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sexta-feira, 30 de março de 2012

Questões sobre a formação do Alcorão (1ª parte)

Todo estudante de Teologia sabe que a Bíblia foi preservada por meio de inúmeras (fala-se mesmo em milhares) cópias dos manuscritos originais, já que esses se perderam. A tradição dos pais da Igreja já no primeiro século, além da própria comunidade primitiva, atestou a mensagem que posteriormente foi preservada nos documentos que formaram o cânon.(1) Esses documentos são os que temos disponíveis hoje, sendo 66 livros do Antigo Testamento e 39 do novo Testamento.

A perícia das ciências ligadas ao estudo desses documentos tem atestado o que se afirma e se crê sobre as Escrituras Sagradas do Cristianismo. Arqueologia, paleografia, a historiografia, epigrafia, filologia e muitos outros ramos do saber vêm atestando o que cremos há séculos. Os manuscritos de Qunran ou Do Mar Morto, considerados a maior descoberta arqueológica do Século 20 chancela que a Bíblia usada em todo o mundo é a mesma, deste os primitivos textos do Antigo Testamento. Fato.

Receio que o mesmo não se possa dizer em relação ao Alcorão. Em poucos parágrafos vou indicar cinco flancos nos quais a fé islâmica não pode se apoiar no Alcorão como registro seguro para a fé e a esperança de um dia morar no Paraíso, como desejam os muçulmanos.

1. A tradição e história islâmicas afirmam e insistem que o profeta Mohammad recebeu as revelações que compõem o Alcorão quando estava em meditação em cavernas na Arábia. Mohammad, como se sabe, era analfabeto. Ele não escreveu nada do que lhe foi revelado, mas confiou aos parentes e seguidores a composição do texto. Muitas vezes os transes se davam quando não havia recursos apropriados para registrar as revelações. Seus companheiros escreviam em troncos de árvores, pernas ou ossos de animais mortos, folhas de palmeiras, pedras, esteiras, curtume e sobre o que tivessem à mão. Confiavam na memória ou a recitadores (isso no Século 7 d.C., quando a facilidade de escrita já era bastante difundida e as técnicas já muito avançadas). Essas revelações foram compiladas somente num documento único trezentos anos depois, quando já havia pelo menos 24 variantes dos manuscritos. À exceção de uma compilação de Zid ibn Thabit foi escolhida porque seu dialeto Quraishi era a língua falada por Mohammad. As demais foram queimadas. (2)

2. As dezenas de cópias cuja composição não se combinavam entre si foram destruídas para admitir-se uma. O critério, portanto, não foi a autenticidade, como se verifica na tradição escriba dos manuscritos do Antigo Testamento, por exemplo. Já que dificilmente eram encontradas duas cópias idênticas do Alcorão já no seu nascimento, como se pode atestar a fidedignidade do que foi preservado até hoje? Impossível; e os demais documentos foram queimados, portanto, desfeita toda possibilidade de comparação e verificação.

3. A deficiência flagrante no estilo literário, com excessos de pronomes e carência de substantivos depõe contra um texto sobre o qual se alega ter inspiração divina. Um historiador muçulmano brasileiro afirmou a mim que o texto não é do profeta, mas do próprio Allah. A Bíblia, por sua vez, é rica em seus vários estilos usados pelos cerca de 40 autores. Sua história tem ritmo, sentido, enredo, harmonia, riqueza de detalhes e o vocabulário próprio dos autores mostra a honestidade da inspiração divina que se valeu de autores humanos respeitando o contexto social, político, religioso e cultural de cada um. Questiono a possível de um deus que se mostrou com tamanha beleza literária tivesse depois sofrido de tão profunda falta de inspiração na composição de outro documento de própria autoria.

4. A alta incidência de porções incompreensíveis, mesmo para árabes e tradutores, textos sem sentido, com falta de sentido lógico e raciocínio linear (essas são palavras de tradutores árabes). A tradição islâmica defende ser inapropriado traduzir o Alcorão para qualquer idioma, alegando que o árabe foi escolhido e preservado para esta finalidade e que nenhuma tradução para nenhuma língua existente poderá verter o sentido e a beleza originais. Por isso dizem que quem quiser ler o Alcorão deve aprender o árabe e ler o original. O que os linguistas que não são de tradição islâmica e mesmo alguns muçulmanos mais honestos afirmam não é isso, mas que de fato o texto é complexo e deficiente.

5. As repetições são outro problema do Alcorão. A história do Êxodo, por exemplo, é repetida 27 vezes, curiosamente omitindo a porção principal, que trata da Páscoa, evento fundamental na tradição judaico-cristã. Don Richardson diz que “era a história de púlpito preferida de Maomé”. Detalhes da vida de Abraão são repetidos 24 vezes no Alcorão. A história de Noé se repete 27 vezes. Richardson afirma que isso inflou o texto já reduzido e se essas repetições fossem retiradas o Alcorão seria 40% menor.

