria que alguém respondesse. Se para os cristãos a Bíblia é a única e última autoridade em matéria de fé e verdade, e uma vez que é possível encontrar nela as principais declarações elaboradas nos Credos que a igreja produziu, por que então não usarmos pura e simplesmente a Bíblia no ensino aos cristãos? Em que, por exemplo, um texto como o de Colossenses 1.15-20 fica devendo diante de um Credo Apostólico ou um Credo Niceno?
Um dos postulados ou slogans da Reforma, formulado por Gilbertus Voetius (1589-1676), é Ecclesia reformata et semper reformanda est, que pode ser traduzido por A Igreja é reformada e está sempre se reformando. Esse princípio, segundo a proposta reformacionista, deveria ser encarado à luz de outra reivindicação: sola scriptura (só a Escritura). Esse sola, que surgiu em oposição à força da tradição romana imposta sobre cada aspecto da vida do cristão, advogava que o alvo era sempre o de promover um retorno às Escrituras.(2) Os reformadores não queriam uma igreja que estivesse sempre mudando, mas sempre se reformando, uma vez que reformar implicava retorno ao texto bíblico, o que promovia um ciclo de pureza a cada leitura e reordenamento da prática do ensino bíblico.
Ao considerar que há diversas passagens bíblicas com declarações posteriormente exploradas nos documentos da Igreja, não estou aqui atacando e repudiando documento algum, principalmente depois de vermos sua necessidade em momentos decisivos da história. Mas há que se dizer que os mesmos precisam ser colocados em seus devidos lugares, em função de uma convergência para ou exaltação da Palavra de Deus. Ela é absoluta, bem como a verdade encontrada em suas páginas. Ela é viva!
(...) o fato de a Bíblia ser nossa autoridade suprema é que nos dá liberdade de retornar às Escrituras e redescobrir verdades, que foram obscurecidas pela tradição e pelos costumes, em relação à igreja. Uma das razões que muitos crentes temem mudanças e defendem as tradições da igreja local é porque suspeitam que a mudança os leva para longe da verdade mais que em direção a ela. (3)
A Bíblia não é um livro de receitas, é um documento único da revelação divina (ênfase minha). (4)
Os perdidos que admitem a necessidade de serem salvos (os eleitos?) não querem saber o que cremos ou o que temos a dizer sobre Deus; eles querem saber o que Deus está dizendo para eles e quais são as boas novas de Deus para o perdido. Da mesma forma, os problemas enfrentados pela Igreja, em determinados momentos da história, devem ser tratados à luz da compreensão reformada pela Escritura. Outros autores também têm notado e escrito sobre a tendência à rigidez provocada pela adoção e “reverência” de documentos históricos em denominações que se guiam por eles.
O projeto para uma comunidade cristã dinâmica é a Palavra de Deus. Embora se deva apreciar as interpretações culturais, tradicionais e denominacionais da Igreja, todas as formas da Igreja de Cristo devem, em suma, sujeitar-se às Escrituras, caso contrário elas, em sua caminhada ao sabor do vento, deixarão, cada vez mais, de ser cristãs. (5)
Não pode haver dúvida de que, mais do que nunca, é preciso nos expormos ao texto bíblico, permitindo que o Senhor fale por meio dele. Por mais sérios que sejam os demais documentos, por mais piedosos que tenham sido seus autores, a Palavra de Deus é nossa regra única de fé. Mesmo irmãos de dentro dos círculos reformados têm identificado grupos que se excedem na defesa dos Credos e das Confissões.
Enquanto escrevia este capítulo, conversei sobre isso com um pastor amigo meu, militante na igreja Reformada. Ele lamentou ver que alguns de seus pares são capazes de conversar por uma hora inteira, citando vários trechos das Confissões, se citar uma única vez a qualquer versículo da Bíblia. Creio que essa não seja a posição dominante a Igreja, mas é um vício a ser combatido.
Certamente, só a exposição diante das Sagradas Escrituras poderá dar respostas seguras para a condução da Igreja na chamada pós-modernidade. Ainda que um Credo ou Confissão funcione como sumário daquilo que Deus diz em sua Palavra, é preciso admitir que muitos casos assemelham-se a alguns apóstolos que impediam as crianças festivas de se achegarem a Cristo. Os apóstolos estão no Caminho, mas é preciso deixar as crianças irem a Cristo.
** Extraído do livro É Cristã a Igreja Evangélica?, publicado pela Arte Editorial
1 Os cinco pontos são: depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e perseverança dos santos.
2 Sempre reformando ou sempre deformando? Augustus Nicodemus, in Servos Ordenados. São Paulo: Ed.Cultura Cristã, ano 3, no. 11, out-dez/2006, p. 19.
3 HORRELL, op. cit., p. 156.
4 Barth. Op. cit., p. 120.
5 Horrell. Op. cit., p. 94.
Há muito o que escrever sobre questões como essas; eu não seria ingênuo a ponto de pretender propor uma revisão do modo como certos grupos reformados lidam com as questões do dia-a-dia da fé. Mas, como dito no início do capítulo, o ponto de partida, em torno do qual proponho a discussão, é o modo como lidamos com o conhecimento herdado – pela tradição e pela Escritura – e a aplicação que fazemos dessa herança, ao conduzirmos pessoas a Cristo e levá-las ao discipulado e à disciplina, com vistas ao crescimento e amadurecimento na fé e na cidadania.
Tenho questões que gostaria que alguém respondesse. Se para os cristãos a Bíblia é a única e última autoridade em matéria de fé e verdade, e uma vez que é possível encontrar nela as principais declarações elaboradas nos Credos que a igreja produziu, por que então não usarmos pura e simplesmente a Bíblia no ensino aos cristãos? Em que, por exemplo, um texto como o de Colossenses 1.15-20 fica devendo diante de um Credo Apostólico ou um Credo Niceno?
Um dos postulados ou slogans da Reforma, formulado por Gilbertus Voetius (1589-1676), é Ecclesia reformata et semper reformanda est, que pode ser traduzido por A Igreja é reformada e está sempre se reformando. Esse princípio, segundo a proposta reformacionista, deveria ser encarado à luz de outra reivindicação: sola scriptura (só a Escritura). Esse sola, que surgiu em oposição à força da tradição romana imposta sobre cada aspecto da vida do cristão, advogava que o alvo era sempre o de promover um retorno às Escrituras.(2) Os reformadores não queriam uma igreja que estivesse sempre mudando, mas sempre se reformando, uma vez que reformar implicava retorno ao texto bíblico, o que promovia um ciclo de pureza a cada leitura e reordenamento da prática do ensino bíblico.
Ao considerar que há diversas passagens bíblicas com declarações posteriormente exploradas nos documentos da Igreja, não estou aqui atacando e repudiando documento algum, principalmente depois de vermos sua necessidade em momentos decisivos da história. Mas há que se dizer que os mesmos precisam ser colocados em seus devidos lugares, em função de uma convergência para ou exaltação da Palavra de Deus. Ela é absoluta, bem como a verdade encontrada em suas páginas. Ela é viva!
(...) o fato de a Bíblia ser nossa autoridade suprema é que nos dá liberdade de retornar às Escrituras e redescobrir verdades, que foram obscurecidas pela tradição e pelos costumes, em relação à igreja. Uma das razões que muitos crentes temem mudanças e defendem as tradições da igreja local é porque suspeitam que a mudança os leva para longe da verdade mais que em direção a ela. (3)
A Bíblia não é um livro de receitas, é um documento único da revelação divina (ênfase minha). (4)
Os perdidos que admitem a necessidade de serem salvos (os eleitos?) não querem saber o que cremos ou o que temos a dizer sobre Deus; eles querem saber o que Deus está dizendo para eles e quais são as boas novas de Deus para o perdido. Da mesma forma, os problemas enfrentados pela Igreja, em determinados momentos da história, devem ser tratados à luz da compreensão reformada pela Escritura. Outros autores também têm notado e escrito sobre a tendência à rigidez provocada pela adoção e “reverência” de documentos históricos em denominações que se guiam por eles.
