Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. (Mt 6.19-20, NVI)
De novo o velho exemplo: ouvi um pregador dizer que iria “ensinar o segredo para tirar os tesouros do céu e desfrutarmos deles aqui na terra”. Como Jesus ensinou o contrário, temos um típico caso de pregação antibíblica, anticristã, e isso em uma igreja evangélica.
Mas em qual tesouro Jesus está pensando quando fez esse anúncio? Será que Jesus acumula alguma espécie de riqueza transferida daqui para lá?
Definitivamente, não. Recorrendo ao velho – e bom – mandamento da interpretação, o contexto, o quê vemos aqui?
No contexto imediato, Jesus acabara de ensinar a oração do Pai Nosso. Esta oração é encerrada com o ensino sobre perdão (“perdoa-nos assim como perdoamos”, v.12) e a soberania divina do Reino (“teu é o Reino”, v.13).
Depois da oração, Jesus fala sobre o jejum: os judeus, com sua falsa espiritualidade (a que Jesus chama de hipocrisia, v. 16), acordavam e nem se arrumavam, permaneciam despenteados, semblante abatido, não se lavavam e saiam às ruas assim, para mostrar que estavam em jejum. Dentro do contexto temos, então, a oração e o jejum, ambos elementos de natureza devocional, espiritual, seja dentro do cristianismo como em qualquer outra orientação religiosa. Nada temos aqui com relação a riquezas e bens materiais.
A chave para entender a natureza do “tesouro” do versículo 19 está aqui, no texto do v. 18 sobre jejum: “Ao jejuar, arrume o cabelo e lave o rosto, para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que vê em secreto. E seu Pai, que vê em secreto, o recompensará” [algumas versões acrescentam “publicamente”].
O jejum é uma prática milenar que visa à humilhação da alma perante Deus, com finalidade de aproximação do homem ao Senhor. Um dos meus versículos favoritos sobre o jejum diz: “humilhei-me com jejum e recolhi-me em oração” (Sl 35.13). Davi diz que quando seus inimigos o afrontavam, ele buscava em Deus, com oração e jejum, o julgamento de seus inimigos. As ferramentas da oração e do jejum sempre são usadas conjuntamente.
Assim, que recompensa Jesus tem em mente quando fala que haverá tesouros – no caso, para quem ora e jejua? Certamente o contexto remete os pensamentos à santidade, às virtudes que o cristão pode alcançar em sua aproximação do Senhor, por meio da oração e do jejum. É inadmissível a tentativa de ler este texto com as lentes da bolsa de valores. Não, não são os tesouros monetários que Jesus tem em mente. Apenas quando ele for falar sobre a “ansiedade” (a partir do v. 24), é que haverá oportunidade para mencionar os recursos materiais para o sustento das necessidades básicas – e mesmo assim o contexto será a ansiedade e as preocupações da vida!
Dessa forma, desmancha-se a pretensa hermenêutica da prosperidade sobre este texto no Sermão do Monte. As virtudes cristãs são o foco aqui. Jesus faz alusão a elas quando aconselha e orienta-nos a juntar algo diante de Deus, no céu. E alguém conseguiu e ousou pensar em riquezas materiais num ambiente nitidamente espiritual. Nada entendeu dos princípios da fé.
Siga-me no Twitter: @magnopaganelli
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirUps! Fui atraido pelo Tesouro no Céu. Murdock deve estar preocupado com seu texto. Ele diz: "põe nas mãos de Deus o que vc tem e Deus colocará em suas mãos o que Ele tem"....
ResponderExcluirMeu Irmão, parabéns pelo seu blog, a busca por Deus sem tesouros e dinheiro hoje em dia esta difícil,,, pois muitas igrejas estão preocupadas com conforto mais conforto, dinheiro mais dinheirooooo e Deus? Há esse fica por ultimo.... Que pena!!!! Mas devemos lutar e orar muito para que o nosso bom Deus tenha misericórdia deles.... Shalom..
ResponderExcluirUé?! Você não é "um escolhido"? Ainda não "determinou"? Estranho você, não?!
ResponderExcluirConcordo plenamente em muitas colocações suas, mas, presisamos entender que, o dízimo e as ofertas também servem para mantimento da obra e sustento dos sarcedotes.
ResponderExcluirAntes de começar a gastar, devemos honrar a Deus dando-Lhe o que Lhe pertence primeiro. A Bíblia diz em Provérbios 3:9 “Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda.”
Que parte do nosso salário pertence a Deus? A Bíblia diz em Levítico 27:30 “Também todos os dízimos da terra, quer dos cereais, quer do fruto das árvores, pertencem ao senhor; santos são ao Senhor.”
Dar o dízimo é uma forma de aprender que Deus ocupa o primeiro lugar na nossa vida. A Bíblia diz em Deuterenômio 14:22-23 “Certamente darás os dízimos de todo o produto da tua semente que cada ano se recolher do campo. E, perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus por todos os dias.”
Como era o dízimo usado em Israel? A Bíblia diz em Números 18:21 “Eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, o serviço da tenda da revelação.”
Cristo aprovou o dízimo. A Bíblia diz em Mateus 23:23 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.”
Que diz Paulo sobre como o ministério do evangelho será sustentado? A Bíblia diz em 1 Coríntios 9:13-14 “Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que servem ao altar, participam do altar? 4Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.”
Em que princípio se basea a devolução do dízimo? A Bíblia diz em Salmos 24:1 “Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam.”
De donde vêm as riquezas? A Bíblia diz em Deuterenômio 8:18 “Antes te lembrarás do Senhor teu Deus, porque ele é o que te dá força para adquirires riquezas; a fim de confirmar o seu pacto, que jurou a teus pais, como hoje se vê.”
Além do dízimo que mais devemos trazer ao Seu santuário? A Bíblia diz em Salmos 96:8 “Tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome; trazei oferendas, e entrai nos seus átrios.”
Deus diz que quando não damos dízimos e ofertas, estamos roubando-Lhe. A Bíblia diz em Malaquias 3:8 “Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas.”
Como sugere Deus que provemos as bencãos que Ele prometeu? A Bíblia diz em Malaquias 3:10 “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós tal bênção, que dela vos advenha a maior abastança.”
Dá com alegria como quem quer agradar a Deus. A Bíblia diz em 2 Coríntios 9:7 “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria.”
Deus diz que o que damos deve reflectir com honestidade o que recebemos. A Bíblia diz em Deuterenômio 16:17 “Cada qual oferecerá conforme puder, conforme a bênção que o Senhor teu Deus lhe houver dado.”