Além disso, Mohammad incorporou no seu texto histórias do Antigo Testamento trocando e alterando os originais conforme constam da Bíblia. Por exemplo, na sua narrativa da escolha dos trezentos valentes de Gideão, ele substituiu o juiz Gideão pelo rei Saul. Além de adulterar a fonte, cometeu anacronismo, já que Saul viveu pelo menos 200 anos depois de Gideão. Na Suta 5.23 Mohammad quer contar a história de Josué e Calebe, mas não sabe o nome desses dois personagens e se sai com um vago “dois homens”. Na Sura 2.249 ele confunde Gideão com Saul. Mas essa insistência nas histórias bíblicas tem um motivo: pegar carona na credibilidade e fazer-se herdeiro da tradição judaica e sucessor dos profetas do Antigo Testamento e de Jesus, o que já em seu tempo foi mal visto pelos judeus de Medina e de Meca como também pelos cristãos.

Talvez essa resistência de judeus e cristãos em receber a mensagem de Mohammad explique por que em todo o Alcorão encontramos versos orientando a perseguição especificamente a esses dois grupos.

Que os muçulmanos de todo o mundo possam compreender isso da mesma forma, porque o Deus das páginas da Bíblia não persegue nem a amigos nem a inimigos.

Juro pela minha vida, palavra do Soberano, o SENHOR, que não tenho prazer na morte dos ímpios, antes tenho prazer em que eles se desviem dos seus caminhos e vivam. Voltem! (Ez 33.11).

Parte do texto foi adaptado de Islamismo e Apocalipse, do autor, publicado pela Arte Editorial (2012).

(1) Os documentos do Novo Testamento foram canonizados no 3º Concilio de Cartago, em 397 d.C.
(2) CANER, Ergun Mehmet & CANER, Emir Fethi. O islã sem véu: um olhar sobre a vida e a fé muçulmana, pp. 91,92.

Eu creio assim

A Igreja na Europa e nos Estados Unidos vive uma pálida sombra do vigor que um dia foi a sua maior marca. Isso não significa que ela tivesse vivido um período incomparável de perfeição. Não. Lá nasceram grandes avivamentos e a Reforma. De lá partiram missionários, lá foi elaborada a teologia que nos alcançou, a boa e a, digamos, controversa.

Vou deixar os aspectos técnicos e históricos para outra hora, mas em linhas gerais tivemos a Alemanha como epicentro do pensamento no Século 20, quando a Teologia viveu seu maior apogeu no uso que fez das ciências sociais, e o fez a fim de mostrar-se relevante durante o modernismo. Nesta época as ciências ditavam o tom e diziam no que crer e no que não crer ― ao menos aos demasiadamente preocupados com a racionalidade da vida e da fé.

Ao buscar apoio nas ciências, a Teologia desenvolveu uma dependência tamanha que a afetou radicalmente. Destaque deve ser dado à sociologia que, por lidar com o fenômeno e o discurso religioso, teve as portas abertas e introduziu conceitos que se estabeleceram no ambiente teológico.

O que resulta disso, resumindo, são os modernos teólogos-sociólogos. Converse com um e você logo notará um papo estranho. Ele explica tudo à partir dos pressupostos humanos. Cada aspecto da religião tem um porquê natural, cultural, cujo perfil é tratado perfeitamente por algum argumento sociológico.

Claro que todas as religiões podem ser analisadas sociologicamente, não nego isso. Não admito, mas entendo a aplicação que essa teologia faz da evolução, como também o faz a economia, a biologia e outras. Mas preocupa-me o aspecto religioso, transcendente da questão.

A religião não diminui a ninguém. O Cristianismo em particular exibe os louros de grandes avanços na sociedade Ocidental e basta comparar historicamente os países que permitiram a expansão do Evangelho com os que o proibiram. Por isso não vejo motivo para o Cristianismo como tal (e os cristãos) abrir mão dos elementos sobrenaturais e místicos do seu discurso para tornar-se relevante, interessante ou mesmo palpável ao homem de hoje.

Ao fazer essa faxina incorrem-se dois erros, ao menos. Primeiro, destitui-se a fé do seu próprio objeto. A fé procura o invisível, o improvável, o mistério. O contrário é razão e, portanto, pertence às ciências. E segundo, a fé cristã quando saqueada dos elementos que constituem a sua cosmovisão sobrenatural deixa de ser cristianismo e desce ao nível de qualquer código ético, até mesmo – guardadas as devidas proporções – ateísta.

Aqueles que admitem a Deus de modo diferente dos cristãos também vivem bem com o próximo, preservam a natureza, lutam pela igualdade de direitos, trabalham, pagam impostos. Essa é a norma ética vigente e pessoas de bem procuram esses valores. Muitas até lutam por eles. Jesus, no entanto, não encarnou nem morreu nem ressuscitou para vivermos eticamente. Esse não foi o anúncio feito pelos profetas. Jesus veio para dar-nos vida em abundância, nesta vida e na próxima.

Por isso resisto em eliminar o nascimento virginal, a ressurreição e ascensão do Cristo glorificado e não permuto a esperança no arrebatamento por melhor que seja a teoria ou modelo acadêmico proposto. Espero, como uma criança, a volta de Jesus, que levará a mim e a todos quantos esperam ansiosamente por sua vinda.

Ele nos levará a um céu longe daqui. Trabalho, pago impostos, dou emprego, respeito às leis, preservo a natureza. Isso vai contra o que dizem, que quem espera morar no céu tem deixado as responsabilidades de lado em nome do messianismo que solucionará tudo por aqui. Esse discurso era válido há décadas atrás.

