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terça-feira, 9 de agosto de 2011

A Teologia da Prosperidade veio em boa hora

Após a minha conversão ao cristianismo, fui discipulado por um bom pastor assembleiano, bom de Bíblia e de praxis. Aprendi desde cedo que “o pavão não pode ser enfeitado”, ou seja, a Bíblia deve ser interpretada longe das nossas ansiedades, sonhos e delírios. Desde que tive os primeiros contatos com a Teologia da Prosperidade (TP), rejeitei-a. Mas hoje refletia sobre como o Senhor foi misericordioso ao permitir a TP chegar ao Brasil agora, em fins do século 20. Ela veio em excelente hora, para espanto do leitor.

Já imaginou se João, aquele crente idoso que foi preso porque pregou o evangelho, fosse adepto da TP? O Novo Testamento teria a menos um evangelho que leva o seu nome, três epístolas e o Apocalipse, essa maravilha de texto profético. Como foi preso numa ilha como a famosa Alcatraz por testemunhar de Jesus (dizem que morreu mergulhado em óleo fervente), ele provavelmente não acreditou que o Senhor “daria a ele as nações por herança”. Mal podia sair da ilha!

Já pensou se Pedro aderisse à TP? Alguns gentios como a família de Cornélio estariam “ardendo no mármore do inferno”. Marcos não teria escrito o importante evangelho que serviu de base para Mateus e Lucas (e sabe-se lá o que mais). Pedro certamente iria querer vender as duas cartas que levam o seu nome – e não ia conseguir, porque o grego de uma delas não está lá tão bem redigido assim. Na verdade ele até mesmo discutiria com Jesus, pois após a pesca maravilhosa, iria “semear na vida de outros pescadores” e não sairia mais da sua empresa de pesca.

E se Paulo fosse pregador da prosperidade? Ah, talvez o mundo fosse diferente. Mas como pode crer na TP (saúde, riqueza, bem estar) o pobrezinho judeu que passou fome, vestiu-se inadequadamente (isso quando pode vestir-se!), foi perseguido, apanhou. Esse cara deveria sofrer de uma tremenda falta de fé. Quando foi picado de cobra na ilha disseram isso a ele.

A TP jamais teria produzido os mártires sobre os quais até há pouco tempo cantávamos corinhos. Lembra aquele da Banda GERD? “Eu queria saber / da coragem do amor / da fé...”. Nero não teria iluminado 40km de Via Ápia com corpos de cristãos se a TP surgisse no início da Igreja. Essas histórias horrendas de leões comendo cristãos jamais teriam existido. Que mal eles fizeram para merecer isso? Se tivessem tido a oportunidade de aprender sobre a semeadura, os desafios de fé, os decretos, a palavra rhema que a TP ensina, jamais teriam passado por isso.

E tanta coisa: movimento monástico, pré-reformistas, a própria Reforma. Imagina se a TP produziria um George Muller, cuidando de 20 mil crianças sem recursos próprios! Isso daria um belo processo baseado no Estatuto da Criança e do Adolescente! Missões? Quem iria sair de seu país para evangelizar pobres. Pobres precisam é ser libertos e apostar no Deus do ouro e da prata. A TP também não teria enviado um Daniel Berg, um Gunnar Vingren, nem mesmo um Ashbel Green Simonton e tantos outros para seguirem um chamado. Chamado bom e que essa turma quer seguir é o chamado para curtir o casão, o carrão, o empregão, e nalguns casos até mesmo “o cervejão”, para parodiar o comercial de TV.

Ah, obrigado Senhor, por permitir que a Teologia da Prosperidade chegasse ao Brasil só há em pouco tempo. Eu era viciado em cocaína, macumbeiro, minha família estava dividida, mas deu tempo. Se dependesse da Teologia da Prosperidade, eu já tinha ido para o “saco preto”, morto numa overdose. Ao menos para mim a Teologia da Prosperidade veio em boa hora

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