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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Jesus não é o Caminho

Dizem que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose administrada. Parece que na vida cristã o critério também é válido. Há declarações que precisam ser precisas, do contrário há implicações bastante graves. João, no Apocalipse, adverte que tirar ou acrescentar algo ao texto comprometerá alguma coisa na vida futura.

Por isso, a afirmação de que “Jesus é o Caminho” é comprometedora. Explico. Jesus não disse ser de um só jeito ou forma. Jesus não disse que única e tão somente uma ala da igreja entenderia o que ele disse e fez. Jesus não declarou fidelidade nem chancelou exclusividade a um único sistema teológico ou doutrinário. Jesus é “um pouco mais plural” do que a maioria de nós permite ou gostaria que fosse.

Ele é o caminho? Não somente. Jesus é o Caminho e a Verdade. Dizer que Jesus é o Caminho é falso. Dizer que Jesus é o Caminho é admitir que ele só pode ser visto por uma perspectiva. Nem os evangelistas fizeram isso. Há perspectivas bem delimitadas nos sinóticos! E o que dizer do texto de João? Ora, há quatro evangelhos, mas em nenhum deles Jesus é somente o Caminho: ele é também a Verdade.

Não podemos sonegar a outros uma perspectiva de que Jesus seja a Verdade, mesmo que estivéssemos pensando que a Verdade era propriedade nossa. Pode ser que nós o vejamos como o Caminho, mas quem o vê como a Verdade são os outros, os diferentes de nós.

E assim mesmo estamos sendo parciais, apequenadores, mesquinhos, pois Jesus não é somente o Caminho e a Verdade. Jesus é também a Vida! Ah, dirá alguém – aí já é demais! Multiplicidade de perspectivas não agrada. É desagregador, perigoso até! O que irão dizer os outros que o vêem diferente de nós, que sabemos ser ele o Caminho? Não é seguro! Já não bastam os que dizem ser Jesus a Verdade? Ele é também a Vida!

Pois é, além e acima de tudo, Jesus é a Vida. Para quem o vê como o Caminho, ele é o Caminho – e assim ele é visto por esses; para quem o vê como a Verdade ele será a Verdade pois é a Verdade. Mas é para outros ainda que Jesus revelou-se como a Vida, rica, vigorosa, esperançosa. Assim é a Vida. O Caminho também dá esperanças, pois é preciso trilhá-lo a cada dia tendo novos horizontes diante dos olhos. A verdade tal é, pois que se revela mais intensa e segura tanto quanto nos apegamos a ela.

Assim é Jesus: uns o vêem como o Caminho. Outros como a Verdade. E outros mais como a Vida. E ele não é uma só via, um só sistema, uma só revelação: ele é Jesus. Nós o vemos de maneiras diferentes sendo ele uma só pessoa. E que bom se pudermos compartilhar os diferentes olhares sem tirar os olhos do mesmo ponto.



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terça-feira, 28 de junho de 2011

O dicionário e a união homoafetiva

– Pai, o que é um casal?

– Filho, o dicionário Aurélio define casal como “par composto de macho e fêmea ou homem e mulher” e o Houaiss diz que casal é o “1. par formado por macho e fêmea ou marido e mulher” e “2. Duas coisas iguais”.

– Pai, o que é uma família?

– Filho, Aurélio diz que são “pessoas aparentadas que vivem, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos”. O outro (Houaiss) afirma que família é um “grupo social básico, formado por pai, mãe e filho(s)”. Houaiss dá outras definições tipo “grupo de seres ou coisas com características comuns”.

– Pai, vi na televisão que hoje um homem e outro homem receberam uma certidão de casamento. O que eles são agora, casal ou família?

– Filho, Houaiss disse que “coisas com características comuns” formam uma família. Não no sentido genético, pois não podem procriar e ambos os dicionários concordam que é preciso ser macho+fêmea+filho ou marido+esposa+filhos para usar o título “família” no sentido genético da coisa.

Por falar em coisa... eles citam que coisas iguais ou com características comuns são famílias. Assim são as plantas e outras coisas mais.

– Pai, não são um casal?

– Não dá, filho. Eles são iguais; só se for par. Aí deve dar. Veja lá no dicionário se dá pra ser par.

– Pai, estou ficando confuso.