A esperança dos que creem e esperam a Jesus do modo como eu é uma esperança responsável, inclusive com o texto bíblico, e nossos argumentos não são precedidos por nomes como Weber, Berger e outras lendas da sociologia. O que falamos é acompanhado por um firme e convicto “assim diz o Senhor”.

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quarta-feira, 28 de março de 2012

O deus do Alcorão é o mesmo Deus da Bíblia?

Mahmoud Ahmadinejad, em discurso nas Nações Unidas,
segura uma Bíblia e o Alcorão.

No post anterior tratei a questão da confusão entre os nomes dados por árabes e judeus a quem chamam “Deus”. Jeová (Yahweh) é o Deus judaico-cristão e árabes e muçulmanos têm Allah como expressão da maior divindade.

A questão equacionou a confusão que não interessa aos cristãos, de confundir a adoração devida a Jeová. Ao profeta do Islã, Mohammad, interessava aproximar-se de judeus e cristãos, pois se conseguisse convencê-los teria muitos possíveis seguidores. Mas Jeová e Allah são essencialmente distintos.

E como podemos saber? Lendo a Bíblia e o Alcorão e comparando. Os teólogos e sábios muçulmanos insistem em que judeus e cristãos coromperam as Escrituras e Mohammad foi enviado por Allah a fim de corrigir isso (é possível ver uma possível contradição nas Suras 4.136 e 10.94, versão Challita). Se fosse o mesmo ser, por que houve descontinuidade da Bíblia para o Alcorão, escrito 600 anos depois de Cristo?

Allah é radicalmente oposto Jeová. O discurso islâmico quando os imigrantes chegam a uma nação sempre foi de paz. Assista a uma entrevista, leia um edital, procure uma manifestação oficial e verá alguém preocupado com o desenvolvimento social, com a educação, com os pobres e devotado às orações, jejuns e espiritualidade. Seria muito bom se o espírito do Islã fosse esse.

A repetida alegação de que o deus do Islã seja o mesmo Deus cristão com nomes diferentes não é verdade. Se um muçulmano pensa assim, está enganado sobre Jeová. Essa afirmação pode ser conferida, pois o Alcorão registra o que estou afirmando.

Allah insistentemente ameaça de sofrimento eterno no inferno ou sofrimentos e castigos, julgamento e perdição uma vez a cada 7,9 versos. Em contraste, no Antigo Testamento isso ocorre uma a cada 774 versos e no Novo Testamento uma a cada 120 versos. No Antigo Testamento, que os muçulmanos acusam de também promover a guerra e a vingança, os castigos representam a menor parte de todo o texto. Sem contar que esses textos precisam ser avaliados à luz de uma exegese séria, que não é feita por eles quando citam a Bíblia. Nem mesmo no estudo do Alcorão se mostram fiéis aos critérios de estudo de textos antigos ou sagrados (hermenêutica). Veja isto:

... a tendência crê na possibilidade do ijtihad (livre) nos demais domínios da vida, e por conseguinte na legitimidade de trocar ou modificar o Texto Religioso [Alcorão e hadiths] em seu sentido interpretativo, segundo os interesses do momento e as circunstâncias da situação.(1) (ênfases acrescentadas)

Que “verdade” é essa que pode ser mudada em função de “interesses do momento e circunstâncias da situação”?

O Alcorão não tem uma sequência de 100 versos sem uma ameaça de perdição no inferno. Dos seus 6.151 versos, 109 deles são versos de guerra, isto é, um a cada 55 versos estimula a guerra.(2) Por esse motivo é preciso entender que se trata de dois seres divergentes.

O Deus judaico-cristão, embora rigoroso com os seus, não tem prazer na morte do ímpio(Ez 33.11), e corrige como qualquer um de nós faria com seus filhos, mas ama, protege, orienta e, principalmente, dá graça, salva generosamente (Ef 2.8,9). Allah não dá garantias de salvação, salvo ao mártir, aquele que “morre pela causa”. Aos demais, é preciso contar com a boa sorte após a morte.

O Islã não comporta a crença da salvação como obra de Deus em favor do pecador. O deus do Islã não salva, mas é rápido e eficiente para enviar os infiéis para o fogo. O hadith 24 diz que o Islã é uma religião que não crê no Salvador vindo de Deus, e apoia a salvação pelas obras:

Ó servos meus, são as vossas obras que computo. E logo vos compensarei por elas.
No comentário de abertura de Os Quarenta Hadiths, o libanês muçulmano Samir El Hayek afirma:

Todas as pessoas nascem sem pecado, e nobres, sendo que não há necessidade de um Salvador. Elas são responsáveis pelo que têm ganho, de bom ou de mal.(3)

Tem devoção e temos a Deus, onde quer que estejas. E depois de haveres cometido uma falta, apressa-te em contrabalançá-la com uma boa obra, pois esta a extirpará. Ademais, convive bondosamente com as pessoas.(4) (tradição Tirmizi)

O professor Hayek afirma não haver Salvador nem a necessidade de um. Os Ditos (5) asseguram ser preciso “lutar contra os idólatras, até que prestem testemunho de que não há outra divindade”.(6) O raciocínio lógico que se obtém da junção desse ensino é o seguinte:

1. Não há Salvador
2. Minhas obras levam-me à salvação
3. Lutar contra os infiéis (judeus e cristãos) é uma obra desejável
4. Para salvar-me, vou combatê-los

Embora o Alcorão chame Allah de “clemente e misericordioso” exaustivamente, o Deus cristão não promove esse pensamento. Paulo diz como cristãos devem encarar todo e qualquer conflito:

... pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais (Ef 6.12).

