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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Contribua com a “minha” incompetência




O programa de rádio começou assim: “– A paz do Senhor. Não, eu não deveria desejar a paz, porque vocês não depositaram nem 30% do valor do programa; nem R$ 5,00 vocês podem depositar?” Na outra banda, o programa na TV mantém os dados bancários e a indesejável solicitação: “Ajude-nos. Seja um mantenedor do nosso programa”. Há outros apelos piores.
Se existe algo que envergonha a muitos cristãos é a “pedição” de dinheiro para manter programas de rádio e TV. Por que alguém pediria recursos para essa ação “evangelística”? Porque não é do ramo, não sabe planejar – e pior, é incompetente.
Veja programas no rádio e na TV que não são para o público cristão. Eles são bons, têm qualidade, são organizados, alcançam o público-alvo, dão IBOPE e vendem o produto. Por quê? Porque alguém sabe montar o projeto, alguém planeja, sabe prever crescimento e sai da cadeira para ir atrás de patrocinadores (e muitos desses patrocinadores até mesmo ajudam no planejamento das ações do programa com seus especialistas).
Mas os pastores e apóstolos midiáticos não. Eles querem comer camarão a preço de arroz com feijão. Primeiro contratam um horário no rádio ou na TV, sem planejamento, “tudo pela fé”, e depois colocam a culpa da sua desorganização, da sua fantasia, da sua falta de responsabilidade (e mais uma porção de adjetivos) nos ouvintes e telespectadores – se é que os têm. E fazem isso em rede nacional, lavando roupa suja ao vivo – e muitas vezes a cores. É lamentável, é vergonhoso.
Eu penso que não há necessidade de todas as igrejas serem representadas no rádio e na TV. Noventa por cento dos casos é o “apresentador-pastor” que quer aparecer, equiparar-se com o outro que está no ar, ou mesmo querem aumentar o rebanho para faturarem mais. Qual programa desses, que está na TV, pode ser rotulado de evangelístico? Nenhum! Todos são programetes de crente para crente. Alguns estão na TV para lavarem roupa suja da denominação, para falarem e serem ouvidos sem que a outra parte tenha direito a resposta. É uma aula de falta de amor e de falta de civilidade. Pessoalmente, fico envergonhado. Fico como avestruz, com vontade de enfiar a cabeça na terra. A falta de união fica evidente e isso é desserviço ao evangelho, não evangelização. Perdemos almas com isso, não as ganhamos. Ganhamos antipatia da população mais atenta e perdemos moral diante de todos. Se a pastorada quer pregar o evangelho, que comece organizando a própria casa (a igreja e a doméstica também).
Encher os templos com visitantes convidados no ar pode indicar outra deficiência: a falta de programas de discipulado, de treinamento, de ensino. Essas igrejas não têm essa preocupação, pois estão completamente dependentes de recursos midiáticos para manter os bancos de suas igrejas lotados. “Sai um, Deus manda outro”, dizem.
Quem quiser ajudar esses pastores a fazer a coisa certa, que pare de contribuir com a incompetência deles. Apóie iniciativas sérias. Nas igrejas há bons profissionais do ramo, estrategistas, especialistas em planejamento, em mídias sociais, que poderiam ser aproveitados com a finalidade de melhorar a apresentação do evangelho, quando essa for de fato a proposta. Do contrário, atenda ao apelo do pastor: “Financie a minha incompetência. Deposite agora mesmo a sua contribuição”.

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