O projeto para uma comunidade cristã dinâmica é a Palavra de Deus. Embora se deva apreciar as interpretações culturais, tradicionais e denominacionais da Igreja, todas as formas da Igreja de Cristo devem, em suma, sujeitar-se às Escrituras, caso contrário elas, em sua caminhada ao sabor do vento, deixarão, cada vez mais, de ser cristãs. (5)
Não pode haver dúvida de que, mais do que nunca, é preciso nos expormos ao texto bíblico, permitindo que o Senhor fale por meio dele. Por mais sérios que sejam os demais documentos, por mais piedosos que tenham sido seus autores, a Palavra de Deus é nossa regra única de fé. Mesmo irmãos de dentro dos círculos reformados têm identificado grupos que se excedem na defesa dos Credos e das Confissões.
Enquanto escrevia este capítulo, conversei sobre isso com um pastor amigo meu, militante na igreja Reformada. Ele lamentou ver que alguns de seus pares são capazes de conversar por uma hora inteira, citando vários trechos das Confissões, se citar uma única vez a qualquer versículo da Bíblia. Creio que essa não seja a posição dominante a Igreja, mas é um vício a ser combatido.
Certamente, só a exposição diante das Sagradas Escrituras poderá dar respostas seguras para a condução da Igreja na chamada pós-modernidade. Ainda que um Credo ou Confissão funcione como sumário daquilo que Deus diz em sua Palavra, é preciso admitir que muitos casos assemelham-se a alguns apóstolos que impediam as crianças festivas de se achegarem a Cristo. Os apóstolos estão no Caminho, mas é preciso deixar as crianças irem a Cristo.
** Extraído do livro É Cristã a Igreja Evangélica?, publicado pela Arte Editorial
1 Os cinco pontos são: depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e perseverança dos santos.
2 Sempre reformando ou sempre deformando? Augustus Nicodemus, in Servos Ordenados. São Paulo: Ed.Cultura Cristã, ano 3, no. 11, out-dez/2006, p. 19.
3 HORRELL, op. cit., p. 156.
4 Barth. Op. cit., p. 120.
5 Horrell. Op. cit., p. 94.
Outra regra de fé e prática?
Haveria boa intenção por parte daqueles que produziram tais orientações, bem como de todos os que as haviam transmitido, geração após geração, seja verbalmente, seja por escrito (o Midrash)? É certo que sim. Mas, onde estava o problema apontado por Jesus, uma vez que pode-se presumir a boa intenção dos autores e dos transmissores dessas orientações?
O problema é que essas orientações não eram Palavra de Deus e impediam acesso à Palavra revelada por Deus, ou averiguação direta da mesma. Ora, pergunto, o fato de que a produção e distribuição de Bíblias nunca foi tão ampla, implica a conclusão de que disso decorre a possibilidade do acesso ao texto bíblico, por toda e qualquer pessoa que deseje investigá-la pessoalmente? De modo nenhum! A prova é o caso que contei há pouco.
O estatuto(1), ou a declaração de fé(2), das igrejas/denominações mais recentes, rege a conduta dos que se filiam a tais instituições, muitas vezes sem levar em conta o que diz a Palavra de Deus.8 Igrejas históricas de orientação reformada(3), a luterana e algumas pentecostais adotam credos e confissões(4). Somente as mais novas têm redigido seus próprios documentos. Tirando o caráter pejorativo que as disputas e diferenças fomentaram, as divergências entre saduceus, fariseus, essênios e outras seitas menos expressivas no cenário judeu também tinham como pedra de toque as divergências de cunho doutrinário.
Instituições existem, e são constituídas, por pessoas que têm ideais e propostas em comum, e desejam que seus anseios sejam representados pela própria instituição ante a sociedade. As instituições eclesiásticas agregam pessoas que procuram respostas a inquietações e questionamentos que, para elas, ainda não foram resolvidos. Essas instituições vão crescendo, à medida que atraem aqueles que compartilham respostas de consenso, do grupo, a tais questões.
O mesmo se aplica a determinados sistemas filosóficos. Depois do Iluminismo, por exemplo, o Humanismo Existencialista atraiu muitas pessoas que, diante de um agudo sofrimento como o das duas Grandes Guerras, perderam a esperança nas respostas dadas pela religião.
Ora, quando uma instituição não dá respostas satisfatórias às pessoas, estas a abandonam, indo em busca de identidade e respostas em outra. Esta segunda instituição pode ser um sistema filosófico, um movimento nascente, ou uma instituição eclesiástica reunida em torno de uma ideologia e estabelecida em prédios ou templos.
O problema da instituição é que, quanto mais o tempo passa, mais difícil se torna uma renovação em sua maneira de ver a si mesma, ou no critério adotado para fornecer respostas às novas questões que se apresentam a cada dia. E não deveria ser assim, mesmo nas igrejas cuja norma é a utilização de antigos documentos.
É esse o exato esclarecimento que encontramos no prefácio da 17ª edição da Confissão de Fé de Westminster, onde, meu amigo, Dr. Cláudio Marra, adverte que a Confissão “não tenciona congelar-nos no passado nem inutilizar nossa capacidade de raciocínio e reflexão (...) ela nos desafia e estimula a pensarmos profundamente nossa época e a buscarmos nas Escrituras as respostas para as urgentes questões que enfrentamos”.(5)
De fato, há problemas sociais notados hoje que sequer eram imaginados há poucas décadas. Pesquisas com células-tronco, eutanásia, proteção aos direitos dos homossexuais. Ou, quem sabe, questões muito mais antigas, mas bem mais próxima a nós, como: batizar ou não um filósofo existencialista que já havia passado pelo batismo infantil?
O que diz o estatuto? E a declaração de fé? Podemos batizar ou não? Mas, essa é a pergunta a ser feita? A Congregação Cristã do Brasil (para citar um exemplo que conheço) ordena que até mesmo os cristãos adultos, vindos de outras denominações evangélicas, sejam rebatizados! Bem, considerando que cristãos ortodoxos não aceitam que Congregação Cristã seja apresentada como exemplo, por considerarem que se trata de uma seita herética, cabe questionar: O que é uma heresia? Quem determina o que é heresia? Trata-se de um conceito relativo? Cada grupo define o que entende que seja heresia?
A pergunta a ser feita – como entendo – é o que diz a Escritura a esse respeito. Suponho que devamos partir deste ponto. Mas os estatutos – dirá alguém – existem para nortear biblicamente a igreja-denominação, em defesa da fé, diante dos desafios que se apresentam. Ora, desconfio dessa declaração por duas razões muito próximas e posso esclarecê-las, começando por narrar um fato que me ajuda a esclarecer a primeira razão. E é o seguinte: fui convidado a desenvolver o projeto gráfico do livreto que contém o estatuto de uma denominação bem conhecida. Não era da minha conta, mas, em uma das reuniões com o pastor responsável por me repassar as informações e arquivos para o trabalho gráfico, perguntei que pontos haviam sido alterados no estatuto. Aquele pastor, um tanto constrangido, disse-me que algumas questões “inconvenientes” haviam sido “deixadas de fora”. Mas, em vez de se omitir quanto a questões desconfortáveis, não é evidente que a atitude bíblica, de pastoreio, seria a de enfrentar essas questões, até para eliminar a desatualização do documento?
O segundo motivo, pelo qual desconfio dessa declaração, é mais genérico. Diz respeito à pessoa por trás do estatuto, ou à instituição por trás do estatuto ou declaração de fé. A pessoa, ou comissão, que elabora o estatuto, ou a declaração de fé (ou ainda a sistematização teológica, sejamos honestos), o faz seguindo as tradições (orais, em boa parte) da instituição, seguindo as “mishnas” da sua orientação religiosa ou denominacional. O problema, aqui, é a estratificação desses textos, a elevação dos mesmos à uma categoria próxima a de “pseudo-inspirados”, e a aplicação dos mesmos a todo custo, algumas vezes a despeito do ensino bíblico
E isso quando a tradição é formalmente documentada – no papel, para que todos possam consultá-la. Existem grandes igrejas, de abrangência nacional, cuja tradição é oral mesmo: o novo membro só tem acesso à orientação teológica do grupo, sobre determinados assuntos, à medida que convive com a comunidade e se envolve com seus problemas e meandros. Só aos poucos, “os mistérios” vão sendo revelados. E quanto ao texto bíblico, quem tem tempo de ler suas centenas de páginas à procura de respostas? Creio que essa razão seria a mais apresentada na igreja da atualidade, sempre regida pelo “senso de urgência” e de fast food adotadas, pelas instituições seculares e corporativas, como padrão.