Em qualquer situação os cristãos verão as divergências nesta perspectiva; não lutamos no campo físico, pessoal e material, mesmo sabendo que a consequência natural do mundo espiritual ocorra no mundo físico.

(1) ASSAYED, Ayatullah Al-Odhma & ASSADR, Mohammad Baquer. Estudos islâmicos sobre Al-Wilayah e Al Mahdi. São Paulo: Centro Islâmico no Brasil, 2006, p.63.
(2) RICHARDSON, Don. Segredos do Alcorão. Camanducaia: Missão Horizontes América Latina, 2007.
(3) HAYEK, Samir. Os quarenta hadith (ditos), p. 2.
(4) Ibidem, p. 6.
(5) Os Ditos (hadiths ou ahadiths são comentários dos ditos do profeta Mohammad (Maomé) preservados oralmente por seus companheiros e pelos primeiros líderes do Islã.
(6) O Dito 8 diz: “Deus me ordenou lutar contra os idólatras, até que prestem testemunho de que não há outra divindade além do Deus único, e de que Mohammad é o Mensageiro de Deus... Se cumprirem isso, terão salvaguardado suas vidas e seus bens de mim... Deus os fará prestar contas” (Bukhari e Muslin). Ibidem, p. 4.

terça-feira, 27 de março de 2012

Pregação e pregadores

O apóstolo Paulo, escrevendo aos filipenses, fez uma afirmação desconsertante para alguns e esclarecedora para outros. Texto atualíssimo, por sinal.

É verdade que alguns pregam Cristo por inveja e rivalidade, mas outros o fazem por boa vontade. Estes o fazem por amor... Aqueles pregam a Cristo por ambição egoísta, sem sinceridade, pensando que me podem causar sofrimento enquanto estou preso. (Fp 1.15-17)

As notícias escandalosas que vimos e ouvimos nos últimos dias estão enquadradas aqui. E são reveladoras. Paulo usou adjetivos como inveja, rivalidade, ambição egoísta. Afirmou, porém, que não se constrangeu por ver o evangelho sendo anunciado nesta base, digamos, escandalosa. Eu arrisco um palpite para a segurança que Paulo sentiu naquela situação incômoda. É que um Deus vivo e verdadeiro pode verter o mal em bem com muita naturalidade.

Quando foi que os grandes eventos narrados na Bíblia se deram de maneira absolutamente natural? Quando foi que as vitórias do povo de Deus foram obtidas sem o já costumeiro sofrimento? Quem se lembra das circunstâncias da nossa salvação? Prisão, julgamento, escárnio, vergonhosa cruz, cenas de escândalo para o povo da época.

Se o maior evento das Escrituras, que foi a crucificação de Nosso Senhor, ocorreu sob um atentado ao pudor, por que seria diferente o anúncio de que hoje Ele vive e Reina em nossos corações?

Os inimigos do Evangelho tentam rapidamente capitalizar em cima dos escorregões que nós cristãos sofremos. Esquecem-se de que um pequeno grupo de doze homens espalhando a mensagem vergonhosa da cruz alcançaram o mundo todo, moldaram toda a maneira do homem pensar e transformou e transforma milhões de vidas.

As devidas retribuições aos protagonistas estão igualmente reservadas. Como foram aos judeus, creio que por onde vem o escândalo melhor seria ao responsável ser afundado no mar (Mt 18.6).

Não desejo viver sob ataque dos grupos que têm prazer em denegrir a imagem e a reputação da Igreja e do Evangelho, pois é só o que têm feito. Mas não posso esconder o prazer que sinto ao confiar que o Espírito do Senhor tem poder para transformar uma aparente maldição em enorme bênção. Há anos Ele tem feito isso e nós pregadores temos usado o escândalo da cruz como matéria prima para nossos melhores sermões.

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domingo, 25 de março de 2012

Allah é o nome árabe (ou islâmico) para Jeová?

O Islã vem crescendo, inclusive no Brasil (veja o post anterior), e com isso surgem as primeiras questões sobre pontos de contato próprios da religião. Há vários deles e neste artigo quero tratar de um. Quem não pensou alguma vez que Allah e Jeová são nomes étnicos distintos dados à mesma divindade? Vejamos.

Mohammad nasceu em 570 d.C., na cidade de Meca, na Arábia Saudita. Seu pai morreu antes do seu nascimento e sua mãe deixou-o órfão quando tinha apenas seis anos de idade. Mohammad foi criado pelo avô e depois por um tio. Na adolescência cuidou de rebanhos e viajou com caravanas como condutor de camelos pela Arábia central e Síria. Essas viagens o levaram a ter contato com o Judaísmo e o Cristianismo, religiões monoteístas que contrastavam com o paganismo saudita.