– Filho, eu também.

 
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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Experiências teológicas

Um pensador cristão, como um autor, um estudioso ou um pastor e pregador, aqueles que usam a palavra em alguma de suas ocorrências (pensada, escrita, falada) faz cálculos usando letras em vez de números.


Aqueles que pensam, escrevem ou falam ficção, não fazem teologia. Teologia não é ficção. A vida cristã é “pela fé”, e fé também não é ficção. Fé é esperança e também e prova, fundamento. Pise com força no chão e veja como ele é firme: assim é a fé para aquele que crê (Hb 11.1). O chão onde o crente pisa é firme, seguro.

A fé do cristão o leva a perscrutar as Escrituras, pois elas, sendo o Verbo, são também a expressão exata do ser de Deus. As Escrituras não tentam provar a existência dele, mas paradoxalmente testemunham a seu respeito. As Escrituras são relatos, testemunhos de que homens e mulheres tiveram experiências reais e seguras com o Senhor. Experiências reais não são ficção, são fato.

Assim, envolver-se com o Senhor e com as coisas que ele fez e faz na vida das pessoas é lidar com material real, factível, firme e seguro.

Quando nós mesmos temos experiências com o Senhor podemos pensar nelas, escrever sobre elas e falar sobre elas. Testemunhar. Quando a experiência com o Senhor é confusa ou é desprezada pelo fato do interesse esmorecer ou mesmo desviar-se dele, começamos novas experiências, mudamos os pensamentos, a escrita e a fala. Até que ancoremos noutro porto, não haverá mais segurança e firmeza em nossas palavras. Elas ora dizem uma coisa, ora dizem outra, muitas vezes contraditórias.

Assim é aquele que se cansa das experiências com Deus ou mesmo passa a procurar por novas experiências. Suas palavras ganham em estética mas perdem em ética; assumem um tom poético em favor do mundo mas não teológico em função do seu Criador. Seu texto afasta-se da realidade e aproxima-se da ficção. Fica belo, mas nem sempre crível. Torna-se menos cristão e mais humano. E humanismo é tudo o que não cabe na conta do cristianismo; como também o liberalismo.

Nós, cristãos, não temos liberdade para essas aventuras? Sim, temos liberdade. Não temos – isso sim – é direito de fazer contas teológicas que não fecham, que deixam sobrar dízimas periódicas. Mas a teologia – dirá alguém – não é uma ciência exata. Interpretações distinguem-se umas das outras; dois mil anos de história estão aí para demonstrar. Mas isso não é de todo verdade. Isto é meia verdade.

Quando pensamos, escrevemos e falamos das coisas de Deus, aqueles que verdadeiramente se aproximam mais dele eliminam os excessos, enxugam seus textos, pensam nas mesmas coisas e falam sobre elas. Suas contas fecham sim, pois usam as palavras certas, não os números errados. Ao aproximarem-se de Deus, a exatidão das experiências aumenta na mesma proporção que diminuem as diferenças. Precisamos de mais experiências assim.



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terça-feira, 14 de junho de 2011

A autoconfiança de Davi (Sl 51.10; 2Sm 11.1-12.25)

Após longo período dependendo da direção e do livramento de Deus, Davi resolveu assumir o controle de suas decisões. Sua vida espiritual foi, então, enfraquecida e ele cometeu torpezas, como adultério e homicídio.


Em 2Samuel 11.25 Davi “brincou” de senhor do destinho, mandando “o mensageiro dizer a Joabe: ‘Não fique preocupado com isso, pois a espada não escolhe a quem devorar”. E ainda insistiu com o mensageiro que encorajasse Joabe”. Em 2Samuel 12.5, quando diz a Natã a sua opinião sobre o caso do homem mal, está ao mesmo tempo declarando que o que vale para os outros não vale para ele.

Depender de Deus não é alienação da realidade, não é irresponsabilidade numa sociedade dinâmica. Depender de Deus é ser sensível à revelação e orientação que Ele dá para nossas vidas e é essa orientação que nos faz ir além das nossas possibilidades! Davi se mostrou autoconfiante, autosuficiente – ele se bastava.

