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terça-feira, 6 de setembro de 2011

O nome do Senhor e a fé do homem

No Ocidente a tradição cristã prevalece e ela provém da tradição judaica. O judaísmo nasce, grosso modo, no chamado de Deus a Moisés no Egito, quando também tem início um modo diferente de relacionar-se com a divindade. Aquele povo, como também os povos em redor, ouviam e viam vozes e representações diversas, uma vez que adoravam a muitos deuses. O Nilo, o crocodilo, as rãs, o faraó, enfim, vozes dissonantes e representações diversas tornavam o ambiente religioso confuso e difuso.

Quando o Senhor nomeia Moisés como seu representante, este logo pergunta pelo seu nome, ao que Deus responde “Eu sou o que Sou... O Senhor... este é o meu nome eternamente” (Êx 3.14,15).

O Senhor não permite representações da sua presença. Arão esculpe um bezerro, o Senhor manda destruir. Os idólatras erguem altares, o Senhor os repreende com maldições. Até mesmo no seu santo lugar, o tabernáculo, encontramos representações do coração humano na arca, do céu no Lugar Santíssimo e do trono no propiciatório; mais que isso, até os querubins que ladeiam o Senhor no céu estão ali representados, mas há um vazio onde deveria estar o trono de Deus. Ele quer ser lembrado por seu nome, Yahweh, o Senhor.

Quando vem a monarquia em Israel vem com ela seu maior poeta, Davi. É dele o salmo 20 onde lemos “Uns confiam em carros, outros, em cavalos, mas nós invocaremos o nome do Senhor nosso Deus” (v. 7). Poderia falar de Isaias, o profeta messiânico que também falou sobre os nomes de Deus como representações da sua grandeza, mas pelo pequeno espaço que tenho aqui quero avançar até ao apóstolo Paulo em sua carta aos Filipenses, no chamado “hino cristológico” ou o “texto da kenósis”, capítulo 2.5-11.

Neste brilhante parágrafo lemos que Cristo, existindo em forma divina, esvazia-se de sua glória – embora não abra mão de seus atributos, e assume a forma humana, vindo coabitar com os homens. Humilha-se, torna-se servo, desce ao ponto máximo da humilhação na época ao permitir que o crucifiquem, um episódio desonroso para os padrões romanos e mesmo judeus. Em contrapartida, Paulo nos conta, Deus Pai exalta a seu Filho Jesus, não ao dar-lhe bens ou riquezas, mas ao dar-lhe Um Nome que está acima de todo nome, para eu ao nome de Jesus se dobrem os joelhos de todas as criaturas humanas ou celestiais.

Não há representações materiais suficientes para Jesus, o Senhor. Ele não quer ser lembrado por qualquer uma delas, mas pelo Seu Nome, que fala mais alto que qualquer esquema religioso, mais alto que qualquer tradição litúrgica, mais alto que as vozes que dizem anunciar a própria Palavra de Deus, as quais em certos casos têm transformado o nosso ambiente como o Egito Antigo. É o nome do Senhor que desperta a fé no homem, o qual não vê e não toca, mas mesmo diante dessa ausência sabe que o Eu Sou está com ele, e o sabe somente porque tem fé.

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