“Suspeito” que, embora tenha que dialogar com a cultura de seu próprio tempo, a Igreja não pode seguir nos trilhos, quer da modernidade, quer da pós-modernidade. Ela deve centralizar-se em Cristo e descentralizar-se do mundo. Embora esteja no mundo, não é do mundo. Ora, se parecemos ser como as demais pessoas, por que as pessoas se sentiriam atraídas por Cristo, se o que há na Igreja é igual ao que pode ser encontrado fora dela, inclusive pela hipocrisia de se dizer diferente, sem de fato ser? A Bíblia não omite a condição humana de pecado de qualquer de seus personagens; pelo contrário, narra até as mais sórdidas ações do ser humano, bem como as conseqüências que ele enfrenta como consequência de seus atos.
** Extraído do livro É Cristã a Igreja Evangélica?, publicado por Arte Editorial
(1) O termo estatuto é usado neste livro como referência ao documento oficial de cada igreja que regula e justifica sua existência, mas mais que isso, que delimita sua jurisprudência, que determina sua ascendência ou mesmo autonomia em relação a outras igrejas de mesma confissão.
(2) Uma declaração de fé neste livro é entendida simplesmente como o texto que formula sistematicamente a doutrina na qual a igreja está depositando sua crença.
(3)A relação entre o conteúdo de um estatuto e a Palavra de Deus é intermediada pela boa fé daqueles que o redige.
(4) São chamadas históricas as igrejas batistas, presbiterianas, metodistas, congregacionais e luteranas. As chamadas pentecostais históricas são Assembléia de Deus e Congregação Cristã do Brasil. Essas últimas são as primeiras, surgidas entre 1910 e 1911. Já as mais recentes (consideradas igualmente históricas) são Igreja do Evangelho Quadrangular, O Brasil para Cristo e Deus é Amor. As demais igrejas que seguem a orientação pentecostal, que no entanto surgiram após a década de 1970 têm sido chamadas neopentecostal e sua ênfase doutrinária difere na maioria dos pontos doutrinários das pentecostais históricas.
(5) Um credo é uma elaboração concisa de uma base doutrinária que espelha o conteúdo das Escrituras. Uma confissão é a proposição do credo em forma expandida, sistemática, que explica com mais clareza o mesmo conteúdo das Escrituras. Os Credos surgiram nos primeiros séculos do Cristianismo ao passo que as Confissões vieram bem depois, no período da Reforma Protestante.
(6) Confissão de Fé de Westminster. São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 17ª ed., 2003, p. 6.
O problema é que essas orientações não eram Palavra de Deus e impediam acesso à Palavra revelada por Deus, ou averiguação direta da mesma. Ora, pergunto, o fato de que a produção e distribuição de Bíblias nunca foi tão ampla, implica a conclusão de que disso decorre a possibilidade do acesso ao texto bíblico, por toda e qualquer pessoa que deseje investigá-la pessoalmente? De modo nenhum! A prova é o caso que contei há pouco.
O estatuto(1), ou a declaração de fé(2), das igrejas/denominações mais recentes, rege a conduta dos que se filiam a tais instituições, muitas vezes sem levar em conta o que diz a Palavra de Deus.8 Igrejas históricas de orientação reformada(3), a luterana e algumas pentecostais adotam credos e confissões(4). Somente as mais novas têm redigido seus próprios documentos. Tirando o caráter pejorativo que as disputas e diferenças fomentaram, as divergências entre saduceus, fariseus, essênios e outras seitas menos expressivas no cenário judeu também tinham como pedra de toque as divergências de cunho doutrinário.
Instituições existem, e são constituídas, por pessoas que têm ideais e propostas em comum, e desejam que seus anseios sejam representados pela própria instituição ante a sociedade. As instituições eclesiásticas agregam pessoas que procuram respostas a inquietações e questionamentos que, para elas, ainda não foram resolvidos. Essas instituições vão crescendo, à medida que atraem aqueles que compartilham respostas de consenso, do grupo, a tais questões.
O mesmo se aplica a determinados sistemas filosóficos. Depois do Iluminismo, por exemplo, o Humanismo Existencialista atraiu muitas pessoas que, diante de um agudo sofrimento como o das duas Grandes Guerras, perderam a esperança nas respostas dadas pela religião.
Ora, quando uma instituição não dá respostas satisfatórias às pessoas, estas a abandonam, indo em busca de identidade e respostas em outra. Esta segunda instituição pode ser um sistema filosófico, um movimento nascente, ou uma instituição eclesiástica reunida em torno de uma ideologia e estabelecida em prédios ou templos.
O problema da instituição é que, quanto mais o tempo passa, mais difícil se torna uma renovação em sua maneira de ver a si mesma, ou no critério adotado para fornecer respostas às novas questões que se apresentam a cada dia. E não deveria ser assim, mesmo nas igrejas cuja norma é a utilização de antigos documentos.
É esse o exato esclarecimento que encontramos no prefácio da 17ª edição da Confissão de Fé de Westminster, onde, meu amigo, Dr. Cláudio Marra, adverte que a Confissão “não tenciona congelar-nos no passado nem inutilizar nossa capacidade de raciocínio e reflexão (...) ela nos desafia e estimula a pensarmos profundamente nossa época e a buscarmos nas Escrituras as respostas para as urgentes questões que enfrentamos”.(5)
De fato, há problemas sociais notados hoje que sequer eram imaginados há poucas décadas. Pesquisas com células-tronco, eutanásia, proteção aos direitos dos homossexuais. Ou, quem sabe, questões muito mais antigas, mas bem mais próxima a nós, como: batizar ou não um filósofo existencialista que já havia passado pelo batismo infantil?
O que diz o estatuto? E a declaração de fé? Podemos batizar ou não? Mas, essa é a pergunta a ser feita? A Congregação Cristã do Brasil (para citar um exemplo que conheço) ordena que até mesmo os cristãos adultos, vindos de outras denominações evangélicas, sejam rebatizados! Bem, considerando que cristãos ortodoxos não aceitam que Congregação Cristã seja apresentada como exemplo, por considerarem que se trata de uma seita herética, cabe questionar: O que é uma heresia? Quem determina o que é heresia? Trata-se de um conceito relativo? Cada grupo define o que entende que seja heresia?
A pergunta a ser feita – como entendo – é o que diz a Escritura a esse respeito. Suponho que devamos partir deste ponto. Mas os estatutos – dirá alguém – existem para nortear biblicamente a igreja-denominação, em defesa da fé, diante dos desafios que se apresentam. Ora, desconfio dessa declaração por duas razões muito próximas e posso esclarecê-las, começando por narrar um fato que me ajuda a esclarecer a primeira razão. E é o seguinte: fui convidado a desenvolver o projeto gráfico do livreto que contém o estatuto de uma denominação bem conhecida. Não era da minha conta, mas, em uma das reuniões com o pastor responsável por me repassar as informações e arquivos para o trabalho gráfico, perguntei que pontos haviam sido alterados no estatuto. Aquele pastor, um tanto constrangido, disse-me que algumas questões “inconvenientes” haviam sido “deixadas de fora”. Mas, em vez de se omitir quanto a questões desconfortáveis, não é evidente que a atitude bíblica, de pastoreio, seria a de enfrentar essas questões, até para eliminar a desatualização do documento?
O segundo motivo, pelo qual desconfio dessa declaração, é mais genérico. Diz respeito à pessoa por trás do estatuto, ou à instituição por trás do estatuto ou declaração de fé. A pessoa, ou comissão, que elabora o estatuto, ou a declaração de fé (ou ainda a sistematização teológica, sejamos honestos), o faz seguindo as tradições (orais, em boa parte) da instituição, seguindo as “mishnas” da sua orientação religiosa ou denominacional. O problema, aqui, é a estratificação desses textos, a elevação dos mesmos à uma categoria próxima a de “pseudo-inspirados”, e a aplicação dos mesmos a todo custo, algumas vezes a despeito do ensino bíblico
E isso quando a tradição é formalmente documentada – no papel, para que todos possam consultá-la. Existem grandes igrejas, de abrangência nacional, cuja tradição é oral mesmo: o novo membro só tem acesso à orientação teológica do grupo, sobre determinados assuntos, à medida que convive com a comunidade e se envolve com seus problemas e meandros. Só aos poucos, “os mistérios” vão sendo revelados. E quanto ao texto bíblico, quem tem tempo de ler suas centenas de páginas à procura de respostas? Creio que essa razão seria a mais apresentada na igreja da atualidade, sempre regida pelo “senso de urgência” e de fast food adotadas, pelas instituições seculares e corporativas, como padrão.