Davi errou também quando tirou férias de suas responsabilidades como rei e férias do seu dever como soldado. Lemos em 2Samuel 12.7 que Deus deu-lhe tudo e se fosse necessário teria dado mais. A vida cristã assemelha-se a isso em certo aspecto: ela não é só atividade, engajamento, mas também não é negação dos deleites e bênçãos terrenas. É saber a hora certa e o tempo de Deus para desfrutá-los e também discernir o que devemos desfrutar e usufruir.

Exemplos de autoconfiança temos em Immanuel Kant (1724-1804), o grande filósofo da modernidade, afirmou: “Age de tal modo que a máxima da tua ação possa sempre valer também como princípio universal de conduta”. Com isso, transformou o homem no “criador” do mundo, da moralidade e das referências válidas. Segundo sua premissa, se nos sentimos tentados a mentir, basta apenas que perguntemos, “Gostaríamos que outros fossem desonestos?”. Também Rubem Alves coloca o homem como referencial, e não Deus, ao dizer: “O pecado não faria sentido se não fossem os estados emocionais dolorosos”. Não, o pecado faz sentido porque ofende o Senhor, não porque sinto-me “emocionalmente dolorido”, como a mentira que ataca frontalmente o Deus que é a Verdade.

Igualmente vemos essa postura em Friedrich Nietzsche (1844-1900) quando diz que não há um mundo verdadeiro: tudo limita-se a uma “aparência de perspectiva” cuja origem está em nós mesmos. Nietzsche sustenta os valores humanos somente à medida que lhes damos valor. Do contrário, nada tem qualquer valor.

É preciso olhar para Jesus, autor e consumador da fé (Hb 12) e tê-lo como referência, pois é a imagem exata e a expressão plena de Deus. Os olhos como sentido humano são a entrada de informação para a alma. O resultado de olhar para o lugar errado o próprio Davi dá – é a “patologia” causada pelo pecado (Sl 32.3): “Enquanto eu mantinha encondidos os meus pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer”.

No entanto, Davi nos mostra porque é conhecido como um homem segundo o coração de Deus. Ele não oferece sacrifícios insignificantes ao Senhor, mas quebranta o seu coração e reconhece os atributos do Senhor. Ele é criador que cria, como algo novo, do nada, que não poderia emergir daquilo que já existia; Deus faz novamente (v. 10). E ainda, no mesmo Salmo 51.14b, diz: “Minha língua aclamará [ou levantará] altamente a tua justiça”. Esse é o louvor que ele dará ao Senhor, resultado de um encontro renovador com aquele que perdoa e apaga as nossas transgressões.

Essa é a riqueza da graça de Deus e do cristianismo: somos pecadores mas conhecemos o Deus perdoador.

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quarta-feira, 8 de junho de 2011

"SOCORRO! Minha igreja se dividiu"

A divisão entre pessoas de um mesmo grupo social não é problema novo, mas tem solução. No cristianismo, ainda no primeiro século – e por que não dizer entre os doze apóstolos, esse problema já existia.


O apóstolo Paulo enfrentou uma grande cisão na igreja em Corinto, e registrou as causas e feitos em sua primeira carta àquela igreja.

“SOCORRO! Minha igreja se dividiu”, agora em sua 2ª edição ampliada e com prefácio do Pr. Altair Germano, trata desse problema nas igrejas modernas. Com um texto leve e bem humorado, o escritor e pastor Magno Paganelli destaca as principais causas de divisão nas igrejas e dá dicas importantes para solucioná-las, baseado em sua própria experiência.

Este livro, certamente, interessa a todas as pessoas que se preocupam com a saúde espiritual de sua igreja.

Lançamento em junho/2011. Para reservar o seu exemplar, envie email para editora@arteeditorial.com.br

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Você tem medo de quê?

A Bíblia nas suas línguas originais (hebraico e grego) usa três diferentes termos que foram traduzidos para o português por medo ou temor. Os três vocábulos gregos traduzidos por medo são:


- Deilia, o sentido negativo do medo (como em Gênesis 3.10)
- Fobos, de onde vem fobia; sua característica é neutra no texto bíblico.
- Eulábeia, quetraz o sentido de temor como reverência para com Deus (Hb 12.28).