“Os árabes no tempo de Maomé adoravam muitos deuses e o centro de adoração era a Kaaba, em Meca (ainda hoje o lugar mais sagrado do Islã). A Kaaba é uma estrutura de alvenaria que os muçulmanos ortodoxos dizem ter sido construída ou reconstruída por dez vezes”.(1) Dentro dela permanece guardada a Pedra Negra, que dizem ter sido parte do fundamento da casa de Adão. Há versões que dão por certo que a Pedra Negra veio do espaço.

Muçulmanos creem que Abraão tenha construído a Kaaba com o auxílio de Ismael. No tempo de Mohammad, adoravam 360 deuses na Kaaba.(2) Allah era uma destas divindades e o deus protetor da tribo Quraish, da qual Mohammad fazia parte. Durante quatro anos, após o início das visões (segundo as quais o anjo Gabriel começou a revelar o Alcorão), Mohammad proclamou cada vez mais abertamente que Allah era o único deus e que ele próprio era o seu profeta.

Maomé lançou fora os ídolos; o seu deus Alá era o único deus. Mas ele conservou a Kaaba como um lugar sagrado e confirmou o poder da Pedra Negra para remover os pecados do homem.(3)

Em outras palavras, Allah, um dos 360 ídolos da Kaaba que Mohammad excluiu do culto árabe, foi preservado. E a revelação do Alcorão é atribuída a essa entidade que habita a Pedra Negra, para a qual 1,3 bilhão de muçulmanos se inclinam por cinco vezes ao dia. Pela cosmovisão cristã, é o maior culto idólatra de toda a história da humanidade. Nunca houve registro de tamanha mobilização em toda a história da religião, em nenhuma tradição de nenhuma civilização.

Allah, que já existia antes do Islã ter início com as pregações de Mohammad, era representado pela Lua e sua consorte era representada pelo Sol. É possível ver um resquício desses tempos na própria representação islâmica dada na figura do quarto crescente. Bandeiras e outras representações ou mesmo nos minaretes da mesquitas lá está a lua crescente. E qual a explicação para isto? Eles não dão, para não admitir a origem idólatra e a associação de Allah à criação. Fato é que o Deus judaico-cristão nada tem a ver com o culto árabe idólatra que era praticado em Meca. O registro histórico sobre Jeová (Yahweh) tem início com Moisés no Pentateuco e nem em toda a Bíblia há um só registro de que um hebreu tenha ido à Arábia.

O Islamismo segue avançando, confiando que Allah é um deus que habita o Paraíso. Longe disso. Não estranha o gritante descompasso com o Antigo e o Novo Testamento. Não admira o seu conteúdo ser tão estranho à mensagem de Jesus e seus verdadeiros profetas, mesmo que o Alcorão alegue ser a continuidade e a autenticidade da porção judaico-cristã. Não admira que judeus e cristãos do tempo de Mohammad tenham rejeitado peremptoriamente sua mensagem.
As cartas do apóstolo João foram escritas cerca de seiscentos anos antes do Alcorão e já advertiam e precaviam seus leitores para o espírito por trás de manifestações dessa natureza (1Jo 4.1-6).

Compreendo a boa vontade de alguns cristãos em procurar aproximar-se dos muçulmanos usando este artifício, o de tratar-se apenas de nomes diferentes para o mesmo Deus. A aproximação deve ser buscada sim, mas cuidando que as mensagens tão divergentes, vindas de fontes tão distantes, não comprometa a própria compreensão do que temos a dizer.

(1) Marius Baar, O Ocidente na Encruzilhada, p. 54
(2) Mark Gabriel, O Islã e os judeus, p. 73.
(3) Ibidem, p. 55.

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sexta-feira, 23 de março de 2012

O Islã no Ocidente e no Brasil *

Interior da Mesquita de São Paulo durante encerramento do jejum no Ramadam

O Islã vem aí; a bem da verdade já chegou. O avanço islâmico para o ocidente usa a mesma estratégia do Cristianismo quando faz missões. Os estrategistas islâmicos acreditam que o próprio Allah, prevendo a necessidade de fundos para financiar o avanço missionário muçulmano, confiou as reservas mundiais de petróleo às nações muçulmanas.(1)

O espaço disponível aqui para esta questão da expansão islâmica é pequeno. No entanto, quero destacar alguns pontos-chave que indicam a mobilização islâmica neste sentido.

O Islã tem disposto não de um, mas de três meios pelos quais demarca o seu território nos países ocidentais: imigração, conversão e natalidade. Em todos os países da Europa e nos Estados Unidos a população árabe muçulmana imigrante cresceu, além dos descendentes nascidos nessas regiões.

Na Inglaterra. Nos últimos 30 anos a população muçulmana cresceu de 28 mil para 2,5 milhões de pessoas. Na França em 2008 eram 5 milhões. Na Holanda, 50% dos recém-nascidos são crianças muçulmanas. Na Bélgica, 25% da população e 50% dos nascimentos é de muçulmanos. O Governo daquele país declarou que em 2025, um terço dos recém-nascidos na Europa será de famílias muçulmanas. Declaração semelhante foi feita pelo Governo Alemão, que disse prever a Alemanha como um país muçulmano até 2050.

