Quando o discurso de um cristão não se alinha ao modo como ele vive, cada um de nós tem uma maneira de criticar. Uns dizem que “o que ele diz não se escreve”; outros dizem “ele é do tipo faça-o-que-eu-falo-mas-não-faça-o-que-eu-faço”. Outros ainda dizem que “ele vive uma coisa e ensina outra”.
Mas agora surgiu um terceiro elemento entre o discurso e a prática, entre a ortodoxia e a ortopraxia. Especialmente entre a liderança – parte dela, a bem da verdade – que eu chamaria de o elemento da “conveniência”. Na situação daqueles que dizem uma coisa e vivem outra, podemos encontrar um homem em conflito com as circunstâncias. Por exemplo, ele é pastor e trabalha no meio de gente corrupta; aí ele vive o dilema de crer e dizer algo, mas no seu dia a dia encontrar dificuldades em lidar com pessoas inescrupulosas. Ou no caso de irmãos com dificuldade de vencer uma barreira ou pecado; sabem o que é o certo, mas há uma força dentro delas que impulsiona para o lado dos prazeres carnais.
Mas e quando o indivíduo crê em algo, vive de outra maneira e prega um terceiro discurso que sabidamente ele mesmo não crê? Conheço uns sujeitos assim. Eles apóiam suas vidas num tripé: convicção, discurso e prática. Criam uma demanda tal para sustentar o seu estilo de vida e ficam reféns do próprio sistema, da própria demanda. Não podem mais voltar atrás, a menos que haja um profundo arrependimento e um rompimento radical com o sistema vigente, gerido por eles mesmos.
O terceiro elemento, a conveniência da situação, do conforto, da autoridade e da influência, do status quo, aprisiona-os de tal modo que mesmo confessando suas convicções se vêem forçados a discursar contra a própria convicção, contra a própria fé! Não crêem do modo como discursam, mas precisam afirmar e reafirmar seu discurso para manter a situação sob controle e as contas e o conforto pessoal em dia.
Miseráveis homens. Violam a própria consciência cotidianamente. Mais que isso, defraudam o Evangelho que insistem em dizer que crêem quando são abordados individualmente, nos seus gabinetes. Reféns de um sistema promíscuo que retroalimenta uma mentira, um evangelho sem a graça (e, portanto, desgraçado), insuficiente para levar pessoas à salvação, incapaz de promover arrependimento e transformação de vidas, ineficiente para estimular o evangelismo e completamente incompatível com o que é encontrado na Bíblia e nos lábios de Jesus.
Tanto quanto o pior pecador, líderes cristãos que se apóiam no terceiro elemento da conveniência precisam do que o profeta Daniel chamou de “o quarto homem”, Jesus Cristo, o único agente que pode tornar a dar a alegria do primeiro amor. Tanto quanto o pior pecados, líderes cristãos que se apóiam no terceiro elemento da conveniência precisam de libertação, de arrependimento e de conversão à fé. Precisam ler a Bíblia honestamente, debaixo de oração, como faziam no início de sua fé. Somente assim poderão ter esperança de tornar a viver, no máximo, o difícil dilema entre a fé e a prática – o que em si já é por demais difícil.
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