A medicina verifica que o medo traz problemas fisiológicos, muitos deles. Dores, enfermidades, problemas gástricos e muitos outros. E o medo pode manifestar-se de modos diversos:

– Ciúmes: medo de perder algo. Caim tinha medo de não ser aceito por Deus e por inveja, matou a seu irmão que era aceito pelo Senhor.
– Suicídio: ocorre por medo de enfrentar algum problema futuro ou por reconhecer uma grande derrota (Elias sentiu medo do futuro em 1Re 19.14).
– Pânico (Mt 14.26; Mc 6.50).
– Medo da morte.
– Medo da solidão (Js 1.1-2; 2 Tm 4.9, 10 e 11).
– Medo de empobrecer: é o apego aos bens materiais (Hb 13.5).
– Medo de não ser perdoado (1Jo 1.7).

Quando alguém está com medo sua mente não descansa e vive à procura de subterfúgios. “Me escondi, porque... tive medo”, disse Adão, após ser descoberto pelo Senhor, no jardim.

O medo produz tormento (1Jo 4.18), afasta as pessoas das atividades normais, e faz as pessoas se esconderem e se retraírem (Gn 3.8-10).

Se a fé não lançar fora o medo, o medo lançará fora a fé. Por isso, é preciso buscar sempre uma consciência pura diante de Deus (Rm 14.23). Fortalecer os laços com o Senhor e nas suas promessas nos fará lançar fora o medo. Confie nas promessas de Deus (Fp 3.13 e 14).

Alguém já disse que a Bíblia traz a expressão “não temas” por 365 vezes, isto é, uma para cada dia do ano; não conferi isso para certificar-me se é verdade. Mas sei que, mesmo que isso não seja assim, o Senhor está conosco 366 dias, até nos anos bisextos Ele não se afasta de nós.

Busque a paz em meio à tribulação. Jesus orou por nós assim: “Livra-os do mal” (Jo 17.15). Confira os testemunhos dos grandes homens de Deus para ter sua esperança renovada (2Co 4.8 e 9; Fp 4.12 e 13), e medite sempre na Palavra do Senhor (Js 1.7 e 8).

Normalmente o medo é consequência imediata do pecado. Ele não vem de Deus, “pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.” (2Tm 1.7).

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terça-feira, 7 de junho de 2011

Você precisa ler o quê?

Desde seu primeiro livro publicado, a Arte Editorial preocupou-se em atender às necessidades da Igreja brasileira. Ainda hoje pensamos assim. Por este motivo, estamos fazendo uma consulta entre leitores, parceiros e amigos para saber das demandas da Igreja, da sua comunidade local, do seu seminário ou curso teológico enfim, que obras você tem sentido falta? Quais os temas que precisam ser melhor trabalhados por meio de um livro? Que assuntos você precisa entender melhor mas não tem encontrado literatura suficiente?


Escreva um email para editora@arteeditorial.com.br mencionando no assunto QUERO LER ARTE EDITORIAL. Escreva no email, além do tema, assunto ou sugestão, seu nome, endereço completo e contatos (fone e email).

Ao final da consulta nós sortearemos livros da Arte Editorial para os emails selecionados. Visite nosso site em http://www.arteeditorial.com.br/ e siga-nos no Twitter em @ArteEditorial

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Quem disse o quê?

Você que tem lido posts meus aqui neste espaço já percebeu minha indignação com alguns pregadores desavisados. Não que eu fique com caneta e papel na mão à procura de escorregões no púlpito, não. Mas eu presto atenção ao que está sendo dito e confiro com a Bíblia. Ou não é para fazer isso? Os bereanos faziam (At 17.11)


É conhecido o caso, já postado aqui também, do pregador que disse que “iria ensinar os segredos para tirar os tesouros do céu para desfrutarmos aqui na terra”. Jesus disse para fazermos EXATAMENTE o contrário: “Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam.” (Mt 6.20)

No Twitter, dia desses, um conhecido teólogo teclou que “quem tem certezas sobre Deus e salvação ainda não sabe o que é salvação pela fé.” Respondi a ele que já escreveram Hebreus 11.1, e que agora já podemos – graças a Deus – ter certezas sobre Deus e a salvação pela fé. Ele rebateu – ousado! – afirmando que “só a ciência pode dar certezas; a fé dá convicções”. Ah, peguei o dicionário e li: Convicção: certeza adquirida. Imagina se não Twittei isso! Claro, e acrescentando, ainda: “Aurélio Buarque de Holanda”. Ele parou de twuittar. Não era para menos: ignorou a Bíblia e se perdeu no próprio vocabulário. Melhor ficar quieto, não?