“Suspeito” que, embora tenha que dialogar com a cultura de seu próprio tempo, a Igreja não pode seguir nos trilhos, quer da modernidade, quer da pós-modernidade. Ela deve centralizar-se em Cristo e descentralizar-se do mundo. Embora esteja no mundo, não é do mundo. Ora, se parecemos ser como as demais pessoas, por que as pessoas se sentiriam atraídas por Cristo, se o que há na Igreja é igual ao que pode ser encontrado fora dela, inclusive pela hipocrisia de se dizer diferente, sem de fato ser? A Bíblia não omite a condição humana de pecado de qualquer de seus personagens; pelo contrário, narra até as mais sórdidas ações do ser humano, bem como as conseqüências que ele enfrenta como consequência de seus atos.
** Extraído do livro É Cristã a Igreja Evangélica?, publicado por Arte Editorial
(1) O termo estatuto é usado neste livro como referência ao documento oficial de cada igreja que regula e justifica sua existência, mas mais que isso, que delimita sua jurisprudência, que determina sua ascendência ou mesmo autonomia em relação a outras igrejas de mesma confissão.
(2) Uma declaração de fé neste livro é entendida simplesmente como o texto que formula sistematicamente a doutrina na qual a igreja está depositando sua crença.
(3)A relação entre o conteúdo de um estatuto e a Palavra de Deus é intermediada pela boa fé daqueles que o redige.
(4) São chamadas históricas as igrejas batistas, presbiterianas, metodistas, congregacionais e luteranas. As chamadas pentecostais históricas são Assembléia de Deus e Congregação Cristã do Brasil. Essas últimas são as primeiras, surgidas entre 1910 e 1911. Já as mais recentes (consideradas igualmente históricas) são Igreja do Evangelho Quadrangular, O Brasil para Cristo e Deus é Amor. As demais igrejas que seguem a orientação pentecostal, que no entanto surgiram após a década de 1970 têm sido chamadas neopentecostal e sua ênfase doutrinária difere na maioria dos pontos doutrinários das pentecostais históricas.
(5) Um credo é uma elaboração concisa de uma base doutrinária que espelha o conteúdo das Escrituras. Uma confissão é a proposição do credo em forma expandida, sistemática, que explica com mais clareza o mesmo conteúdo das Escrituras. Os Credos surgiram nos primeiros séculos do Cristianismo ao passo que as Confissões vieram bem depois, no período da Reforma Protestante.
(6) Confissão de Fé de Westminster. São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 17ª ed., 2003, p. 6.
Com a palavra, o hipócrita
Até bem pouco tempo eu recebia mensalmente, em meu endereço residencial, o jornal oficial de certa denominação protestante. Folheando um desses exemplares, um artigo saltou-me aos olhos. Estava em uma seção tipo perguntas e respostas, à qual os leitores escrevem sobre suas dúvidas e o órgão oficial responde de acordo com o estatuto da denominação.
Naquela edição, um leitor tinha dúvidas sobre qual procedimento adotar no caso de um oficial (pastor) desligar-se daquela denominação e ligar-se a outra, retornando àquela igreja de origem, algum tempo depois. A questão era se tal pastor deveria ser recebido ou disciplinado!
O pastor responsável pela seção do jornal pontuou sua resposta à luz dos cânones da denominação. Sua resposta dizia algo assim: se tal oficial ligar-se a outra denominação histórica, ao retornar deve ser recebido com as credenciais que lhe foram dadas antes do desligamento. Mas – prosseguia, se ligar-se a uma igreja histórica de orientação pentecostal ou a uma igreja neopentecostal, o tal pastor deve ser recebido e colocado no banco e tratado como catecúmeno. Deverá ser disciplinado e reintegrado, podendo seguir sua carreira ministerial como qualquer outro membro, após a disciplina.
Quando li o nome do pastor que assinara essa orientação, fiquei impaciente. Aquele homem havia sido dirigente de uma igreja à qual eu havia sido convidado – e participado – de diversos programas. Preguei em um culto para toda a igreja; preguei no culto da família, para casais; preguei no culto dos jovens diversas vezes, tendo inclusive participado de alguns acampamentos como preletor oficial. Enfim, eu, um pastor de orientação doutrinária pentecostal, pude tantas vezes pregar e ensinar, àquele grupo de irmãos, sobre diversos assuntos; entretanto, se um deles viesse para uma igreja da minha orientação teológica, deveria ser considerado catecúmeno! O que estava havendo? Onde estava o furo em toda essa história?
Sem demora, escrevi um email ao pastor relatando que eu mesmo, um pastor de orientação pentecostal, havia pregado por diversas vezes na igreja da denominação dele, mais especificamente na igreja dirigida por ele, e que não entendia o preconceito claramente indicado na sua resposta. Que orientação, no mínimo contraditória, era aquela? Poucos dias depois, o pastor respondeu, retratando-se. Ele dizia, em linhas gerais, que, na qualidade de editor responsável por aquela específica coluna do órgão oficial da sua denominação, ele deveria dar orientação aos leitores de acordo com o estatuto oficial da igreja, embora ele mesmo não concordasse cem por cento com as diretrizes ali estabelecidas. Em outras palavras, no papel, milhares de fiéis são “dirigidos” por uma tradição suscitada por algum tipo de documento, mas, na prática, no dia-a-dia, “dá-se um jeito” (de viver pacificamente?) e rasgam-se os documentos.
O que um estatuto representa no contexto eclesial? Que força pode ser atribuída a um documento como esse? E o que dizer dos Credos e Confissões?
** Extraído do livro É cristã a Igreja Evangélica, publicado pela Arte Editorial
Naquela edição, um leitor tinha dúvidas sobre qual procedimento adotar no caso de um oficial (pastor) desligar-se daquela denominação e ligar-se a outra, retornando àquela igreja de origem, algum tempo depois. A questão era se tal pastor deveria ser recebido ou disciplinado!
O pastor responsável pela seção do jornal pontuou sua resposta à luz dos cânones da denominação. Sua resposta dizia algo assim: se tal oficial ligar-se a outra denominação histórica, ao retornar deve ser recebido com as credenciais que lhe foram dadas antes do desligamento. Mas – prosseguia, se ligar-se a uma igreja histórica de orientação pentecostal ou a uma igreja neopentecostal, o tal pastor deve ser recebido e colocado no banco e tratado como catecúmeno. Deverá ser disciplinado e reintegrado, podendo seguir sua carreira ministerial como qualquer outro membro, após a disciplina.
Quando li o nome do pastor que assinara essa orientação, fiquei impaciente. Aquele homem havia sido dirigente de uma igreja à qual eu havia sido convidado – e participado – de diversos programas. Preguei em um culto para toda a igreja; preguei no culto da família, para casais; preguei no culto dos jovens diversas vezes, tendo inclusive participado de alguns acampamentos como preletor oficial. Enfim, eu, um pastor de orientação doutrinária pentecostal, pude tantas vezes pregar e ensinar, àquele grupo de irmãos, sobre diversos assuntos; entretanto, se um deles viesse para uma igreja da minha orientação teológica, deveria ser considerado catecúmeno! O que estava havendo? Onde estava o furo em toda essa história?
Sem demora, escrevi um email ao pastor relatando que eu mesmo, um pastor de orientação pentecostal, havia pregado por diversas vezes na igreja da denominação dele, mais especificamente na igreja dirigida por ele, e que não entendia o preconceito claramente indicado na sua resposta. Que orientação, no mínimo contraditória, era aquela? Poucos dias depois, o pastor respondeu, retratando-se. Ele dizia, em linhas gerais, que, na qualidade de editor responsável por aquela específica coluna do órgão oficial da sua denominação, ele deveria dar orientação aos leitores de acordo com o estatuto oficial da igreja, embora ele mesmo não concordasse cem por cento com as diretrizes ali estabelecidas. Em outras palavras, no papel, milhares de fiéis são “dirigidos” por uma tradição suscitada por algum tipo de documento, mas, na prática, no dia-a-dia, “dá-se um jeito” (de viver pacificamente?) e rasgam-se os documentos.