Os muçulmanos já veem esses sinais. O recém-assassinado General Kadhafi disse:

Há sinais de que Alá garantirá vitória ao Islã na Europa sem espadas, sem armas, sem conquistas. Não precisamos de terroristas ou bombas homicidas.

É esperado que os mais de 52 milhões de muçulmanos que vivem na Europa dobre sua população em até vinte anos. Nas Américas os números não são diferentes. No Canadá o crescimento populacional total registrado entre os anos 2000 e 2006 foi de 1,6 milhão, sendo que 1,2 milhão foi de imigração. Nos Estados Unidos a taxa de fertilidade é de 1,6 filhos e chega a 2,11 somente se somada à imigração latina. Em 1970 havia 100.000 muçulmanos nos Estados Unidos, hoje há 9 milhões.

Por conta disso, mesquitas têm sido construídas nos principais centros que antes eram referência para os cristãos. A Mesquita de Roma, uma afronta o Vaticano na terra do Catolocismo e uma Mesquita em Genebra, no marco do Protestantismo. Mas em Meca, um cristão não pode nem mesmo aproximar-se da mesquita principal. Mas a ousadia islâmica nunca foi tão longe como nos Estados Unidos, onde líderes islâmicos anunciaram a intensão de construir uma mesquita e um centro de cultura islâmica em rua próxima ao Marco Zero. O Conselho Municipal de Manhatan aprovou a sua construção e o Presidente Obama manifestou-se favorável. As famílias das vítimas dos atentados mostraram-se incorformadas.

Enquanto os protestos contra novas mesquitas em Nova Iorque, Tennessee e Califórnia ganharam as manchetes, o número total de mesquitas cresceu em silêncio, subindo de 1.209 em 2000 para 2.106 em 2010. 74% de crescimento em dez anos.

Essas estatísticas apontam, ainda, noutra direção além do seu valor ou desdobramento no que tange à questão da cultura. Há implicações econômicas, por exemplo. Enquanto a população economicamente ativa diminui, a população idosa aumenta. A Grécia, os Estados Unidos e outros países desenvolvidos revelaram nesta década os efeitos dramáticos desse modelo. A força de trabalho ativa não conseguiu sustentar o número de aposentados em função do desequilíbrio entre os trabalhadores ativos e inativos. É inevitável que num cenário assim a economia seja posta nas mãos de quem detém a força de trabalho, no caso, muçulmanos com sua numerosa população.

Na Conferência de Chicago, dezenas de nações islâmicas se reuniram para discutir a islamificação da América através de meios como o jornalismo, a política e a educação.

A América Latina também tem números expressivos de muçulmanos. No Brasil a população estimada é de 1,5 milhão. Somente no Estado de São Paulo os muçulmanos são 400 mil. Na tríplice fronteira, Brasil, Argentina e Paraguai, há um grupo radical islâmico. Um muçulmano xiita da região converteu-se e passou a frequentar a comunidade metodista. Logo houve ataques, agressões e ameaças contra esse irmão e seu pastor.(2)

No mais, a estratégia para basear-se na América do Sul é a mesma. Aumentar a população, influenciar na política e na educação. O primeiro ponto já está em andamento por aqui. O segundo também. Na Inglaterra já há um partido islâmico e eles já aprovaram leis voltadas para a sua comunidade. O Brasil não fica atrás. Em 1998 ocorreu um Congresso Islâmico em São Bernardo do Campo (SP) com 147 representantes de diversas sociedades islâmicas do país. O congresso deliberou pela criação de uma comissão provisória com vistas à criação de um partido.(3)

Em 2011, o Deputado mineiro pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Miguel Corrêa apresentou (em 06.07.2011) a PL 1780/11 que altera a Lei nº 9.394 (de 20 de dezembro de 1996), a chamada Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “cultura árabe e tradição islâmica” e dá outras providências. Esta PL 1780/11 foi retirada da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, mas não nos esqueçamos do que ocorreu com a PL 122, a PL da Homofobia, que mesmo depois de sua retirada da Mesa foi desarquivada com força ainda maior pela Senadora Marta Suplicy, do mesmo Partido dos Trabalhadores, e ganhou forte expressão nacional. Não pense o leitor que o fato de a PL 1780/11 não constar da pauta, que a questão está encerrada.

A presença nas instituições de ensino não é um mecanismo novo. Nos Estados Unidos as lideranças islâmicas já ocupam consideráveis espaços nas escolas secundárias, bem como em universidades. A proposta às reitorias e juntas diretivas é feita em face à necessidade de fornecer um departamento de estudos islâmicos no campus. A universidade cede o local e todo o recurso necessário é fornecido pelo Islã. Mulás são indicados para ensinarem, a fim de que haja garantia de que o Islã será bem representado.(4) Isso também ocorre entre a comunidade local por meio das próprias instituições islâmicas já estabelecidas na sociedade, não apenas nos centros de educação.


Mesquita de Mogi das Cruzes (SP)

No Brasil, há dezenas de instituições espalhadas por todo o território. Segundo o Centro Islâmico no Brasil, são dezessete mesquitas, doze centros culturais, vinte e três federações, assembleias e sociedades, cinco escolas e dois cemitérios.(5) Se tudo isso parece novo para você, é bom começar a acostumar-se com a presença islâmica em nosso meio. O problema é quando começarem manifestar a imposição das suas leis em nosso país, até agora dito “de tradições cristãs”.

