A bagagem da teologia liberal desembarcou no Brasil tem uns anos já. As malas foram abertas ainda no porto e alguns teólogos e escritores andaram pegando algumas coisas por lá. Hoje é possível ver o que chegou da Europa em todos os cantos do país, nos seminários, nas igrejas.
A teologia liberal é fruto da pesquisa acadêmica pautada pelo racionalismo e, como ciência, faz vasto uso de outros saberes, sociologia, antropologia, história, lingüística e por aí vai. Nada de errado até aqui com uma pequena atenção ao uso do racionalismo como norteador do estudo da revelação. As Escrituras são compreensíveis racionalmente, como a própria fé reivindica certa medida de razão (1Pe 3.15), mas a razão não deve ser o pressuposto único para a admissão do sentido do texto bíblico.
Diante disso, os teólogos liberais daqui têm encontrado dificuldade em lidar com um dos elementos mais belos da Bíblia, especialmente aqueles encontrados nos discursos de Jesus, que são os paradoxos da fé cristã. Morrer para viver, céu e inferno, a convivência do amor e da justiça no mesmo ambiente, entre outros.
Notadamente os dois últimos são os mais incômodos para a turma da academia. Pois veja você, leitor, que quando fiz a convalidação do meu curso de Bacharel, um de meus professores declarou, para meu espanto: “Vocês não fiquem escandalizados, mas se for para morar no céu com um Deus que envia pessoas para o inferno, eu não quero ir para o céu”. Claro que eu reagi, mas a resposta dele foi daquelas bem esfarrapadas. Outro dia no Twitter outro declarou: “Um deus que para cumprir os seus desígnios precisa matar pessoas é um demônio”. Esse nunca chegou perto de ler o antigo Testamento, Atos nem o Apocalipse.
Outro locutor dessa escola liberal vira e mexa faz afirmações do tipo: “A condenação de Jesus não significa necessariamente condenação eterna no inferno”, “Juízo de Deus não significa inferno”, “A fé não dá certeza da salvação, apenas uma convicção”. (Nota: segundo o dicionarista Aurélio Buarque, “convicção é certeza adquirida”).
As proposições feitas por esse modo de pensar a teologia são equivocadas se colocarmos o adjetivo “cristã” depois do substantivo teologia. Teologia cristã deve ser pensada a partir da Bíblia, e não da sociologia, da antropologia nem qualquer outra ciência, as quais são usadas para elucidar algum ponto complexo do texto bíblico, nunca para determinar o seu sentido nem chancelar a sua validade.
Quando converso com algum teólogo liberal, noto que o texto bíblico tem o segundo ou terceiro lugar na lista de referências quando fundamentam suas afirmações. Eles ficam admirados, e às vezes surpresos, quando um texto bíblico é citado para refutar suas afirmações. “Não é bem assim...”, é o que costumam dizer.
Ora, se Jesus disse “inferno”, mas tinha em mente “a terra ideal”; se Jesus disse “céu”, mas o sentido era “um futuro brilhante” e se a Bíblia ensina o “nascimento virginal” mas devemos entender “projeto Genoma”, então precisamos mudar muitas outras coisas. Há um oceano de livros e enciclopédias inteiras que precisam ser queimadas porque ensinam heresias perigosas, preconceituosas, politicamente inadequadas, homofóbicas, verdadeiras pragas!
Ou talvez a turma toda dos liberais deva comprar um exemplar da Bíblia, bem simples, sem comentários nem notas marginais, e começar a ler de onde Moisés deu a deixa: “No princípio criou Deus o céus e a terra. A terra era sem forma e vazia e o Espírito se movia sobre a face das águas”.
Parece que Deus sabe conviver com a criação deformada e vazia; mas o homem não. O homem quer tudo certinho, explicadinho, bem formatado, bem habitado, sem problema aparente. Não consegue mais conviver com o paradoxo. O homem não aceita esse negócio de ser amoroso e justo ao mesmo tempo. Tem que amar sempre, independente se a banda toca desafinada. Esse negócio de mandar gente pro inferno não ajuda no projeto ecumênico de... deus.
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Pois é meu caro, a cada dia as idéias, paixões humanas, doutrinas diabólicas estão tomando o lugar da VERDADE EM JESUS pra satisfazer as multidões através dos doutores formados em concupiscências nos seminários da serpente.
ResponderExcluirJá declarava Paulo bem antes da onde liberal:
1 QUISERA eu me suportásseis um pouco na minha loucura! Suportai-me, porém, ainda.
2 Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo.
3 Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.
4 Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis.
5 Porque penso que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos. II Corintios 11
Parabéns pelo texto,Deus abençoe.