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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Deus manifesto?

Todos sempre ouvimos, aqui ou ali, sobre a importância de Jesus Cristo na vida cristã e na teologia bíblica. Sabemos alguma coisa sobre tal importância, mas neste post quero destacar algo que por vezes passa despercebido.


Quem não tem a curiosidade de conhecer a Deus? Moisés pediu para ver a face de Deus (Ex 33.18-20). Discípulos fizeram o mesmo pedido a Jesus (Jo 14.8). E qual a resposta a esses pedidos? Jesus. Ele mesmo é a resposta, embora isso pareça jargão. Vejamos.

Quando escreve aos colossenses, Paulo afirmou: “Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude (gr. pleroma) nele habitasse” (Cl 1.19). Na mesma carta afirmou, ainda: “Porque nele habita corporalmente (gr. somatikos) toda a plenitude (gr. pleroma) da divindade” (Cl 2.9).

Quando Paulo usou a expressão somatikos, ele quis que seus leitores entendessem que não era uma referência ao Espírito de Cristo presente entre eles, mas ao próprio corpo humano de Jesus, ou seja, o Cristo encarnado que trazia consigo a plena divindade e, portanto, tratava-se de Deus encarnado: Emanuel!

Alguém poderia objetar que o texto conhecido como da kenose (esvaziamento), Filipenses 2.5-11, desfaz essa afirmação. O texto diz que Jesus “esvaziou-se” ao assumir a forma humana. A expressão e a passagem são por vezes mal compreendidas quando interpretamos esse “esvaziamento” como um uma mudança na natureza, e não uma mudança na condição. A encarnação de Deus Filho não muda a sua natureza (nem a sua essência); muda somente a condição. Jesus considerou que a permanência em meio à glória que havia junto a Deus “não era algo a que deveria apegar-se” enquanto que a sua criação gemia sob o pecado e suas consequências.

Desse modo, ele esvaziou-se “da sua glória” junto a Deus, abrindo mão dela, e encarnado, assumiu a ausência de glória num corpo limitado como o corpo humano. Sua natureza, a essência divina, por sua vez, permaneceu inalterada. Ele não deixou de ser Deus na encarnação. Se o fizesse não seria Emanuel, Deus conosco. Ele deixou a sua glória, não a sua divindade.

Fora das cartas de Paulo, o autor (ou autora?) aos Hebreus também afirma a mesma verdade: “O qual [Jesus] sendo o resplendor da sua [de Deus] glória, e a expressão exata do seu ser...". Que declaração fantástica! Transmite certa precisão matemática a nós leitores. Jesus é a expressão exata do ser de Deus! Não há muito o que acrescentar a uma declaração como essa.

Para concluir a nossa reflexão, palavras do próprio Jesus. Ao responder ao pedido de Filipe, que queria ver o Pai, Jesus disse: “Estou a tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido? Quem vê a mim vê o Pai.” Não há ruptura entre ambos, Deus Pai e Deus Filho. Noutro lugar Jesus mesmo disse que ele e o Pai eram um.

Queremos aproximarmo-nos mais de Deus? Somente por meio de Jesus. Ele é o caminho, ninguém vai ao Pai a não ser por ele e, estar unido a Jesus é estar unido ao Pai. Que verdade libertadora e motivadora ao mesmo tempo. E mais emocionante é saber que temos acesso a ele, Deus manifesto, Deus conosco, o nosso Emanuel, Deus presente.

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