Mas tenho mais. Num culto que participei, o pastor foi ministrar antes do momento da oferta, ensinando sobre a importância de contribuirmos, e citou – lá vem citação – um conhecido autor: “Nada sai da mão de Deus sem que antes saia da sua mão”. Aí, de estalo, lembrei-me de um versículo que, como o que citei acima, diz EXATAMENTE o contrário: “Quem primeiro me deu alguma coisa, que eu lhe deva pagar? Tudo o que há debaixo dos céus me pertence.” Trata-se de Jó 41.11.

Tá difícil sentar, abrir o coração e deixar Deus falar. Ter que ficar defendendo-se daquilo que não consta na Bíblia – e se ao menos fosse coerente, normal, mas não: é antibíblico e prejudicial. A pesquisa feita por um amigo editor constatou que 50,68% dos pastores nunca leram a Bíblia ao menos uma vez. Espantoso. De novo pergunto: Se não leram, não aprenderam... e estão ensinando o quê?

Antes de citar autores, cantores, preletores, conferencistas, vamos dar uma lidinha na Bíblia?

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quarta-feira, 1 de junho de 2011

O que você crê determina o que você faz

Quando o profeta Jonas foi descoberto dormindo no navio que ia para Tarsis, os homens fizeram-lhe cinco perguntas específicas, as quais Jonas respondeu com duas respostas genéricas: “Sou hebreu” (perspectiva étnica) e “adorador do Senhor” (perspectiva espiritual).


As respostas deveriam ser: 1. eu sou o responsável pela tragédia porque 2. sou profeta, 3. palestino de 4. Israel 5. da família de Amitai.

Jonas contou a história a eles, que o consideraram até certo ponto inocente. Ele deu a entender que o culpado de tudo era Deus, pois este queria matá-lo. Essa era a compreensão de Jonas sobre a missão de pregar em Nínive, como também era a sua compreensão da exigência divina de lançá-lo no mar como sacrifício de apaziguamento da divindade. Deus provoca os desequilíbrios, não as nossas decisões. Era assim que ele pensava.

Diante disso, vejo que entender e interpretar mal a vontade de Deus para nós gera crise e deformidade em nossa própria identidade. Precisamos entender o que Deus quer de nós e o que Deus quer fazer em nós para, assim, trabalharmos na construção de uma identidade adequada à imagem e semelhança Dele. Dessa forma, o que cremos interfere no que somos e no que fazemos: “Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras”. (Tg 2.18)

O que Deus quer de nós? Obediência pela fé. Obediência cega pela fé cega? Não, obediência compartilhada e fé inteligente. “Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês.” (1Pe 3.15) Ou seja, eu espero porque tenho evidências que sustentam minha fé e minha esperança.

Quando Jesus chamou os primeiros discípulos (Mt 4; Lc 4) ele já era conhecido na Galiléia e Cafarnaum, por isso todos “deixaram suas redes e logo o seguiram”. Não tomaram uma decisão às cegas, antes, decidiram-se por seguir alguém de quem já tinham conhecimento prévio e seguro.

Quando Tomé teve dificuldades para amparar sua fé no Salvador ressurreto, Jesus deu-lhe provas tangíveis que lhe deram segurança. Jesus não despediu Tomé nem desafiou seus primeiros discípulos. Antes, cercou-os com informações fundamentais para que pudessem compreender corretamente a vontade de Deus e formar neles uma nova identidade.

A vontade de Deus é boa, agradável e perfeita.

Quando Saulo foi derrubado na estrada para Damasco ele caiu no chão já sabendo quem o derrubara: “Quem és tu, Senhor”? Saulo conhece a identidade daquele que quer tratar com ele e põe-se no devido lugar – ou é colocado pelo Senhor no lugar devido.

Vemos, então, que Jonas imaginou/supôs que o Senhor queria pôr fim à sua vida quando o Senhor queria dar vida aos ninivitas. Compreensão errada da vontade de Deus deforma a nossa própria identidade e o desenrolar do nosso chamado.

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