O que um estatuto representa no contexto eclesial? Que força pode ser atribuída a um documento como esse? E o que dizer dos Credos e Confissões?
** Extraído do livro É cristã a Igreja Evangélica, publicado pela Arte Editorial
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Magno Paganelli
sábado, 29 de outubro de 2011
Não acredito em muita coisa
Veja se há alguma razão para comemorar o Dia da Reforma Protestante hoje.
Eu sou editor de livros da Arte Editorial. Tem uns meses que convidei uns figurões para escreverem conjuntamente um livro, que seria publicado pela editora. O tema? A unidade da Igreja no que tange aos pontos em comum das diferentes orientações teológicas. A proposição central seria: "Que pontos devemos/podemos nos esforçar para manter/estabelecer e ressaltar a unidade da Igreja com vistas ao seu fortalecimento?". Jesus mesmo orou para que fôssemos um e disse que por essa unidade seríamos conhecidos pelo que somos.
O que eu pretendia com isso? Tão somente aproximar o que de melhor há em cada ramo do cristianismo protestante evangélico no Brasil, seja reformado, pentecostal, tradicional e mesmo em alguns grupos dentro do neopentecostalismo. Todos os que dizem ter edificado sobre o único fundamento e que celebram os sacramentos do batismo e da santa ceia. Não é isso que sobra depois de elimados os nossos excessos humanos?
Apresentei a proposta a pastores e escritores, desses que se dizem envolvidos e engajados em promover a saúde da Igreja, desses que estão na frente de batalha levantando a bandeira de uma Igreja séria, ética, unida pelos princípios da Reforma, e a outros simpatizantes do movimento de Lausanne.
Via de regra, todos ligados a algum grupo que diz "fazer-alguma-coisa" para que a Igreja de orientação evangelical e reformada tenha novamente a característica de um grupo cristão sério, ético e responsável da perspectiva sócio-política, e relevante. Quando digo "algum grupo", refiro-me a alianças, confrarias, "visões", conselhos e "coisas" como essas que estão virando moda.
E a resposta que obtive? Negativa. Ninguém disposto a "manchar a reputação". Não houve interesse em qualquer forma de aproximação e diálogo. Uns nem retornaram o email. Nada de alianças, nada de aproximações, nada de unidade. Lamento muito.
As críticas a outra parte, no entanto, foram mantidas. Nada de procurar ressaltar algum valor que preste, alguma virtude que valha. Entendi, então, que essa bandeira da unidade, da luta por uma igreja mais ética, mas séria, por uma pregação mais responsável, é uma bandeira rasgada e manchada. Se você não está de um lado, está do outro e então é alvo a ser atingido, atacado. Não há busca por consenso. Não há interesse no diálogo, nem que esse diálogo seja mediado por uma parte neutra, no caso o papel que eu, como editor, desempenharia.
Por isso, quando um desses figurões postou no Tweeter algumas palavras defendendo o seu grupinho, logo respondi que tratava-se de mais uma subdivisão para promover mais distinção, mais sectarismo dentro da Igreja já bastante dividida. Ele se ofendeu, mas sem razão, pelo que expus.
Assim, quando vejo ou ouço discursos apologéticos inflamados nessa direção, tenho grave dificuldade em acreditar que haja alguma disposição honesta em aproximar-se, em esvaziamento de vaidades em prol de algo maior, o Reino. Cristo não está dividido, como afirmou Paulo na carta aos Corintios, mas a liderança da Igreja permanece como há dois mil anos: um seguindo a Paulo, outro a Pedro, outro a Apolo, e o quarto grupo, igualmente partidário e separatista permanece dizendo seguir a Cristo (1Co 3.4).
Estou no Tweeter: @magnopaganelli
Eu sou editor de livros da Arte Editorial. Tem uns meses que convidei uns figurões para escreverem conjuntamente um livro, que seria publicado pela editora. O tema? A unidade da Igreja no que tange aos pontos em comum das diferentes orientações teológicas. A proposição central seria: "Que pontos devemos/podemos nos esforçar para manter/estabelecer e ressaltar a unidade da Igreja com vistas ao seu fortalecimento?". Jesus mesmo orou para que fôssemos um e disse que por essa unidade seríamos conhecidos pelo que somos.
O que eu pretendia com isso? Tão somente aproximar o que de melhor há em cada ramo do cristianismo protestante evangélico no Brasil, seja reformado, pentecostal, tradicional e mesmo em alguns grupos dentro do neopentecostalismo. Todos os que dizem ter edificado sobre o único fundamento e que celebram os sacramentos do batismo e da santa ceia. Não é isso que sobra depois de elimados os nossos excessos humanos?
Apresentei a proposta a pastores e escritores, desses que se dizem envolvidos e engajados em promover a saúde da Igreja, desses que estão na frente de batalha levantando a bandeira de uma Igreja séria, ética, unida pelos princípios da Reforma, e a outros simpatizantes do movimento de Lausanne.
Via de regra, todos ligados a algum grupo que diz "fazer-alguma-coisa" para que a Igreja de orientação evangelical e reformada tenha novamente a característica de um grupo cristão sério, ético e responsável da perspectiva sócio-política, e relevante. Quando digo "algum grupo", refiro-me a alianças, confrarias, "visões", conselhos e "coisas" como essas que estão virando moda.
E a resposta que obtive? Negativa. Ninguém disposto a "manchar a reputação". Não houve interesse em qualquer forma de aproximação e diálogo. Uns nem retornaram o email. Nada de alianças, nada de aproximações, nada de unidade. Lamento muito.
As críticas a outra parte, no entanto, foram mantidas. Nada de procurar ressaltar algum valor que preste, alguma virtude que valha. Entendi, então, que essa bandeira da unidade, da luta por uma igreja mais ética, mas séria, por uma pregação mais responsável, é uma bandeira rasgada e manchada. Se você não está de um lado, está do outro e então é alvo a ser atingido, atacado. Não há busca por consenso. Não há interesse no diálogo, nem que esse diálogo seja mediado por uma parte neutra, no caso o papel que eu, como editor, desempenharia.
Por isso, quando um desses figurões postou no Tweeter algumas palavras defendendo o seu grupinho, logo respondi que tratava-se de mais uma subdivisão para promover mais distinção, mais sectarismo dentro da Igreja já bastante dividida. Ele se ofendeu, mas sem razão, pelo que expus.
Assim, quando vejo ou ouço discursos apologéticos inflamados nessa direção, tenho grave dificuldade em acreditar que haja alguma disposição honesta em aproximar-se, em esvaziamento de vaidades em prol de algo maior, o Reino. Cristo não está dividido, como afirmou Paulo na carta aos Corintios, mas a liderança da Igreja permanece como há dois mil anos: um seguindo a Paulo, outro a Pedro, outro a Apolo, e o quarto grupo, igualmente partidário e separatista permanece dizendo seguir a Cristo (1Co 3.4).
Estou no Tweeter: @magnopaganelli
Tempo
Deus me pede estrita conta do meu tempo
E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta
Eu que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado e não fiz conta
Não quis, sobrando tempo, fazer conta
Hoje quero acertar conta e não há tempo.
Oh, vós que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo,
Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta.
Pois aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar de prestar conta
Chorarão, como eu, o não ter tempo.
Antonio das Chagas, séc. 19.
E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta
Eu que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado e não fiz conta
Não quis, sobrando tempo, fazer conta
Hoje quero acertar conta e não há tempo.
Oh, vós que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo,
Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta.
Pois aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar de prestar conta
Chorarão, como eu, o não ter tempo.
Antonio das Chagas, séc. 19.
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sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Mistura que fica melhor
Vez ou outra me deparo com alguém recriminando a leitura deste ou daquele autor. “Se lê esse, não pode ler aquele”. Como sou editor de livros, também ouço “se publica esse, não pode publicar aquele”. Que conversa é essa?
