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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A hora em que o crente perde

Ontem aconteceu uma coisa que chamou a minha atenção. Eu estava aconselhando alguém de meu convívio sobre um problema que a pessoa teve com seu vizinho. Para isso, citei um texto bíblico que eu mesmo uso como base para resolver problemas que, vez ou outra, eu também tenho. Nenhum vizinho é perfeito!


Mas percebi que ao citar um texto bíblico, aquela pessoa se mostrou avessa ao que eu disse, e alegou haver outro texto na Bíblia que ensina o contrário. Ora, me pareceu uma grande estupidez aquela conversa, uma vez que tentava resolver, ou pelo menos ajudar, o problema daquela pessoa. Somos da mesma igreja, temos a mesma fé!

Entendo que aconselhar é tentar mostrar algo que a pessoa aconselhada ainda não conseguiu ver, seja qual for o motivo. Uma vez que a pessoa consegue ver o que antes estava impedida de ver, pode tomar decisões com mais segurança, com maior clareza.

Isso também implica em conseguir reconhecer a vontade de Deus para cada caso. Todos nós queremos estar no centro da vontade de Deus. Afinal, Paulo disse que é a melhor coisa a fazer, pois a vontade de Deus “é boa, agradável e perfeita” (Romanos 12.2).

Mas o aconselhamento apontava para uma disputa em que eu não queria entrar. Calei-me, é lógico. E hoje, refletindo sobre o que aconteceu, lembrei-me de ensinos bíblicos que orientam a recuar – a palavra certa é perder – para ganhar.

O crente “perde” a sua vontade e o que ele ganha com isso é muito maior do que se fizesse aquilo que queria fazer. Duas evidências disso são o caso de Paulo e o de Jesus. Paulo disse: “E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo”. (Filipenses 3.8)

Duas vezes Paulo fala em perda, e as compensa com uma vantagem maior, que é “a excelência do conhecimento de Cristo Jesus” e “ganhar a Cristo”.

Outro caso é o do próprio Senhor, que, chorando no jardim do Getsêmane, orou a famosa frase: “Meu Pai, se é possível passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres”. (Mateus 26.39) Jesus estava, na verdade, abrindo mão da sua vontade, “perdendo” a sua vontade, para ganhar a vontade do Pai.

A cruz é, aos olhos da maioria das pessoas, a perda maior. Ser crucificado era, naquela época, a maior vergonha a que um prisioneiro poderia ser submetido. Cristo sabia disso. Mas preferiu perder a sua honra para ganhar a que o Pai tinha para lhe dar.

Concluindo, perder para ganhar não é algo fácil. Nunca sabemos, ao certo, quando nem quanto ganharemos por perder nossa vontade em troca da vontade de Deus. Certamente é esse o motivo porque tão poucas pessoas conseguem entender a vontade de Deus. Mas ela continua sendo “boa, agradável e perfeita”.

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