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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Espiritualidade placebo e vida eterna

Umas das frases mais desconcertantes ditas por Jesus foi: “Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito; contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida.” (João 5.39,40) A frase é desconcertante porque os seus destinatários eram a nata da religião de Israel, gente que tinha a Lei de Moisés e os livros históricos e poéticos na ponta da língua; pessoas que dedicaram suas vidas a esmiuçar cada frase, cada afirmativa, cada expressão e interpretar o seu sentido ou os seus múltiplos sentidos e aplicações.


Mas essa gente tropeçou, e tropeçou feio, como também hoje há gente lendo a Bíblia e tropeçando na própria Palavra de Deus. E o tropeço está na postura e propósito com que nos aproximamos das Escrituras. Jesus está dizendo que eles, os religiosos, de fato liam e estudavam as Escrituras e ficavam ali, extasiados, embevecidos com o texto, mas não avançavam conforme o texto orientava e ainda hoje orienta a fazer. O texto das Escrituras exerce poder sobre aquele que se aproxima dele, o que não significa que alguém possa aproximar-se dele sem impedir a sua ação.

A Escritura Sagrada indica e aponta a uma pessoa, Jesus. O próprio Jesus diz isso: “... são as Escrituras que testemunham a meu respeito”. E isso funciona como uma placa na estrada, apontando o caminho a seguir. E ele é o Caminho. Mas quando estamos na estrada, numa viagem, não paramos diante da placa como se tivéssemos chegado ao destino. A placa orienta a nossa jornada, a caminhada, não a nossa parada.

Judeus do passado e cristãos do presente têm parado na placa. Lêem as Escrituras, mas não são movidos por ela. Lêem a Palavra de Deus, mas impedem que Deus fale o que ele quer falar. Ouvem apenas o que querem ouvir, como se a nossa relação com o Livro funcionasse como uma “liturgia para tranquilizar a consciência”. Uma vez cumprido o ritualzinho (às vezes) diário, saímos para seus compromissos e deixam o caminho principal para seguir pela estradinha aberta com os próprios esforços.

É uma espiritualidade tipo placebo, a qual tranquiliza as emoções, ameniza a ansiedade, provê a manutenção do papo com os irmãos na igreja, mas no fundo não faz efeito algum na alma, porque esta não foi tocada de fato.

Se quisermos mudanças em nossas vidas, devemos ir à Ele, não à placa. A placa indica o Caminho, mas a jornada rumo à vida não é o encontro com a placa. É ir além dela e encontrar-se com Ele, a Vida.

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Um comentário:

  1. Pois é, amado irmão. Muita gente sabendo falar muito sobre Jesus, no entanto, sem qualquer habilidade de desfrutar de sua presença!

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