Há vários motivos pelos quais não admito essa dicotomia, essa separação. E se você é líder, de um pequeno grupo que seja, deve estar preparado para interagir com as mais diversas entranhas da natureza humana.
Primeiro. Ler Calvino, Caio Fábio, a Bíblia, o Rebe, Huberto Roden e outros é imperativo. Não ler (ou não publicar) é alienação, definhamento intelectual e espiritual (isso sem dizer cultural!). Claro que há leituras que não acrescentam coisa alguma e essas nem tomo conhecimento mais (e também não vou mencioná-las). Mas se não posso interagir com cosmovisões diferentes da minha, sobre cada assunto da vida e do mundo, há muito mais a ser feito então, como não ligar a tevê, não ler notícias, não acessar internet etc. Neste caso a intolerância começa (ou definitivamente está) em nós. Que fique claro, não vou na direção do ecumenismo, ao menos neste post.
Segundo. O caminho pavimentado para o extremismo (seja ele o fundamentalismo ou mesmo o liberalismo) é “fechar questão” com determinadas escolas de pensamento. Há grupos que gostam muito de rótulos. Não ler (ou não publicar) de tudo um pouco faz de mim um radical extremista à curto prazo. Por que torcidas organizadas saem para o quebra-quebra em áreas públicas? Por que fanáticos religiosos explodem lugares públicos? Porque não sabem e não podem conviver pacifica e hamoniosamente com o diferente. A solução é destruí-los em vez de dialogar e buscar harmonia, mesmo que essa harmonia não signifique aderir ao pensamento do outro. Você quer se tornar um extremista? Então leia só o que a sua banda escreve, ouça só o que a sua turma fala.
Terceiro. É saudável o exercício do aprendizado e desejável a busca do discernimento, que da perpsectiva natural vem do conhecimento. Quando tenho contato com formas diferentes de pensamento, com cosmovisões distintas (e até divergentes), posso exercer o juízo e a avaliação daquilo que eu mesmo creio e provar se a visão do outro não é mais coerente e sólida que a minha. Isso promove o amadurecimento, solidifica posições estáveis e denuncia falhas em concepcções dúbias e contraditórias. Portanto, quem não se expõe e não permite que seu sistema de valores e crenças seja confrontado com uma leitura discordante, por exemplo, esteja certo de que não está seguro naquilo que crê e nas posições que adota. Precisa investir mais em conhecimento e diálogo.
A solidez de uma forma de pensar não pode ser ocultada a fim de ser protegida; é preciso permitir o escoamento daquilo que foi aprendido e dar chance a que outros aprendam conosco, seja pelo que sabemos, seja pelo que somos ou pelo simples modelo. Há muitas pessoas que ensinam sem abrir a boca e cada um de nós também pode aprender dessa forma.
O título deste post era “Toda verdade vem de Deus?”. Mas como achei muito ortodoxo, muito “certinho”, resolvi começar a quebrar paradigmas por aqui mesmo.
Siga-me no Tweeter: @magnopaganelli
Há vários motivos pelos quais não admito essa dicotomia, essa separação. E se você é líder, de um pequeno grupo que seja, deve estar preparado para interagir com as mais diversas entranhas da natureza humana.
Primeiro. Ler Calvino, Caio Fábio, a Bíblia, o Rebe, Huberto Roden e outros é imperativo. Não ler (ou não publicar) é alienação, definhamento intelectual e espiritual (isso sem dizer cultural!). Claro que há leituras que não acrescentam coisa alguma e essas nem tomo conhecimento mais (e também não vou mencioná-las). Mas se não posso interagir com cosmovisões diferentes da minha, sobre cada assunto da vida e do mundo, há muito mais a ser feito então, como não ligar a tevê, não ler notícias, não acessar internet etc. Neste caso a intolerância começa (ou definitivamente está) em nós. Que fique claro, não vou na direção do ecumenismo, ao menos neste post.
Segundo. O caminho pavimentado para o extremismo (seja ele o fundamentalismo ou mesmo o liberalismo) é “fechar questão” com determinadas escolas de pensamento. Há grupos que gostam muito de rótulos. Não ler (ou não publicar) de tudo um pouco faz de mim um radical extremista à curto prazo. Por que torcidas organizadas saem para o quebra-quebra em áreas públicas? Por que fanáticos religiosos explodem lugares públicos? Porque não sabem e não podem conviver pacifica e hamoniosamente com o diferente. A solução é destruí-los em vez de dialogar e buscar harmonia, mesmo que essa harmonia não signifique aderir ao pensamento do outro. Você quer se tornar um extremista? Então leia só o que a sua banda escreve, ouça só o que a sua turma fala.
Terceiro. É saudável o exercício do aprendizado e desejável a busca do discernimento, que da perpsectiva natural vem do conhecimento. Quando tenho contato com formas diferentes de pensamento, com cosmovisões distintas (e até divergentes), posso exercer o juízo e a avaliação daquilo que eu mesmo creio e provar se a visão do outro não é mais coerente e sólida que a minha. Isso promove o amadurecimento, solidifica posições estáveis e denuncia falhas em concepcções dúbias e contraditórias. Portanto, quem não se expõe e não permite que seu sistema de valores e crenças seja confrontado com uma leitura discordante, por exemplo, esteja certo de que não está seguro naquilo que crê e nas posições que adota. Precisa investir mais em conhecimento e diálogo.
A solidez de uma forma de pensar não pode ser ocultada a fim de ser protegida; é preciso permitir o escoamento daquilo que foi aprendido e dar chance a que outros aprendam conosco, seja pelo que sabemos, seja pelo que somos ou pelo simples modelo. Há muitas pessoas que ensinam sem abrir a boca e cada um de nós também pode aprender dessa forma.
O título deste post era “Toda verdade vem de Deus?”. Mas como achei muito ortodoxo, muito “certinho”, resolvi começar a quebrar paradigmas por aqui mesmo.
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E se Jesus não tivesse nascido (3)
No segundo post tratei das áreas das ciência e medicina. Neste falarei da influência de Jesus nas sociedades e na educação.
A liberdade civil e a liberdade de opinião são heranças cristãs. Veja você mesmo
Na Arábia Saudita jamais se ouve uma discussão se Maomé foi realmente o profeta de Alá.
Os muçulmanos convertidos ao cristianismo são sumariamente executados.
Salman Rushdie (autor de Versos Satânicos) ainda vive parcialmente escondido.
As liberdades civis estão nos mandamentos do AT:
Praticava pedofilia além de bater, ferir e assassinar garotos
Assassinou sua esposa por se opor a um romance extra-conjugal
Assassinou sua mãe pelo mesmo motivo
Por fim, assassinou sua amante
Iluminou 40 quilômetros da Via Ápia com corpos de cristãos em chamas
Esse era o governador do mundo naquela época.
Jesus e a civilização dos bárbaros
Em 1020d.C. os vikings (noruegueses) adotaram o cristianismo como sua lei:
“Ao mesmo tempo, antigas práticas se tornaram ilegais, como sacrifícios, magia negra, sacrifício de recém-nascidos, a escravidão e a poligamia”, escreveu Sverre Steen.
Bárbaros entre as tribos alemãs como os godos, os francos e os saxões converteram-se ao cristianismo. Os brutais Aucas, do Equador. Tribos de índios cruéis na própria América Latina converteram-se, bem como tribos africanas e em países do Oriente.
Codificação de idiomas
Muitos idiomas existentes hoje foram transcrições feitas por missionários cristãos para que os povos convertidos pudessem ler a Bíblia em suas línguas de origem. Isso ainda hoje acontece.
Educação para todos
Fornecendo a Bíblia no idioma do povo, os missionários promoviam a alfabetização em todo o mundo.
O cristianismo promoveu o conceito de educação para todos, fundando universidades com propósitos cristãos.
Pesquisa realizada no Século 20 em diversas nações do mundo sobre alfabetização:
Nações pagãs como China e Índia: 0 a 20% alfabetização
Nações com influência católica: 40 a 60% alfabetização
Nações com influência protestante: 94 a 99% alfabetização
As Universidades
Em Oxford, Paris e Bolonha, fundadas por volta de 1200d.C., a teologia cristã e os estudos canônicos eram os estudos mais importantes, seguidos do pensamento aristotélico e a lei civil.
