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sexta-feira, 11 de maio de 2012

O retrato matemático de Deus

Um desejo antigo das pessoas de fé é ver a Deus. Moisés, há mais de três mil anos, expressou esse desejo e, mais recentemente, Filipe disse: “’Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta’. Jesus respondeu: ‘Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: Mostra-nos o Pai?” (Jo 14.8,9, NVI).

Essa informação é central no Novo Testamento e a vemos em outros documentos. Paulo, por exemplo, está convencido que Jesus revela o Pai em sua totalidade, entendendo totalidade como aquilo que a nós, humanos limitados, é possível absorver, compreender e assimilar. Quando escreve aos colossenses, por duas vezes seguidas Paulo manifesta essa compreensão. “Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude” (Cl 1.19, NVI) e há uma alternativa na mesma NVI que traduz “Pois toda a plenitude agradou-se em habitar nele”.

Essa palavra plenitude traduz o grego pleroma, que também pode significar “aquilo que enche” ou “a plena divindade”. E Paulo a repete um capítulo depois, quando declara “Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). Neste último versículo há um novo elemento, a informação corporalmente. Corporalmente traduz o grego somatikós, indicando que a plenitude da divindade não habitou o corpo espiritual de Jesus, mas o próprio corpo físico dele. Em outras palavras, Jesus manteve-se Deus plenamente enquanto era homem. Ele não precisou esperar sua morte e ressurreição para “tornar-se” Deus como sugeriram alguns escritores desde o primeiro século. Ele apenas esvaziou-se de sua glória mantendo seus atributos distintivos da divindade (Fp 2.5-11).

Para concluir, outro documento do Novo Testamento atesta a mesma compreensão de que em Jesus encontramos tudo aquilo que de Deus podemos perceber. Refiro-me à Hebreus 1.3, que diz: “O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa”.

Que texto espetacular! Nele encontramos mais informações interessantes. A primeira delas é o grego karakter, aqui traduzido por expressão exata ou reprodução, representação exata. Em seguida temos hypóstaseos, que significa natureza, essência ou realidade. Jesus reproduz a exata natureza ou essência de Deus. Mas a frase original acrescenta uma ênfase: panton, indicando que Jesus é a expressão exata de todo o ser de Deus. Tudo o que de Deus podemos conhecer, em Jesus se manifesta.

E é essa exatidão quase matemática que atrai a minha atenção. Não que necessite de provas físicas para crer em Jesus pois é pela fé que o conhecemos, mas essa demonstração precisa, diria milimétrica, que remete a uma exatidão científica (para quem necessita dela) transmite a nossa alma a sensação do Emanuel, Deus está conosco, ele revelou-se da maneira mais absurda à criatura. Ele revelou-se do modo mais gritante, saiu do seu esconderijo celestial e literalmente habitou entre nós.

É fascinante conhecer um Deus assim, por esses meios, do modo como a Bíblia descreve.

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