O esforço concentra-se também na publicação de obras em língua portuguesa. “O Islamismo tem se esmerado em atacar as doutrinas cristãs através de regulares publicações. Entre os vários livros cujo propósito é desacreditar as doutrinas cristãs, temos conosco alguns publicados em português no Brasil com este propósito. Entre eles destaco A Bíblia, o Alcorão e a Ciência por Dr. Maurice Bucaille. Há outros livros que se opõem as doutrinas cristãs como O Islam e o Mundo por Abul Hassam Annaduy e Islam e Cristianismo por Ulfat Aziz Assamad e Islamismo Mandamentos Fundamentais por Mohamad Ahmad Abou Fares. São apenas alguns exemplos (há muitos outros títulos publicados) do que já há em português publicado pelo Islamismo para atacar e desacreditar o Cristianismo”.(6)

A diversidade étnica e a liberdade de culto no Brasil são públicas e notórias; nem por isso vemos as comunidades de alemães e de italianos no sul do país, ou de orientais e italianos no Estado de São Paulo, fazendo lobbies para que sejam criadas leis específicas para eles. Imigrantes que chegam aqui convivem harmoniosamente há séculos com os nossos padrões e as nossas leis. Por que haveria de mudar agora?

A pluralidade religiosa brasileira bem que podia servir de exemplo para países e comunidades muçulmanos, o que definitivamente não ocorre. Vemos, isso sim, perseguição, mortes, condenações, incêndio a igrejas e muito mais. Seria bom, se de fato o Islã é uma religião da paz, que a cada instituição implantada aqui, uma igreja ou seminário também fossem abertos por lá, sem riscos à vida de quem quer que seja. Infelizmente sabemos que isso não acontecerá.

(1) Nisto concordam Dom Richardson, Segredos do Alcorão, p. 156ss e Marius Baar, O Ocidente na Encruzilhada, p. 36ss.

(2) http://www.comunidademetodista.com.br/noticias/?id=490 em 09.03.2012.
(3) Diário do Grande ABC, 05.05.1998.
(4) RICHARSON, Ibidem, pp. 171,172.
(5) Fonte: Centro Islâmico no Brasil (Arresala).
(6) TOSTES, Silas. O Islamismo e a Trindade, pp. 2,3.

* Este artigo foi extraído e adaptado do livro Islamismo e Apocalipse, de Magno Paganelli (Arte Editorial, 2012). Pode ser reproduzido desde que citada a fonte.



terça-feira, 13 de março de 2012

Quem derrubou os muros?

Em 1989, o muro de Berlim foi derrubado. Anos depois, analistas, especialistas, sociólogos dataram aquele dia como a referência do início da globalização, da pós-modernidade e o símbolo de outras tantas mudanças globais que ocorreram e ocorrem.

De lá para cá se ouviu falar em network, tivemos a internet ligando a todos e diminuindo distâncias, novos padrões de relacionamentos foram estabelecidos, as redes sociais se tornaram o novo locus da convivência, há uma nova ética imperando, ouvimos falar do “politicamente correto”, a tolerância tornou-se bandeira arvorada na luta por espaço e uma drástica relativização da verdade em nome da convivência pacífica e harmoniosa.

O mundo mudou e dita novas regras.

No Brasil e no mundo tudo deve mudar. A Associação LGBTFGYZ... quer calar quem pensa diferente. Agora até a capelania evangélica (!) do Instituto Emílio Ribas deve retratar-se e, em seguida, retirar-se de lá: deixe quem morram sem consolo, gays mesmo, mas sem consolo. O Boninho (Globo), vendo um ilustre BBB rezando disse: “Não adianta rezar porque no BBB Deus não existe”. A Associação de Lésbicas indicou a retirada dos crucifixos dos Tribunais, e eles foram tirados. O Dep. Miguel Corrêa (PT/MG) quer mudar a LDB para incluir no currículo escolar a obrigatoriedade do “ensino da cultura árabe e tradição islâmica”. Em Foz do Iguaçu (PR) um pastor evangélico, juntamente com o novo cristão convertido do islamismo, foi ameaçado por um grupo muçulmano. A “Lei da Palmada” não deixa você educar seus filhos do modo como foi educados (nem se guardadas as devidas proporções). Ali Khamenei, líder espiritual e político do Irã disse que “Israel deve ser varrida do mapa até 2014” e Roberto Justus já tinha dado a deixa: “Se você não está à altura, está eliminado!”.

O apóstolo Paulo disse que Jesus também derrubou um muro: “Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade” (Ef 2.14). Segundo ele, em Cristo também foi derrubado “um muro de inimizade” (v. 14) com o próximo e com Deus e “em seu corpo” (v. 15) surgiu “um novo homem” (v.15) para reconciliar a todos “com Deus por meio da cruz” (v. 16). A cruz se tornou a bandeira da paz para a destruição da inimizade, onde todos são agregados, não destruídos.

Cristo promove a paz ao novo homem. A nova criatura em Cristo tem a paz consigo, com o próximo e com Deus.