Em Cambridge (Inglaterra): teologia cristã e lei civil.
Yale, Brown, Universidade de Nova York, Northwestern University têm raízes profundas no Cristianismo.
Harvard começou com a doação de dinheiro e de livros do Reverendo John Harvard.
Dartmouth foi fundada para treinar missionários para as Índias.
William and Mary foi criada “para que a fé cristã possa ser propagada”.
Nos primeiros anúncios do King’s College (1754), e que hoje é a Columbia University, lê-se: “O principal anseio desta instituição é ensinar e engajar as crianças no conhecimento de Deus, em Jesus Cristo.”
O presidente de Princeton, reverendo John Witherpoon, disse: “Maldito todo o ensinamento contrário à cruz de Cristo.”
No período dominado pelo ensino cristão o anafalbetismo nos EUA chegou a 0,4%. Com a rejeição do ensino cristão hoje existem cerca de 44 milhões de analfabetos e 50 milhões de semi-analfabetos, taxa próxima a da Zâmbia.
Poderíamos falar sobre graves problemas morais nas escolas:
Roubo
Assalto
Estupro
Gravidez na adolescência
Aborto
Suicídio
Homicídio
O impacto do Cristianismo na Economia
Fidel Castro admitiu que relutantemente que admirava muitos dos evangélicos de Cuba:
- eles trabalham duro
- são pontuais
- não burlam o sistema
* A religião hindu ensina que “não há porque mudar o mundo visível, já que ele é irreal”.
* O islamismo prega o fatalismo (tudo o que existe foi determinado por Alá). A iniciativa humana não pode alcançar absolutamente nada.
* O budismo prega que a vida é essencialmente má e não pode ser mudada.
* O cristianismo traz ensino claro sobre:
o dever de trabalhar
a participação dos ricos na assistência aos necessitados
o direito a propriedade privada
a aquisição de bens por meio de investimento
a admissão de funcionários e o modo como tratá-los
a projeção de um empreendimento
o dever de honrar os contratos etc.
Muitos escritores atribuem a prosperidade dos EUA ao fato de terem sido colonizados por cristãos, especialmente os calvinistas, que crêem que a prosperidade é uma eficiente maneira de testemunhar a eleição divina em suas vidas.
Contabilidade
Fra Luca Pacioli, o pai da contabilidade moderna escreveu Suma de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalita (1494), que traz um capítulo sobre o método contábil de partida dobrada, que é a base da nossa contabilidade.
“Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido”
Em seu livro Summa escreveu que “as pessoas deveriam iniciar todas as suas transações comerciais em nome de Deus”.
* Historiadores como Max Weber e Ernst Troeltsch, contrários ao capitalismo e ao calvinismo, atribuíam a João Calvino a grande máquina motriz do capitalismo.
James Kennedy escreveu que, na América Latina, aqueles que se convertem ao cristianismo melhoram seus padrões de vida:
Deixam de beber
Abandonam as apostas em dinheiro e os jogos
Começam a trabalhar e a poupar para o futuro.
Tire suas próprias conclusões (e leia os primeiros posts sobre este tema)
Siga-me no Tweeter: @magnopaganelli
A liberdade civil e a liberdade de opinião são heranças cristãs. Veja você mesmo
Na Arábia Saudita jamais se ouve uma discussão se Maomé foi realmente o profeta de Alá.
Os muçulmanos convertidos ao cristianismo são sumariamente executados.
Salman Rushdie (autor de Versos Satânicos) ainda vive parcialmente escondido.
As liberdades civis estão nos mandamentos do AT:
Praticava pedofilia além de bater, ferir e assassinar garotos
Assassinou sua esposa por se opor a um romance extra-conjugal
Assassinou sua mãe pelo mesmo motivo
Por fim, assassinou sua amante
Iluminou 40 quilômetros da Via Ápia com corpos de cristãos em chamas
Esse era o governador do mundo naquela época.
Jesus e a civilização dos bárbaros
Em 1020d.C. os vikings (noruegueses) adotaram o cristianismo como sua lei:
“Ao mesmo tempo, antigas práticas se tornaram ilegais, como sacrifícios, magia negra, sacrifício de recém-nascidos, a escravidão e a poligamia”, escreveu Sverre Steen.
Bárbaros entre as tribos alemãs como os godos, os francos e os saxões converteram-se ao cristianismo. Os brutais Aucas, do Equador. Tribos de índios cruéis na própria América Latina converteram-se, bem como tribos africanas e em países do Oriente.
Codificação de idiomas
Muitos idiomas existentes hoje foram transcrições feitas por missionários cristãos para que os povos convertidos pudessem ler a Bíblia em suas línguas de origem. Isso ainda hoje acontece.
Educação para todos
Fornecendo a Bíblia no idioma do povo, os missionários promoviam a alfabetização em todo o mundo.
O cristianismo promoveu o conceito de educação para todos, fundando universidades com propósitos cristãos.
Pesquisa realizada no Século 20 em diversas nações do mundo sobre alfabetização:
Nações pagãs como China e Índia: 0 a 20% alfabetização
Nações com influência católica: 40 a 60% alfabetização
Nações com influência protestante: 94 a 99% alfabetização
As Universidades
Em Oxford, Paris e Bolonha, fundadas por volta de 1200d.C., a teologia cristã e os estudos canônicos eram os estudos mais importantes, seguidos do pensamento aristotélico e a lei civil.
Em Cambridge (Inglaterra): teologia cristã e lei civil.
Yale, Brown, Universidade de Nova York, Northwestern University têm raízes profundas no Cristianismo.
Harvard começou com a doação de dinheiro e de livros do Reverendo John Harvard.
Dartmouth foi fundada para treinar missionários para as Índias.
William and Mary foi criada “para que a fé cristã possa ser propagada”.
Nos primeiros anúncios do King’s College (1754), e que hoje é a Columbia University, lê-se: “O principal anseio desta instituição é ensinar e engajar as crianças no conhecimento de Deus, em Jesus Cristo.”
O presidente de Princeton, reverendo John Witherpoon, disse: “Maldito todo o ensinamento contrário à cruz de Cristo.”
No período dominado pelo ensino cristão o anafalbetismo nos EUA chegou a 0,4%. Com a rejeição do ensino cristão hoje existem cerca de 44 milhões de analfabetos e 50 milhões de semi-analfabetos, taxa próxima a da Zâmbia.
Poderíamos falar sobre graves problemas morais nas escolas:
Roubo
Assalto
Estupro
Gravidez na adolescência
Aborto
Suicídio
Homicídio
O impacto do Cristianismo na Economia
Fidel Castro admitiu que relutantemente que admirava muitos dos evangélicos de Cuba:
- eles trabalham duro
- são pontuais
- não burlam o sistema
* A religião hindu ensina que “não há porque mudar o mundo visível, já que ele é irreal”.
* O islamismo prega o fatalismo (tudo o que existe foi determinado por Alá). A iniciativa humana não pode alcançar absolutamente nada.
* O budismo prega que a vida é essencialmente má e não pode ser mudada.
* O cristianismo traz ensino claro sobre:
o dever de trabalhar
a participação dos ricos na assistência aos necessitados
o direito a propriedade privada
a aquisição de bens por meio de investimento
a admissão de funcionários e o modo como tratá-los
a projeção de um empreendimento
o dever de honrar os contratos etc.
Muitos escritores atribuem a prosperidade dos EUA ao fato de terem sido colonizados por cristãos, especialmente os calvinistas, que crêem que a prosperidade é uma eficiente maneira de testemunhar a eleição divina em suas vidas.
Contabilidade
Fra Luca Pacioli, o pai da contabilidade moderna escreveu Suma de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalita (1494), que traz um capítulo sobre o método contábil de partida dobrada, que é a base da nossa contabilidade.
“Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido”
Em seu livro Summa escreveu que “as pessoas deveriam iniciar todas as suas transações comerciais em nome de Deus”.
* Historiadores como Max Weber e Ernst Troeltsch, contrários ao capitalismo e ao calvinismo, atribuíam a João Calvino a grande máquina motriz do capitalismo.
James Kennedy escreveu que, na América Latina, aqueles que se convertem ao cristianismo melhoram seus padrões de vida:
Deixam de beber
Abandonam as apostas em dinheiro e os jogos
Começam a trabalhar e a poupar para o futuro.
