quarta-feira, 16 de março de 2011

Vocês são pais ou missionários? Qual o seu papel?

Uma questão recorrente nas famílias que têm pais cristãos e filhos “desviados” ou afastados do evangelho é a mudança nos papéis dos pais.* Entendo perfeitamente a ansiedade – em alguns casos desespero – de pais que querem ver seus filhos reconciliando-se com o Senhor a fim de serem protegidos do pior.


Quando o cenário envolve violência, agressões verbais dos filhos contra os pais, péssimo aproveitamento nos estudos ou mesmo o uso de drogas e sexo prematuro e fora do casamento, a tendência de tudo o mais é agravar-se. A insistência dos pais, os “sermões-pregação”, as “palavras de Deus para você” e as ameaças notórias passam a ser uma constante perturbação do ambiente doméstico.

E o que fazem para terem seus filhos de volta, na Igreja, e com o comportamento transformado? Tudo o que não faz parte do papel de um pai e de uma mãe. Sim, não fique assustado com a minha declaração, pois tenho motivos e razões para dizer isso.

Se considerarmos somente a declaração de Jesus – uma exceção, aliás – que ele veio trazer divisão às famílias (Lc 12.51.52), poderia argumentar que luz e trevas não se misturam mesmo. Mas não é o caso. Quero trabalhar o texto de Paulo aos Colossenses 3.12: “Pais, não irritem seus filhos, para que eles não desanimem”.

Quando sou chamado a aconselhar filhos rebeldes de cristãos “comportados”, percebo que seus pais já não desempenham o papel de pais há muito tempo. Eles assumem a função de pastores, missionárias, evangelistas, diáconos e tudo o mais que temos nas igrejas. No entanto, há total negligência no seu papel de pai, total negligência no seu papel de mãe. Mais que negligência, há desacordo com o que nos dizem as Escrituras: eles irritam seus filhos em vez de amá-los; perseguem seus filhos em vez de ampará-los; apascentam seus filhos em vez de criá-los e educá-los.

Essa troca de papéis não é o recomendado. Aliás por toda a Bíblia o desastre é certo quando alguém não cumpre a sua parte no pacto. Foi assim com Eva, foi assim com Moisés, foi assim com Sansão, foi assim com Davi, foi assim com Jonas e com tantos outros. Todos grandes nomes da história bíblica. Conosco não seria diferente.

Quando pais e mães descartam seus papéis, suas funções, dois problemas são inevitáveis. Primeiro, eles assumem outro papel que não é devido ao seio de uma família. Fazem o que não é para ser feito e o lar fica sem o pai ou sem a mãe, sem alguém que cumpra essa função. Segundo, eles deixam de dar testemunho valioso, conforme Pedro orienta em 1Pedro 3.1-3, num texto que deve também ser aplicado ao relacionamento marido e mulher: “... mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, a fim de que, se ele não obedece à palavra, seja ganho sem palavras, pelo procedimento de sua mulher, observando a conduta honesta e respeitosa de vocês”. Sara, sem palavras – apenas pelo seu comportamento exemplar – ganhava Abrão, o pai da fé. Que testemunho ela deu, apenas exercendo o seu próprio papel dentro do lar!

Portanto, minha recomendação é fazer uma avaliação do modo como pais e mães estão se comportando, como estão lidando com as situações no ambiente doméstico, se há alguma ruptura na relação familiar. Isso talvez não solucione todos os problemas, mas certamente irá colocar muitas peças nos seus devidos lugares.

* Esse texto pode ser adaptado ainda para a relação marido e esposa.

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