Como, então, explicar tantas divisões entre os cristãos? E as denominações? E os muitos problemas na Igreja? A resposta bíblica está em Filipenses 2.5: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus”, isto é, o esvaziamento: “Embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se” (v. 6). Leia o texto todo, de Filipenses 2.5-11.

O assunto de Filipenses 2 é esse: não eu, mas o outro, o próximo. E Paulo dá fartos exemplos do mesmo modelo em textos como em Filipenses 2.3: “... humildemente considerem os outros superiores a si mesmos”; Filipenses 2.21: “Pois todos buscam os seus próprios interesses e não os de Jesus Cristo” e 1Corintios 9.19: “Porque, embora seja livre de todos, fiz-me escravo de todos”. E sabemos que o resultado foi o êxito promovido pelo próprio Deus. Deus exaltou a Cristo, diz o final do texto; é a consequência natural de uma postura tal.

Temos estado muito “inchados”, de nós mesmos, de nossos projetos, de nossas razões. Estamos muito “armados” contra nós mesmos, atacando causas erradas e deixando de ver o perigo real. Alguém um dia desses disse que a Igreja está assim porque ela não tem sofrido. Eu concordo, em partes.

Precisamos insistir na revisão dos valores que nos regem, e fazer o mesmo com nosso comportamento; depois, decidir a quem, realmente, iremos seguir. Só não podemos ficar em cima do muro.

quarta-feira, 7 de março de 2012

O que o islamismo ensina a 40 milhões de crianças?

A Guerra dos Seis Dias foi o último tijolo que completou o muro de ódio em meu coração contra os judeus. Mas este muro não foi construído em um dia (ou seis). O alicerce foi feito desde quando era muito pequeno, através de um livro chamado o Alcorão. Mark Gabriel

O autor da citação acima memorizou todo o Alcorão aos doze anos. Filho de uma família com boa condição social, ele pode prosseguir nos estudos, vindo a doutorar-se em história e cultura islâmicas com especialização em Islã e em terrorismo. Viveu no Islã por trinta e quatro anos, tendo sido professor na Universidade Al-Azhar, a mais respeitada e reverenciada do mundo árabe de tradição islâmica.

Ele conta que em sua sala, em uma madrasa, havia cerca de quarenta e cinco meninos.

Dos seis aos doze anos, tive de memorizar duas páginas por dia. E tinha de fazê-lo antes do sol raiar. Todo dia na escola, recitava para meu professor o que memorizara no dia anterior.
Um aluno que não conseguisse recitar a passagem nova geralmente apanhava. Para a surra, o aluno era obrigado a se sentar em uma cadeira e tirar os sapatos e meias. Um dos assistentes do instrutor amarrava as pernas na altura dos tornozelos, deixando-os firmemente juntos. Então, levantava as pernas do aluno até ficarem totalmente esticadas, perpendiculares ao corpo. O instrutor, assim, batia nas solas dos pés com um ramo grosso de palmeira verde, fresco e recém colhido. Como dói! ― e eu fazia de tudo para não apanhar. (1)

Preocupa-me muito a situação dessas madrasas, pela quantidade de alunos recrutados e pelas condições oferecidas em seu ambiente. Considere a estimativa de 40 milhões de alunos!

O professor Mochtar Buchori, pensador ligado à educação e membro do parlamento indonésio pelo Partido Democrático confirma a escassez de professores nas madrasas para disciplinas como inglês, matemática e ciências naturais. No nível aliyah (equivalente ao fundamental avançado), existem em todo o país 661.104 alunos, dos quais 286.308 (43,31%) estão matriculados numa madrasa estatal. O restante, 374.796 alunos (56,70%), estão matriculados em madrasas particulares, financiadas por entidades e milionários ligados à indústria petroleira.

Para atender a esse número de alunos em regime aliyah existem apenas 831 professores de inglês, 852 professores de matemática, 731 professores de física, 425 professores de química, e 480 professores de biologia. Isso significa que, tomado como um todo, a relação professor-aluno é deficitária. Cada professor tem que servir 795 alunos em inglês, 776 estudantes em matemática, 914 alunos em física, 1.555 alunos em química e 1.377 estudantes de biologia. Essas são apenas as estatísticas. A realidade é pior, já que muitas madrasas não têm professores qualificados para essas disciplinas. Com este tipo de condição, como podem os alunos ter uma instrução que leve a uma visão saudável da vida e a um equilíbrio entre a compreensão das exigências da vida neste mundo e os de vida no futuro?

Todos estes fatos e números se resumem a uma coisa: a saber, que em geral esses estudantes permanecerão desequilibrados em sua educação, se manterão desequilibrados em sua atitude perante a vida e permanecerão analfabetos ou semianalfabetos em assuntos relacionados à ciência e tecnologia. Se este tipo de condição irá levá-los a um fundamentalismo radical depende das circunstâncias que existem no seu ambiente educacional. (2)

Há madrasas sendo abertas nos Estados Unidos e em outras nações ocidentais. (3)


(1) GABRIEL, Mark. O islã e os judeus. Belo Horizonte: Dynamus, s/d, p. 36.
(2) Extraído de http://www.hvk.org/articles/0802/66.html em 29.02.2012.
(3) RICHARDSON, Segredos do Alcorão. Camanducaia: Missão Horizontes, 2007, p. 65.