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segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Uma proposta cristã, brasileira, pública e relevante
Muitos concordam sobre a necessidade de uma nova Reforma na Igreja; ao menos concordam sobre a necessidade de retomar o espírito da Reforma Protestante no tocante a uma teologia que contemple o indivíduo em suas atividades cotidianas. A Igreja precisa dialogar e ser relevante, dialogar com a sociedade e influenciá-la.
O rompimento com a hegemonia institucional da Igreja Romana projetou o indivíduo no seu relacionamento com o sagrado. Esse efeito, que não deve ser confundido com individualismo, não promoveu unicamente o indivíduo, antes, o indivíduo em sua manifestação e interação (diálogo) com o coletivo. A sua inserção na coletividade dá evidências do seu discernimento, porque o faz “ao redor da Palavra e dos Sacramentos” (cfme. Reforma, Teologia e Ética Social, Julio Paulo Tavares Zabatieiro).
A imersão do indivíduo no coletivo o levará ao que Zabatieiro chamou de teologia prática com caráter público, que ainda não foi amplamente elaborada. Na experiência norte-americana se promovia uma forma de “religião civil”; no Brasil o efeito foi o “clientelismo” nas relações com a coisa pública.
E o quê carece de renovação? A “teologia liberal” e o “fundamentalismo” partem de uma interpretação demasiado racionalista; esse último nega tal acusação, e a outra o faz em detrimento de outras “fontes, dimensões e ambientes”.
A “teologia é uma atividade espiritual”, mas a sua conceituação no contexto bíblico tem uma proposta clara: ajudar a resolver os problemas concretos que surgem no cotidiano (op.cit.). É necessário construir um paradigma para a sua aplicação nas práxis eclesial e social. Teologia não é apenas conceito, ideia, mas o remanejar seus conceitos.
Sendo a “palavra de Deus fonte principal do discernimento cristão” e “o Espírito Santo é aquele que nos abre à palavra”, temos o conceito fundamental e a indicação prática de uma teologia permeada pela espiritualidade, não emocionalista nem irrefletida. Ao contrário, elaborada conceitualmente com vistas à sua aplicação no dia a dia da Igreja, na coletividade. Isso é teologia prática.
Mas onde é que essa teologia prática encontra espaço para sua aplicação e legitimação? Nos escritórios, em vez de nas igrejas? Nas bibliotecas, em vez de nas comunidades? Diversos autores têm dado respostas convergentes a estas questões, e em linhas gerais esta teologia encontra eco quando é levada para as ruas, instituições, casas de leis, quando é libertada do seu cativeiro, quando cristãos saem da Igreja levando-a consigo. É na sua utilidade missional que a teologia e os conceitos por ela elaborados será validada. É na existência desse diálogo que a “teologia profissional” e os “teólogos vocacionados” encontrarão amparo seguro para a sua atividade e não “no papel de analistas da vida eclesial” (Zabatieiro). Vale a citaçao de John Mackay:
“A teologia não pode ser feita na sacada do prédio, mas no caminho”.
Essa teologia com um pé no laboratório e outro nas ruas tem sido chamada de teologia pública. É ela que dialoga com outras fontes e é feita como expressão do discernimento cristão. E vai além. Ela é pública e é universal, quando promove conceitos aplicáveis no contexto onde é elaborada e não descolada de seu ambiente de origem. Assim é que entendemos os diferentes matizes teológicos que foram produzidos, desde Jerusalém e Antioquia, desde Alexandria e Constantinopla e posteriormente na teologia europeia, na norte-americana e nos últimos anos na sua elaboração brasileira, das nossas demandas e da reflexão aplicada às necessidades do contexto latino-americano.
Se hoje o Brasil discute a sua própria teologia, “uma teologia brasileira”, não se deve considerar um equívoco, uma aberração tal pensamento. Ele é adequado e necessário. Aberração é a adoção de “medidas” que são aplicáveis noutros contextos sociais, políticos e econômicos. Aberração é a proposta imediatista e pragmática importada, que se impõe às nossas comunidades, mas não muda a nossa realidade. E é certo que, em breve, veremos também os campos africanos produzindo a sua própria teologia prática, pois o protestantismo de missão em nosso solo tem concentrado seus esforços para alcançar aqueles povos, evidência que os princípios da Reforma semeados por aqui já têm produzido os seus frutos.
Siga-me no Twetter: @magnopaganelli
O rompimento com a hegemonia institucional da Igreja Romana projetou o indivíduo no seu relacionamento com o sagrado. Esse efeito, que não deve ser confundido com individualismo, não promoveu unicamente o indivíduo, antes, o indivíduo em sua manifestação e interação (diálogo) com o coletivo. A sua inserção na coletividade dá evidências do seu discernimento, porque o faz “ao redor da Palavra e dos Sacramentos” (cfme. Reforma, Teologia e Ética Social, Julio Paulo Tavares Zabatieiro).
A imersão do indivíduo no coletivo o levará ao que Zabatieiro chamou de teologia prática com caráter público, que ainda não foi amplamente elaborada. Na experiência norte-americana se promovia uma forma de “religião civil”; no Brasil o efeito foi o “clientelismo” nas relações com a coisa pública.
E o quê carece de renovação? A “teologia liberal” e o “fundamentalismo” partem de uma interpretação demasiado racionalista; esse último nega tal acusação, e a outra o faz em detrimento de outras “fontes, dimensões e ambientes”.
A “teologia é uma atividade espiritual”, mas a sua conceituação no contexto bíblico tem uma proposta clara: ajudar a resolver os problemas concretos que surgem no cotidiano (op.cit.). É necessário construir um paradigma para a sua aplicação nas práxis eclesial e social. Teologia não é apenas conceito, ideia, mas o remanejar seus conceitos.
Sendo a “palavra de Deus fonte principal do discernimento cristão” e “o Espírito Santo é aquele que nos abre à palavra”, temos o conceito fundamental e a indicação prática de uma teologia permeada pela espiritualidade, não emocionalista nem irrefletida. Ao contrário, elaborada conceitualmente com vistas à sua aplicação no dia a dia da Igreja, na coletividade. Isso é teologia prática.
Mas onde é que essa teologia prática encontra espaço para sua aplicação e legitimação? Nos escritórios, em vez de nas igrejas? Nas bibliotecas, em vez de nas comunidades? Diversos autores têm dado respostas convergentes a estas questões, e em linhas gerais esta teologia encontra eco quando é levada para as ruas, instituições, casas de leis, quando é libertada do seu cativeiro, quando cristãos saem da Igreja levando-a consigo. É na sua utilidade missional que a teologia e os conceitos por ela elaborados será validada. É na existência desse diálogo que a “teologia profissional” e os “teólogos vocacionados” encontrarão amparo seguro para a sua atividade e não “no papel de analistas da vida eclesial” (Zabatieiro). Vale a citaçao de John Mackay:
“A teologia não pode ser feita na sacada do prédio, mas no caminho”.
Essa teologia com um pé no laboratório e outro nas ruas tem sido chamada de teologia pública. É ela que dialoga com outras fontes e é feita como expressão do discernimento cristão. E vai além. Ela é pública e é universal, quando promove conceitos aplicáveis no contexto onde é elaborada e não descolada de seu ambiente de origem. Assim é que entendemos os diferentes matizes teológicos que foram produzidos, desde Jerusalém e Antioquia, desde Alexandria e Constantinopla e posteriormente na teologia europeia, na norte-americana e nos últimos anos na sua elaboração brasileira, das nossas demandas e da reflexão aplicada às necessidades do contexto latino-americano.
Se hoje o Brasil discute a sua própria teologia, “uma teologia brasileira”, não se deve considerar um equívoco, uma aberração tal pensamento. Ele é adequado e necessário. Aberração é a adoção de “medidas” que são aplicáveis noutros contextos sociais, políticos e econômicos. Aberração é a proposta imediatista e pragmática importada, que se impõe às nossas comunidades, mas não muda a nossa realidade. E é certo que, em breve, veremos também os campos africanos produzindo a sua própria teologia prática, pois o protestantismo de missão em nosso solo tem concentrado seus esforços para alcançar aqueles povos, evidência que os princípios da Reforma semeados por aqui já têm produzido os seus frutos.
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