Uma parte dos intérpretes do Apocalipse entende que cada uma das sete cartas representa, além da interpretação literal, um período histórico futuro. Assim, o texto de cada carta, além de ser dirigido a uma igreja que de fato existiu na cidade a que foi endereçada, também tenha referência a um período da história da igreja nascente.
Seguindo essa linha de interpretação, estamos vivendo hoje o período coberto pela sétima carta, de Laodiceia, cujas características indicadas no texto são rigorosamente precisas. Refiro-me a um aspecto (pelo curto espaço que temos aqui), a busca pela riqueza tal qual vemos hoje: Jesus mandou João escrever ao anjo ou pastor da igreja a seguinte objeção: “Você diz: ‘Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada’. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e que está nu. Dou-lhe este conselho: Compre de mim ouro refinado no fogo, e você se tornará rico; compre roupas brancas e vista-se para cobrir a sua vergonhosa nudez; e compre colírio para ungir os seus olhos e poder enxergar”. (Ap 3.17,18)
Há dois mil anos Jesus advertia que haveria um tempo quando a liderança e a própria igreja repousaria sua confiança no fato de estarem ricos, de terem adquirido riquezas e não precisarem de nada, nem mesmo da presença de Jesus. Jesus não estava nesta igreja, não do lado de dentro, pois no versículo 20 lemos que ele bate à porta e espera de alguém que ouça a sua voz e abra-a: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo”.
A riqueza material não indica aprovação divina nem mesmo a presença de Deus entre o povo. Ao contrário, é o que diz o texto; ela pode iludir, como de fato tem feito.
Há uns dias, na abertura da nossa Escola Bíblica Dominical, perguntei se havia visitantes em nosso meio, ao que uma mulher levantou a sua mão. Terminada a abertura, fui até ela para orientá-la a assistir aula em uma das 12 classes que temos e, quando perguntei se ela já tinha convite para alguma classe, ouvi: “Eu vim ao culto das 8h, sabe. O Senhor já restituiu minhas empresas – e sem dívidas, e eu estou muito feliz...”.
Que decepção. Pensei em dizer a ela que ali não era o Sebrae mas uma igreja, que não queria saber “das suas empresas”, mas da alma dela. Nosso interesse ali era o aprendizado proposto, o conhecimento do Senhor, a intimidade com Jesus e se o coração dela de fato era habitado pelo Santo Espírito.
Descobri o que não queria: um coração rico, mas miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e que está nu.
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