Este espaço foi criado para discutir diferentes assuntos a partir da cosmovisão cristã. O que pretendo é o debate de ideias e o aprofundamento nas questões que interessam a Igreja de modo geral.
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segunda-feira, 7 de junho de 2010
Como anda a nossa diaconia?
No primeiro século da era cristã, os apóstolos da igreja em Jerusalém adotaram a expressão servir como referência ao trabalho de assistência social. Naquela igreja com milhares de irmãos, a comunidade de judeus com formação grega foi o primeiro alvo da ação beneficente. Vem daí o termo diákonos − aquele que serve.
Se serve, serve o quê? Em Jerusalém eram sete irmãos encarregados de distribuírem os recursos entre os carentes, portanto, serviam aos cristãos necessitados. Nos séculos seguintes a igreja manteve este ministério que, segundo Lucas, é equivalente à própria pregação da palavra de Deus. Prova disso está em Atos 6.4, quando ele usa a mesma expressão ao falar da pregação: “... nos dedicaremos à oração e ao ministério (do grego diakonia) da palavra”.
A ação diaconal é tão nobre que os próprios apóstolos se ocuparam dela! Talvez em sua igreja ainda seja assim. Mas se não o é, como anda a diaconia por lá?
No período da Reforma Protestante, o tema ocupou a reflexão de homens como Lutero e Calvino. Lutero tratou da tríplice diaconia: no lar, na igreja e na sociedade. Calvino coordenou um importante mutirão para receber protestantes refugiados de seus países. Durante a perseguição da Igreja Romana, ingleses, portugueses, italianos e cristãos provenientes de outras partes da Europa deixavam suas cidades e fugiam para Genebra em busca de refúgio. Calvino coordenou diáconos que recebiam esses cristãos e cuidavam de cada um até que pudessem retomar suas vidas.
A ação dos diáconos genebrinos incluía: ajudar a obter moradia em casas, hospedarias ou pensões; fornecer camas ou colchões; fornecer pequenas doações em dinheiro ou cereais; fornecer conjunto de ferramentas ou matrículas para aos aprendizes de ofícios; contratar amas de leite ou mães adotivas para bebês que perderam suas mães refugiadas; contratar serviços médicos, cirurgião e farmacêutico; comprar tecidos e contratar alfaiates e costureiras para fazer roupas aos pobres; contratar copistas em tempo integral para copiarem sermões dos reformadores; custear a distribuição de saltérios e hinários e livros religiosos; sustentar pastores missionários; sustentar as viúvas e órfãos de pastores que morriam no exercício de suas funções.
Algumas igrejas em nossos dias têm mudado o nome desse cargo por outros. Evidentemente que o nome pode tornar-se um detalhe insignificante, somente se não tirarmos os olhos dos princípios bíblicos que foram estabelecidos pelos apóstolos e mantidos pela Igreja nos seus dois mil anos.
Como anda a nossa diaconia? Conheço diáconos que ainda acreditam que o melhor que podem fazer é recolher ofertas e dízimos, servir a santa ceia e guardar as portas do templo. Diante do que fizeram os diáconos em Jerusalém e em Genebra, que infelicidade para um diácono e para um pastor pensar que coisas assim são tudo o que têm a fazer. Isso está tão distante da verdadeira vocação desses homens e mulheres que é preciso rever nossos conceitos à luz da Palavra de Deus. Certamente o Senhor nos auxiliará nesta tarefa.
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